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17 de Janeiro de 2005 às 13:59

China – a potência económica do séc XXI (V)

Com os outros parceiros comerciais, a China compra mais do que vende. Pode-se pois dizer que a China apresenta um excedente comercial com os EUA e com a UE e um défice comercial com o Resto do Mundo.

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27. Os Parceiros Comerciais da China

A China é já um grande «player» na economia global e um colosso comercial com um total de exportações e importações, em 2004, de 133 biliões (mil milhões) de USD.

Segundo a «Fortune», edição de Outubro de 2004, os 10 principais parceiros comerciais da China em 2003 eram os constantes do quadro 1, em baixo.

Se considerarmos o bloco da União Europeia (UE), este assume-se já como segundo maior parceiro comercial da China, tendo-se assistido a um crescimento exponencial do comércio com a China, bem visível no quadro 2 em baixo, retirado da Revista «Exame», Janeiro 2005.

A China tem um significativo excedente comercial com os EUA e a UE (não consideramos Hong Kong dado não ser uma país mas uma região especial da República da China). Com os outros parceiros comerciais, a China compra mais do que vende. Pode-se pois dizer que a China apresenta um excedente comercial com os EUA e com a UE e um défice comercial com o Resto do Mundo. Daí a importância que os americanos dão à taxa de câmbio entre o dólar e a divisa chinesa, pretendendo a sua reavaliação, como forma de diminuir o défice americano, como aliás já referimos nesta série de artigos. Quanto à UE, esta pretende reequilibrar a situação através de compras chinesas à industria europeia nos sectores da construção civil, aeronáutica, comboios e energia.

Vê-se também a predominância da indústria electrónica no comércio externo chinês. De notar também a ligação da indústria automóvel alemã à China na exportação de veículos, no que acompanha a presença das OEM’s alemãs na China, designadamente da Wolkswagen, que está em joint venture com a GM e os chineses na Shangai Automotive Industry Corp. (SAIC). Esta pretende, aliás, tornar-se na próxima grande companhia mundial de automóveis.

De notar também o perfil do relacionamento da Rússia com a China, típico de um país como a Rússia que ainda exporta energia e matérias primas e não produtos industriais com valor acrescentado para os mercados mundiais.

No que toca à UE, o crescimento das relações implicou uma duplicação do défice comercial da UE com a China.

Quanto a Portugal, conseguimos reduzir ligeiramente o nosso défice comercial com a China entre 1999 e 2003.

28. A China e as Empresas Portuguesas de Têxteis, Vestuário e Calçado

De todo o pacote de adesão à Organização Mundial do Comércio (OMC), o que terá efeitos mais visíveis a curto prazo é a liberalização completa do sector têxtil, com a extinção das quotas de exportação, após a abolição do acordo Multifibras (MFA).

Pensa-se que as exportações de confecções da China crescerão 375% e que a sua quota de mercado mundial será em 2005-2006 de cerca de 47% contra 19,5% em 1995. 50% dessas exportações são feitas por empresas com capital estrangeiro.

Não são apenas os baixos salários a atrair o IDE. A produtividade da mão de obra e a qualidade estão a aumentar na China.

Por outro lado, as empresas chinesas estão também a adquirir tecnologia estrangeira e por via disso, a sua produtividade e qualidade também aumentam

Após o acordo com a OMC, o IDE já não precisará de JV’s. Poderá investir directamente.

Para fazer face ao aumento da produção, aumentará cerca de 272% a importação de tecidos. A China será assim um grande exportador e um grande importador, uma vez que com o acordo da OMC, o mercado chinês será aberto aos produtos estrangeiros.

Os efeitos sobre as empresas portuguesas serão de vários tipos:

– Todos os nossos concorrentes que se aprovisionam ou produzem na China, beneficiarão de custos mais baixos e conseguirão por aí ameaçarem-nos na competitividade - preço;

– As empresas portuguesas com cadeias de valor competitivas poderão ver na China uma oportunidade quer de investimento para produzir mais barato, quer de mercado, à semelhança dos seus congéneres internacionais;

– Para as nossas empresas sem essas cadeias de valor e para as que eram meras plataformas manufactureiras, aChina é uma séria ameaça;

– No que toca ao calçado, os efeitos não serão tão grandes neste momento pois aí não havia um MFA que protegia os produtores ocidentais, mas a progressão chinesa continuará de acordo com as tendências do passado recente.

A China é actualmente responsável por 53,3% de produção mundial de calçado (aprox. 6500 Milhões pares / ano) exportando 3900 Milhões de pares / ano para os seguintes mercados:

Portugal, com exportações de 90 Milhões de pares / ano, é o nono exportador mundial.

Para as empresas portuguesas de calçado, aplicam-se exactamente as mesmas considerações do sector do vestuário no que toca ao seu posicionamento estratégico em relação à China.

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