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15 de Março de 2005 às 13:59

A «maldição» do IVA

Estranha parece ser a relação entre os aumentos nas taxas do IVA - o «tesouro sagrado» de qualquer Orçamento de Estado - e a longevidade no cargo dos nossos Ministros das Finanças e respectivos Governos.

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Em 1328 A.C. o governo do Egipto recaiu sobre um dos soberanos mais famosos da História, o célebre Tutankhamon, personagem que exerce(u) sobre a Humanidade um verdadeiro fascínio desde o momento em que foi descoberto o seu túmulo no Vale dos Reis, conforme rezam as crónicas e os compêndios.

Mas, ao que parece, o faraó mais famoso do mundo, nem sequer chegou a ter tempo para demonstrar se possuía as qualidades que fazem com que qualquer pessoa seja considerada «única e extraordinária»: não foi um valente guerreiro, nem um estratega hábil, nem sequer um homem de Estado singular. O que, feliz ou infelizmente, vem também sendo comum a muitos dos nossos políticos...

O seu reinado foi breve e o destino não lhe deu oportunidade para desempenhar o papel de monarca; sabe-se, apenas, que se empenhou em devolver o primitivo esplendor aos templos das antigas divindades egípcias que, no período anterior à sua ascensão ao poder tinham sido completamente abandonadas. Algo, aliás, que também frequentemente se pede a um novo primeiro-ministro ou a um neófito ministro das finanças...

Tutankhamon viria a falecer cerca do ano de 1318 A.C. por causas ainda desconhecidas: alguns sugerem a hipótese de uma conspiração palaciana, pelo que, de acordo com estas hipóteses, a morte do faraó teria sido causada por traumatismo craniano provocado pelos seus inimigos («cruzes, canhoto»!) Talvez por tudo isso uma maldição parece recair sobre todos aqueles que ousa(ra)m perturbar o repouso do faraó! Foi assim com lorde Carnarvon, arqueólogo que descobriu o seu túmulo em 1922, e com pessoas que lhe foram próximas em tal expedição, como A. Mace, G. Gould, R. Bethell, J. Wool, R. Adamson, etc., etc. Como diriam os nossos vizinhos espanhóis: «pero que las hay, hay!»

Por esta altura os nossos leitores interrogar-se-ão: Enganei-me na crónica? É erro de paginação? Ou, o que tem isto a ver com o IVA?

A verdade é que sendo, no caso de Tutankhamon, difícil encontrar uma explicação lógica para tantas mortes, também estranha parece ser a relação entre os aumentos nas taxas do IVA - o «tesouro sagrado» de qualquer Orçamento de Estado - e a longevidade no cargo dos nossos Ministros das Finanças e respectivos Governos. Se não vejamos:

- em 1989, a taxa normal do IVA foi aumentada de 16% para 17%: O ministro Miguel Cadilhe deixa o executivo em1990!;

- em 1992, o ministro Prof. Braga de Macedo procedeu a profunda alteração nas isenções e taxas do IVA: foi remodelado no final do ano de 1993!;

- em 1995, ocorre de novo uma subida de 1 ponto percentual na taxa normal: O governo do Prof. Cavaco Silva e com ele o ministro Eduardo Catroga perdem as eleições legislativas desse ano!

- a meio de 2002, a ministra Manuela Ferreira Leite aumenta de 17% para 19% a taxa normal do IVA, e sai do governo dois anos depois, após a «fuga» do primeiro-ministro Durão Barroso.

São, seguramente, coincidências a mais!

Pelo que daqui lhe dizemos com preocupação: Tenha cuidado com a «maldição» do IVA, Sr. Ministro das Finanças!

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