Opinião
Alerta laranja nos investimentos. Para onde fugir?
"Para sairmos da 'fossa' em que caímos, carecemos de investir; mas para investir sem nos endividarmos, precisamos de poupar; e para poupar é imperativo estimular quem poupa".
Já fomos dos melhores; hoje somos dos piores. Estamos mal e como nunca estivemos (desde que há estatísticas), em termos de poupança.
Como se não bastasse, estamos também mal em termos das oportunidades que se oferecem para rendibilizar o que se vai poupando; para defender o que já se poupou; para transmitir à geração seguinte o que com tanta esperança nos foi legado pelas gerações anteriores.
Porquê então poupar, se a recompensa do que se poupa não tem comparação no presente com o que foi no passado ou, "ainda pior a emenda do que o soneto" como o Bocage voltaria do túmulo a repetir, se as previsões para o futuro são, para mais, preocupantes?
Será antes assim preferível não deixar para amanhã o consumo que se pode fazer hoje?
Resistir no consumo, contra-atacar nos investimentos
A cada um de decidir, mas a todos nós de não olvidar a sabedoria do passado. É necessário pensar-se com La Fontaine, não como cigarras que imprevidentemente tudo gastam, mas como formigas que prudentemente acautelam o futuro, acumulando-se reservas para emergências; para se complementar reformas incertas no tempo e no valor; para educar e apoiar quem nos há de continuar; para manter a esperança de vir a concretizar sonhos de uma vida.
E, se hoje as recompensas nos investimentos para quem poupa, não são o que foram nos tempos da "belle époque" finda em 2008 - também não se esfumaram para sempre nos horizontes do presente.
Noite sempre mais escura antes do amanhecer
É da história dos Homens e dos mercados de capitais que muitas vezes, quanto pior no presente…melhor no futuro!
É verdade que dificilmente a noite poderia ser mais escura: a taxa de juro, segundo o Banco de Inglaterra, nunca foi tão baixa nos últimos 5000 anos e a sua eventual subida vai gerar menos valias na "boia de salvação " das obrigações; os depósitos já não são (juros e o que ocorreu em Chipre), o indiscutível "porto de abrigo" de viúvas e órfãos; o "salva vidas" das ações oferece (McKinsey) perspetivas de rendibilidade a 20 anos de apenas 4 a 6.5% nos EUA e de 4.5 a 6% na UE; há no horizonte riscos de bolhas especulativas, como o presidente cessante da CMVM alertou, etc.
Mas a vida não para e não secaram "ex abrupto" as fontes de rendibilidades supranormais compensatórias de tempos de "vacas magras". Apenas se registaram migrações para outras paragens, e aos investidores e a quem os serve, de as explorar - com prudência, mas com a garra que, ao menos valha-nos isso, nunca escasseou aos Portugueses.
Evoque-se a recente emergência dos "Betas inteligentes" com a combinação do melhor dos dois mundos da gestão passiva e dinâmica, e cite-se o novo fôlego conquistado pelo que só por si justificaria a gestão de ativos: a diversificação. Com a globalização, a eficácia do único "almoço grátis" dos mercados, minguou, como o "terramoto" financeiro de 2008 o evidenciou. Mas o valor do mesmo também é função do número de instrumentos envolvidos. Ora a recente revolução dos ETFs (quase 5 milhares no momento presente; previsões de captação de capitais a ritmo duplo dos tradicionais fundos de investimento; espetacular redução de custos de transação), veio insuflar nova vida à possibilidade de captar prémios de risco e converter positivamente em acréscimos de rendibilidade as volatilidades negativas dos mercados.
Fogo com todas as peças
Com os ETFS viabilizou-se o aproveitamento do que, desde Sharp e Brinson, se evidenciou como os principais motores do sucesso nos investimentos.
De fato os ETFs possibilitam garimpar ativamente e captar passivamente prémios de rendibilidade por tipo de ativos, por países, por setores, por estilos de investimento, por estratégias, por fatores de sucesso (Momentum, Valor, Qualidade, Dimensão).
