Opinião
Há quem só tome conhecimento
Por momentos veio de novo aquele número mágico: 61.893. Não é um número redondo, daqueles que perduram, mas é grosso para o assunto. Paulo Portas mandou digitalizar 61.893 documentos antes de deixar o seu gabinete de ministro da Defesa – foi primeira pági
A coisa passou como outros barulhos que ameaçam grande mossa e se vaporizam por um processo de substituição – apesar de supostamente merecerem a atenção das autoridades. Quando julgávamos que nada de mais extraordinário viria do partido de homens puros que Portas lidera, eis que outra bizarria chega às primeiras páginas (“Expresso” e “Público”). Numa madrugada, a última que passou no seu gabinete de ministro do Turismo, Telmo Correia terá aviado com a sua letra cerca de 300 despachos. Este novo e fantástico episódio (é delicioso imaginar a última madrugada de Telmo enquanto ministro de Portas) conhece-se por escutas telefónicas a um terceiro homem, Abel Pinheiro, empresário que chegou a dirigir as finanças do partido. Quem conhece Paulo Portas e Abel Pinheiro só pode acreditar em Telmo Correia, o homem que ambos queriam ver na liderança do partido. Eis a confissão: “Não tomei qualquer decisão. Apenas ‘tomei conhecimento’ de um parecer da Inspecção-Geral de Jogos [em relação a um despacho sobre o edifício do Casino de Lisboa]”. Sócrates costuma dizer que o país não esquece aquele período e aquelas caras. É provável que se engane. Eles só tomaram conhecimento.
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