Opinião
Exportar
O FMI diz-nos que, analisado o crescimento do PIB na última década em 180 países, Portugal surge colocado no 178º lugar.
Um dos principais problemas do País, além do excessivo endividamento externo e interno e da necessidade de reequilibrar as finanças públicas, reside na baixa produtividade que afecta a nossa competitividade internacional e dificulta o crescimento das exportações. Aquela é o resultado da reduzida produtividade das pessoas e por isso das empresas, o que nos leva a uma fraca capacidade competitiva que afecta o crescimento do País.
Com um tecido empresarial composto essencialmente por micro e PME, um mercado interno pequeno que tem esgotada a sua capacidade de crescimento, em especial hoje quando se perspectiva uma quebra nos consumos público e privado, não restará outra alternativa às empresas nacionais que não seja virarem-se para os mercados externos. Para tal é necessário que estas estejam dotadas de uma boa capacidade competitiva para terem sucesso além fronteiras, pois à semelhança do que se passa por cá, também os nossos principais concorrentes estrangeiros visam aumentar a venda dos seus produtos nos mercados externos e desta forma competirem directamente connosco. A prova disso é o crescimento das exportações verificado na Zona Euro, as quais, segundo o Eurostat, registaram uma subida de 1% em Agosto face a Julho e de 31% face ao mesmo mês de 2009.
No actual quadro macroeconómico, o crescimento económico do País está indexado à capacidade de crescimento das exportações nacionais, daí que seja determinante que as empresas nacionais definam estratégias de exportação e internacionalização, não desordenadamente, mas focando-se em mercados onde estão identificadas boas oportunidades de investimento e de venda dos seus produtos.
Esta ideia tem suporte no Orçamento do Estado para 2011 o qual aponta para um crescimento das exportações de 7.3%, sendo este um factor de crescimento da economia. O crescimento económico está neste momento refém do crescimento da actividade interna e externa das empresas e em especial das vendas externas.
O valor orçamental levanta dúvidas se analisarmos o histórico do crescimento das exportações portuguesas na última década. Segundo dados do Eurostat, de 2000 a 2005 as exportações cresceram em média em Portugal 3.2% e de 2005 a 2010 3.8%. São estes dados históricos que criam a dúvida, porém é imperativo este esforço de internacionalização.
Há contudo sinais animadores dado que no 1º trimestre deste ano as exportações cresceram 14.8% no período homólogo e no 2º trimestre 15.4%, acima por isso das previsões.
Neste quadro é determinante escolher os países para onde dirigir a oferta nacional. Segundo a AICEP só a Espanha, Alemanha, França e Reino Unido, foram responsáveis por cerca de 58% das exportações nacionais em 2009. De Janeiro a Maio de 2010, estes quatro países mantêm estas posições no peso das exportações, com destaque para Espanha, que acomodou 27.2% do que vendemos ao exterior (acima dos 26.9% do mesmo período do ano anterior).
Angola destaca-se fora dos países da Europa em 5º lugar e com um peso de 7.2% no ano de 2009, acima dos EUA, que representaram 3.3%, no 8º lugar. Há outros países relevantes para a internacionalização portuguesa e que registam casos de sucesso.
O Brasil (onde as exportações atingiram em 2009 apenas 295 milhões de Euros - que compara com os 8 mil milhões de euros para Espanha), a Venezuela, os países do Magrebe, como Marrocos, Argélia e Tunísia, a Líbia e o Dubai. Em todos há presença empresarial portuguesa com sucesso, onde os empresários são bem recebidos e reconhecida a qualidade do seu trabalho.
Destaca-se o Brasil por revelar um enorme potencial de crescimento para os negócios nacionais em face dos investimentos na organização do campeonato do Mundo de futebol em 2014 e dos jogos olímpicos em 2016. Além da construção, verifica-se já um investimento português importante nos sectores turístico e de energia.
Quanto aos países lusófonos, estes são incontornáveis para as empresas nacionais. Além de Angola, há Moçambique e Cabo Verde, os quais revelam um potencial de crescimento importante para a oferta e tecnologia das nossas empresas, onde a sua presença é já significativa e nos quais os factores de confiança empresarial se destacam, resultantes quer da relação histórica passada, da obra realizada, das afinidades culturais ou da língua comum.
Assim, é necessário proporcionar às 25 mil empresas exportadoras e às outras que ainda não o são, alguns apoios não apenas pela via subsidiária e que se mostram indispensáveis para que as empresas possam lidar com os constrangimentos financeiros, humanos, políticos ou legais que irão enfrentar, pois as dificuldades são muitas. Os bancos podem ajudar a elaborar planos de negócio e de investimento, orientando para o modelo mais adequado de financiamento; a AICEP a identificar os melhores mercados com oportunidades e ajudar na interpretação das leis do investimento externo; o IAPMEI a definir as estruturas de gestão e marketing internacional ajustadas às suas estratégias.