Tal pode-se traduzir-se na oportunidade de uma significativa melhoria de resultados, e na possibilidade de um inteligente aproveitamento para investimentos, na linha do sugerido por Keller professor da universidade de Amesterdão como alternativa aos depósitos, e uma tentativa de "fazer fogo com todas as peças" do arsenal da gestão de ativos.
A estratégia de Keller, significativamente designada por "Protective Asset Allocation", foi realisticamente testada "out of sample" no período de 1993 a 2015, e proporcionou um retorno anualizada de 10.5%. O seu objetivo assumido é o da consecução de uma rendibilidade simultaneamente estimulante e, com probabilidade de 95%, nunca negativa em qualquer ano.
Estimular quem poupa, apoiar quem investe
O nosso País encontra-se em difícil situação crescendo a ritmo anémico; com desemprego nos últimos anos desconhecido na memória das gerações vivas; com um nível de dívida pública em relação ao Pib já superior ao que levou à bancarrota no tempo de D. Carlos; com uma taxa de poupança possivelmente insuficiente para manter intacto e fazer crescer o património herdado.
Para sairmos da "fossa" em que voltámos a cair, carecemos (como pão para a boca) de investir; mas para investir sem nos endividarmos ainda mais, precisamos de poupar; e para poupar é imperativo estimular quem poupa, oferecendo remuneração compensatória do inerente sacrifício. Tal é hoje tão difícil, como seria no antanho uma "lança em Africa"; mas, não é infactível e cremos estar ao alcance dos nossos melhores da gestão de ativos.
Estes últimos têm reconhecidamente reservas de criatividade qb. como o têm demonstrado os que seguiram os caminhos da emigração. Apenas não deixará de ser relevante que: fruam de direção refletindo em prioridade aos interesses de quem os emprega, os interesses dos clientes dos seus produtos, como manda a lei; que não sejam tratados à Pôncio Pilatos ou "para inglês ver", desideratos de transparência na divulgação de riscos; que as comissões cobradas reflitam os custos incorridos, e não privilégios de oligopólio, ou objetivos de maquilhagem de ineficiências; que se invista menos em atividades de autopromoção e mais na criação de novos produtos de qualidade e na formação de quem os vende (até por interesse próprio em antecipação ao "tsunami" que aí vem de concorrência estrangeira, a partir de 2018).
Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.
Como se não bastasse, estamos também mal em termos das oportunidades que se oferecem para rendibilizar o que se vai poupando; para defender o que já se poupou; para transmitir à geração seguinte o que com tanta esperança nos foi legado pelas gerações anteriores.
Será antes assim preferível não deixar para amanhã o consumo que se pode fazer hoje?
Resistir no consumo, contra-atacar nos investimentos
A cada um de decidir, mas a todos nós de não olvidar a sabedoria do passado. É necessário pensar-se com La Fontaine, não como cigarras que imprevidentemente tudo gastam, mas como formigas que prudentemente acautelam o futuro, acumulando-se reservas para emergências; para se complementar reformas incertas no tempo e no valor; para educar e apoiar quem nos há de continuar; para manter a esperança de vir a concretizar sonhos de uma vida.
E, se hoje as recompensas nos investimentos para quem poupa, não são o que foram nos tempos da "belle époque" finda em 2008 - também não se esfumaram para sempre nos horizontes do presente.
Noite sempre mais escura antes do amanhecer
É da história dos Homens e dos mercados de capitais que muitas vezes, quanto pior no presente…melhor no futuro!
É verdade que dificilmente a noite poderia ser mais escura: a taxa de juro, segundo o Banco de Inglaterra, nunca foi tão baixa nos últimos 5000 anos e a sua eventual subida vai gerar menos valias na "boia de salvação " das obrigações; os depósitos já não são (juros e o que ocorreu em Chipre), o indiscutível "porto de abrigo" de viúvas e órfãos; o "salva vidas" das ações oferece (McKinsey) perspetivas de rendibilidade a 20 anos de apenas 4 a 6.5% nos EUA e de 4.5 a 6% na UE; há no horizonte riscos de bolhas especulativas, como o presidente cessante da CMVM alertou, etc.
