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Opinião
23 de Novembro de 2007 às 13:59

Estará o futuro da gestão na gestão do futuro?

Gary Hammel, o conhecido guru da Gestão, acaba de lançar através da Harvard Business Press o seu último grande livro, “The Future of Management” e as reacções não se têm feito esperar. Haverá de facto Futuro para a Gestão, ou já não se conseguirá reinvent

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Para Hammel há uma Oportunidade de Reinvenção e por isso impõe-se uma cultura de mudança.  Em tempo de novas apostas, muito centradas no discurso nos Factores Dinâmicos de Competitividade, a “Gestão do Futuro “, de que nos fala Gary Hammel, tem um papel essencial a desempenhar. Sob pena de se adiar para sempre a ainda possível oportunidade de agarrar o futuro.

Os conhecidos baixos índices de “inovação estratégica” e a ausência de mecanismos centrais de “dinamização competitiva” têm dificultado o processo de afirmação dos diferentes protagonistas da “Gestão do Futuro”. Independentemente da riqueza do acto de afirmação individual da criatividade, numa sociedade do conhecimento, importa de forma clara “pôr em rede” os diferentes actores e dimensioná-los à escala duma participação global imperativa nos nossos tempos. Em tempo de aposta na Inovação Social e nas novas formas colaborativas como o Wikipedia, Facebook, MySpace, entre outros, o desafio da Gestão tem que se assumir sobretudo como um acto de cooperação permanente entre actores com visões diferentes e contributos complementares para a criação de valor na sociedade. 
         
Os Novos MBA

A sociedade civil tem nesta matéria um papel central. Os MBA e demais operacionais da Gestão, na sua diferença e no seu sucesso, são o resultado dum “tecido social” que se pretende voltado para um futuro permanente. Os índices de absorção positiva por parte da sociedade dos contributos inovadores destes protagonistas da “Gestão do Futuro”  passam muito pela estabilização de condições estruturais essenciais.  A matriz comportamental das sociedades mais clássicas é avessa ao risco, à aposta na inovação e à partilha de uma cultura de dinâmica positiva. Importa por isso que os Profissionais da Gestão consigam incutir no tecido social uma insatisfação permanente com uma falta de dinâmica incompatível com o capital de exigência dos permanentes fluxos de novidade a que a sociedade aspira. 

A falta de rigor e organização nos processos e nas decisões, sem respeito pelos factores “tempo” e “qualidade” já não é tolerável nos novos tempos globais. Não se poderá a pretexto de uma “lógica secular latina” mais admitir o não cumprimento dos horários, dos cronogramas  e dos objectivos. Não cumprir este paradigma é sinónimo de ineficácia e de incapacidade estrutural de poder vir a ser melhor. A ausência da prática de uma “cultura de cooperação” tem-se revelado mortífera para a sobrevivência das organizações. Nesta nova Sociedade voltada para a Gestão do Futuro sobrevive quem consegue ter escala e participar, com valor, nas grandes Redes de Decisão.

Nesta Sociedade com Novos MBA, as Empresas, as Universidades, os Centros de Competência Políticos têm que protagonizar uma lógica de “cooperação positiva em competição” para evitar o desaparecimento. Querer cultivar a pequenez e aumentá-la numa envolvente já de si pequena é firmar um atestado de incapacidade e de falta de crença no futuro.  O paradigma da Gestão da Inovação de que nos fala Gary Hammel implica a capacidade permanente de compromisso entre um futuro que se quer e um futuro que se sabe que se vai conseguir. Por isso importa relevar o papel  dos novos MBA. Aqueles que, contrariamente ao que nos diz Mintzberg, têm de facto  algo a acrescentar em termos de valor à matriz social em que colectivamente nos movemos.

Gestão 2.0

A consolidação do novo papel da “Gestão do Futuro” nos novos tempos  passa em grande medida pela efectiva responsabilidade nesse processo dos diferentes actores envolvidos - Estado, Universidade e Empresas. No caso do Estado, no quadro do processo de reorganização em curso e de construção dum novo paradigma tendo como centro o cidadão-cliente, urge a operacionalização de uma atitude de mobilização activa e empreendedora da revolução do tecido social. A Reinvenção Estratégica do Estado terá que assentar numa base de confiança e cumplicidade estratégica entre os “actores empreendedores” que actuam do lado da oferta e os cidadãos que respondem pela procura – Criatividade & Inovação terão que ser aqui de forma sustentada as palavras que garantem uma lógica de sustentabilidade nos resultados a médio prazo.

No caso da Universidade, ela tem que se assumir como um Actor Global, capaz de transportar para a nossa matriz social a dinâmica imparável do conhecimento e de o transformar em activo transaccionável indutor da criação de riqueza. Cabe-lhe o papel de fazer convergir sobre si a capacidade de , através duma aposta cruzada permanente entre o Conhecimento e a Cultura, ser responsável pela formação de verdadeiros Cidadãos Globais, os tais que a sociedade precisa para afirmar a sua dimensão estratégica e competitiva a nível internacional. Quem está e quem sai da Universidade tem que dominar de forma activa o capital comum do conhecimento e da cultura como peças centrais da formação de cidadãos capazes de actuar em segurança e criatividade num mundo em permanente mudança.   

Cabe naturalmente às empresas um papel claramente mobilizador na afirmação da “Gestão do Futuro”. Pelo seu papel central na criação de riqueza e na promoção de um processo permanente de reengenharia de inovação nos sistemas, processos e produtos, será sempre das empresas que deverá emergir o “capital expectável” da distinção operativa e estratégica dos que conseguirão ter resultados com valor alavancado na competitiva cadeia do mercado. Aqui a tónica tem mais do que nunca que ser pragmática, como demonstra a evolução dos indicadores mais recentes divulgados no “World Competitiveness Report”. Convergência Operativa sinalizada em apostas concretas onde realmente vale a pena actuar, selecção objectiva de sectores onde há resultados concretos a trabalhar.
           
Um Contrato de Confiança

A Mensagem de Gary Hammel no seu “The Future of Management” não podia ser mais clara. A Nova Agenda discutida à volta da reinvenção estratégica da Gestão não deixa margens para dúvidas relativamente à urgência de equilibrar com convicção as tendências de evolução no optimismo pretendido no crescimento económico. É aqui que entra a “Gestão do Futuro”. Compete aos novos actores da Gestão da Inovação um papel decisivo na “intermediação operativa” entre os que estão no topo e os que estão na base da pirâmide. Só com um elevado “índice de capital intelectual” se conseguirá sustentar uma participação consistente na renovação do “modelo social” e na criação de plataformas de valor global sustentadas para os diferentes segmentos da sociedade.

Gary Hammel está mais do que nunca  actual entre nós. A “Gestão do Futuro” tem que se legitimar no tecido social como o verdadeiro instrumento capaz de garantir algum Futuro à Gestão. Num tempo novo, em que cada vez é mais difícil conciliar crescimento com estabilidade, coesão com competitividade, inovação com equilíbrio, importa um verdadeiro Contrato de Confiança Colectivo protagonizado pela vontade individual de querer, saber e conseguir estar presente na construção de um Futuro que começou já hoje.

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