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20 de Novembro de 2012 às 23:30

A face oculta do desemprego

Vista por outro prisma, a população empregada diminuiu nos últimos 12 meses a uma média diária de 540 pessoas.

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A estatística é um importante instrumento de avaliação, mas por vezes omite o essencial. Na abordagem do desemprego, isso é mais evidente.

O desemprego não é só uma realidade simetricamente oposta a ter emprego. A sua medida aritmética é apenas a parte visível da face mais oculta que reside numa estigmatização individual de consequências negativas quer do ponto de vista psicológico, quer de estabilidade familiar e de aumento da pobreza potencial ou real.

O desemprego não se esgota nos modelos económicos. É um assunto de gente. Logo de dignidade humana.

Algumas expressões parcelares da taxa de desemprego têm evidenciado que há grupos ou situações mais penalizados.

A taxa de desemprego juvenil chegou aos 39% quando antes da crise era de 18%. 137 mil desempregados licenciados não conseguem encontrar um emprego. Os desempregados de longa duração atingem já 56% do total e o desemprego das pessoas com mais de 45 anos de idade (260 mil) é 30% do total. A incidência social deste grupo de desempregados é tendencialmente mais grave dada a sua maior rigidez face ao mercado laboral: são "velhos" para reentrarem no mercado e "jovens" para se reformarem.

Se juntarmos as pessoas inactivas que, embora disponíveis para trabalhar desistiram de procurar activamente trabalho, o desemprego atinge 1,120 milhões de pessoas. Ou seja, uma taxa de 20,3%! Isto sem contar com o subemprego de parte dos trabalhadores a tempo parcial (247 mil).

Vista por outro prisma, a população empregada diminuiu nos últimos 12 meses a uma média diária de 540 pessoas.

O aumento brutal de impostos retirando recursos às famílias é um factor potenciador do desemprego. Mesmo havendo políticas activas de emprego que mais não são do que um modesto, mas caro paliativo.

Economista e ex-ministro das Finanças em governo PSD/CDS

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