O Estado, como garante do risco, deve manter os instrumentos de apoio indirectos existentes e desenvolver outros e que podem passar por: garantir aos bancos o risco de empréstimos ao investimento internacional nos mercados prioritários; bonificar juros aos mesmos; acordar flexibilizar prazos de reembolso; incrementar os seguros de crédito; gerir adequadamente, supervisionando, as linhas de apoio existentes no âmbito do programa PME Investe. Num País com veia inovadora, onde as micro empresas tecnológicas estão como nunca a afirmar-se no exterior, parece-nos adequado programas como o Sistema de Incentivos Fiscais à Investigação e Desenvolvimento que contempla deduções fiscais às actividades de I&D.
Economista
Direcção do FRES - Fórum de Reflexão Económica e Social
Com um tecido empresarial composto essencialmente por micro e PME, um mercado interno pequeno que tem esgotada a sua capacidade de crescimento, em especial hoje quando se perspectiva uma quebra nos consumos público e privado, não restará outra alternativa às empresas nacionais que não seja virarem-se para os mercados externos. Para tal é necessário que estas estejam dotadas de uma boa capacidade competitiva para terem sucesso além fronteiras, pois à semelhança do que se passa por cá, também os nossos principais concorrentes estrangeiros visam aumentar a venda dos seus produtos nos mercados externos e desta forma competirem directamente connosco. A prova disso é o crescimento das exportações verificado na Zona Euro, as quais, segundo o Eurostat, registaram uma subida de 1% em Agosto face a Julho e de 31% face ao mesmo mês de 2009.
Esta ideia tem suporte no Orçamento do Estado para 2011 o qual aponta para um crescimento das exportações de 7.3%, sendo este um factor de crescimento da economia. O crescimento económico está neste momento refém do crescimento da actividade interna e externa das empresas e em especial das vendas externas.
O valor orçamental levanta dúvidas se analisarmos o histórico do crescimento das exportações portuguesas na última década. Segundo dados do Eurostat, de 2000 a 2005 as exportações cresceram em média em Portugal 3.2% e de 2005 a 2010 3.8%. São estes dados históricos que criam a dúvida, porém é imperativo este esforço de internacionalização.
Há contudo sinais animadores dado que no 1º trimestre deste ano as exportações cresceram 14.8% no período homólogo e no 2º trimestre 15.4%, acima por isso das previsões.
Neste quadro é determinante escolher os países para onde dirigir a oferta nacional. Segundo a AICEP só a Espanha, Alemanha, França e Reino Unido, foram responsáveis por cerca de 58% das exportações nacionais em 2009. De Janeiro a Maio de 2010, estes quatro países mantêm estas posições no peso das exportações, com destaque para Espanha, que acomodou 27.2% do que vendemos ao exterior (acima dos 26.9% do mesmo período do ano anterior).
Angola destaca-se fora dos países da Europa em 5º lugar e com um peso de 7.2% no ano de 2009, acima dos EUA, que representaram 3.3%, no 8º lugar. Há outros países relevantes para a internacionalização portuguesa e que registam casos de sucesso.
O Brasil (onde as exportações atingiram em 2009 apenas 295 milhões de Euros - que compara com os 8 mil milhões de euros para Espanha), a Venezuela, os países do Magrebe, como Marrocos, Argélia e Tunísia, a Líbia e o Dubai. Em todos há presença empresarial portuguesa com sucesso, onde os empresários são bem recebidos e reconhecida a qualidade do seu trabalho.
Destaca-se o Brasil por revelar um enorme potencial de crescimento para os negócios nacionais em face dos investimentos na organização do campeonato do Mundo de futebol em 2014 e dos jogos olímpicos em 2016. Além da construção, verifica-se já um investimento português importante nos sectores turístico e de energia.
Quanto aos países lusófonos, estes são incontornáveis para as empresas nacionais. Além de Angola, há Moçambique e Cabo Verde, os quais revelam um potencial de crescimento importante para a oferta e tecnologia das nossas empresas, onde a sua presença é já significativa e nos quais os factores de confiança empresarial se destacam, resultantes quer da relação histórica passada, da obra realizada, das afinidades culturais ou da língua comum.
Assim, é necessário proporcionar às 25 mil empresas exportadoras e às outras que ainda não o são, alguns apoios não apenas pela via subsidiária e que se mostram indispensáveis para que as empresas possam lidar com os constrangimentos financeiros, humanos, políticos ou legais que irão enfrentar, pois as dificuldades são muitas. Os bancos podem ajudar a elaborar planos de negócio e de investimento, orientando para o modelo mais adequado de financiamento; a AICEP a identificar os melhores mercados com oportunidades e ajudar na interpretação das leis do investimento externo; o IAPMEI a definir as estruturas de gestão e marketing internacional ajustadas às suas estratégias.
O Estado, como garante do risco, deve manter os instrumentos de apoio indirectos existentes e desenvolver outros e que podem passar por: garantir aos bancos o risco de empréstimos ao investimento internacional nos mercados prioritários; bonificar juros aos mesmos; acordar flexibilizar prazos de reembolso; incrementar os seguros de crédito; gerir adequadamente, supervisionando, as linhas de apoio existentes no âmbito do programa PME Investe. Num País com veia inovadora, onde as micro empresas tecnológicas estão como nunca a afirmar-se no exterior, parece-nos adequado programas como o Sistema de Incentivos Fiscais à Investigação e Desenvolvimento que contempla deduções fiscais às actividades de I&D.
Economista
Direcção do FRES - Fórum de Reflexão Económica e Social
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