Mas a vida não para e não secaram "ex abrupto" as fontes de rendibilidades supranormais compensatórias de tempos de "vacas magras". Apenas se registaram migrações para outras paragens, e aos investidores e a quem os serve, de as explorar - com prudência, mas com a garra que, ao menos valha-nos isso, nunca escasseou aos Portugueses.
Evoque-se a recente emergência dos "Betas inteligentes" com a combinação do melhor dos dois mundos da gestão passiva e dinâmica, e cite-se o novo fôlego conquistado pelo que só por si justificaria a gestão de ativos: a diversificação. Com a globalização, a eficácia do único "almoço grátis" dos mercados, minguou, como o "terramoto" financeiro de 2008 o evidenciou. Mas o valor do mesmo também é função do número de instrumentos envolvidos. Ora a recente revolução dos ETFs (quase 5 milhares no momento presente; previsões de captação de capitais a ritmo duplo dos tradicionais fundos de investimento; espetacular redução de custos de transação), veio insuflar nova vida à possibilidade de captar prémios de risco e converter positivamente em acréscimos de rendibilidade as volatilidades negativas dos mercados.
Fogo com todas as peças
Com os ETFS viabilizou-se o aproveitamento do que, desde Sharp e Brinson, se evidenciou como os principais motores do sucesso nos investimentos.
De fato os ETFs possibilitam garimpar ativamente e captar passivamente prémios de rendibilidade por tipo de ativos, por países, por setores, por estilos de investimento, por estratégias, por fatores de sucesso (Momentum, Valor, Qualidade, Dimensão).
Tal pode-se traduzir-se na oportunidade de uma significativa melhoria de resultados, e na possibilidade de um inteligente aproveitamento para investimentos, na linha do sugerido por Keller professor da universidade de Amesterdão como alternativa aos depósitos, e uma tentativa de "fazer fogo com todas as peças" do arsenal da gestão de ativos.
A estratégia de Keller, significativamente designada por "Protective Asset Allocation", foi realisticamente testada "out of sample" no período de 1993 a 2015, e proporcionou um retorno anualizada de 10.5%. O seu objetivo assumido é o da consecução de uma rendibilidade simultaneamente estimulante e, com probabilidade de 95%, nunca negativa em qualquer ano.
Estimular quem poupa, apoiar quem investe
O nosso País encontra-se em difícil situação crescendo a ritmo anémico; com desemprego nos últimos anos desconhecido na memória das gerações vivas; com um nível de dívida pública em relação ao Pib já superior ao que levou à bancarrota no tempo de D. Carlos; com uma taxa de poupança possivelmente insuficiente para manter intacto e fazer crescer o património herdado.
Para sairmos da "fossa" em que voltámos a cair, carecemos (como pão para a boca) de investir; mas para investir sem nos endividarmos ainda mais, precisamos de poupar; e para poupar é imperativo estimular quem poupa, oferecendo remuneração compensatória do inerente sacrifício. Tal é hoje tão difícil, como seria no antanho uma "lança em Africa"; mas, não é infactível e cremos estar ao alcance dos nossos melhores da gestão de ativos.
Estes últimos têm reconhecidamente reservas de criatividade qb. como o têm demonstrado os que seguiram os caminhos da emigração. Apenas não deixará de ser relevante que: fruam de direção refletindo em prioridade aos interesses de quem os emprega, os interesses dos clientes dos seus produtos, como manda a lei; que não sejam tratados à Pôncio Pilatos ou "para inglês ver", desideratos de transparência na divulgação de riscos; que as comissões cobradas reflitam os custos incorridos, e não privilégios de oligopólio, ou objetivos de maquilhagem de ineficiências; que se invista menos em atividades de autopromoção e mais na criação de novos produtos de qualidade e na formação de quem os vende (até por interesse próprio em antecipação ao "tsunami" que aí vem de concorrência estrangeira, a partir de 2018).
Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.
Mais artigos de Opinião
Gestão de ativos ao serviço dos portugueses
06.04.2018
Incentivar poupança
15.11.2017
Revolução na gestão de ativos
26.04.2017
Estimular poupança via gestão de ativos
11.09.2016