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21 de Fevereiro de 2011 às 11:38

Como não tratar o jornalismo, a verdade e o desemprego

Camilo Lourenço, neste jornal, afirmou que o IEFP faz limpezas de ficheiros periodicamente.

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Toma assim como verdadeiros os panfletos dum conhecido membro economista do agitprop comunista, há quarenta anos, ex-deputado e ex-director geral em 1975, disseminadas agora pelo respectivo Partido e por membros duma central sindical. Pratica recorrente, aliás, sempre que o desemprego não sobe desmesuradamente.

Cada um toma como verdade e bebe as influências que quer, sem as avalizar. Muito menos me cabe entrar na discussão partidária. Cabe-me contudo defender a dignidade da instituição IEFP e dos seus trabalhadores.

Passando aos factos. O desemprego é elevado em Portugal, na Europa e na generalidade dos países industrializados do dito Ocidente. É o seu principal problema social. Em Portugal, o problema é grave, adicionalmente, porque muitos dos trabalhadores despedidos têm as mais baixas qualificações escolares, sem paralelo europeu, e, quando mais no modernizarmos, mais este problema se tornará evidente.

Ao longo de 2010 crescemos 1,4%. Próximo de 1,5% é de esperar que o desemprego estabilize e possa inverter. Os dados do IEFP traduziram assim esta realidade. E no último trimestre a economia abrandou (-0,3%). Em Janeiro o desemprego registado subiu em cadeia 2,9%.

No desemprego, os dados são compatíveis também com os do INE, nas variações, embora diferenciados nos valores absolutos. Há várias razões. Por exemplo, se observamos o INE, o desemprego por conta de outrem praticamente não se alterou em cadeia, entre os dois últimos trimestres, e aumentou à custa dos por conta própria.

No IEFP, repete-se, as anulações resultam dos contactos dos serviços com desempregados concretos, feitos por cerca de 1000 técnicos, individualmente, em função de regras claras, idênticas há três décadas e aprovadas pelo Parceiros Sociais. Manipulação, se existisse, teria de ser feita por estes trabalhadores em massa. E seria detectável por todos aqueles que têm acesso à base e facilmente identificáveis.

Pede-se assim que mostrem um único caso de pessoas que foram anuladas, sem razão, não ligada a qualquer falta de compromisso, e por ordem do Conselho Directivo. Um, ao menos um, quanto mais 600 mil num ano!

Os dados são, aliás, consistentes macroeconomicamente. Apenas dois exemplos.

Se se observar os inscritos adicionais, durante cada mês, logo sem qualquer intervenção dos Centros, homologamente, desde Novembro de 2009, têm vindo sempre a descer.

Todos os meses começam a pagar descontos para a Segurança Social, entre 85 e 90 mil pessoas, que se empregaram entretanto, e não o faziam no mês anterior. As anulações do IEFP, resultantes de várias razões (não comparências, auto-emprego, imigração, reforma, etc.), situam-se várias dezenas de milhares abaixo.

Em síntese, pede-se que não se utilize na luta partidária o enxovalho das instituições e dos seus trabalhadores. O Serviço Público de Emprego é fundamental para combater o desemprego.
Este é o principal problema do País, longe de estar ultrapassado. Sem crescimento acima de 1% é difícil inverter a situação.

Só é possível crescer economicamente e amortecer o impacte do ajustamento macroeconómico com políticas de apoio aos desempregados eficientes e determinadas, e não com processos de intenções como estes.


Presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional
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