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23 de Dezembro de 2010 às 11:56

23 de Outubro de 1984: Michael Buerk, jornalista da BBC, relata a partir dos campos de refugiados em Koram

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23 de Outubro de 1984: Michael Buerk, jornalista da BBC, relata a partir dos campos de refugiados em Koram, na Etiópia, uma "fome de proporções bíblicas". 40.000 pessoas, das quais 15.000 crianças (incluindo 7.000 bebés), condenadas à fome - uma criança ou um adulto morrem a cada vinte minutos. Nesse mesmo ano, Mengistu Haile Mariam, o chefe de estado etíope, decide alocar 46% do PIB da nação na criação do maior exército estacionado do continente Africano. Propósito? Controle das "diversas insurgências" que assolavam o país. Alguns navios de auxílio foram bloqueados nos portos julgados "em zonas controladas por rebeldes"; Koram, claro está, era uma delas. Um milhão de mortos foi o saldo final do desastre.

24 de Dezembro de 1984: o "single" "Do They Know It's Christmas?" dos "Band Aid" (constituídos por quase todos os artistas "pop" britânicos, de Boy George aos U2) ocupa o primeiro lugar dos "tops"; a reacção do público à arregimentação liderada por Bob Geldof foi colossal. O "single", que tinha sido gravado em 24 horas (!) e lançado a 24 de Novembro, entrou directo para o primeiro lugar, vendeu um milhão de cópias na primeira semana e ainda hoje é o "single" com mais rápido crescimento de vendas de toda a história da indústria discográfica britânica: três milhões de cópias vendidas, ainda antes do ano novo. Do outro lado do Atlântico, os "USA For Africa" (constituídos por quase todos os artistas "pop" americanos, de Michael Jackson a Bruce Springsteen) juntam 100 milhões de dólares com "We Are The World", sob a batuta do produtor Quincy Jones, e o olhar atento de colossos como Ray Charles.

13 de Julho de 1985, Estádio de Wembley, Londres, meio-dia em ponto: arranca o maior concerto da história, surpreendentes nove meses depois da notícia de Buerk na BBC. Consagrando a natureza global por detrás do conceito de produção original, Phil Collins há-de voar no Concorde nesse fim de tarde e com as graças da velocidade do som e do fuso horário, chegar a horas a Filadélfia para participar na metade Americana deste espectáculo de "cast" incontável. 2.000.000.000 de espectadores em 60 países assistiram àquela que foi uma das maiores transmissões via satélite de sempre. O guia "Radio Times" chamou-lhe a "jukebox global", Bob Geldof chamou-lhe Live Aid.

Claro que apesar dos milhões conseguidos em apoios, a fome em África e no mundo continuam porque a caridade não chega para resolver os problemas dos Homens. Mas durante aquelas horas, celebrou-se não a globalização como exploração exaustiva dos défices, dos recursos e da mão-de-obra em saldos em nome do mercado e do "comércio internacional", mas sim como consciência planetária de algo ancestral que nos é comum a todos, e que nos há de proteger de nós próprios.
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