Jardim disse tudo de Sócrates e do seu Governo, utilizando a graçola para chegar ao insulto pessoal – arma que encontrou para combater a nova lei das finanças regionais e o ajustado “basta” de Sócrates. A espiral ofensiva culminou com a caracterização da oposição regional como “um bando de loucos” que ele, guardião das boas maneiras, se recusa a apresentar à sociedade. A investida foi devidamente enquadrada na preparação da visita do Presidente da República – num teste à capacidade de encaixe de Cavaco Silva. O afinco do Presidente – expresso em elogios ao homem e à obra – teve retorno no convite para o primeiro-ministro visitar oficialmente a região. Sócrates faz muito bem em deixar Jardim na lista de espera – não cedendo ao facilitismo com que regularmente são tratadas as atitudes rascas do líder madeirense. Alberto João Jardim é hoje um homem sem futuro político, confrontado com uma solidão que já não consegue disfarçar. É nessa procura de afecto que se enquadra uma eventual transferência para Lisboa. Veremos, então, o que pensa Manuela Ferreira Leite da prática política do seu rival. Sendo certo que há males que só se cortam à nascença.