Opinião
Ar fresco
Imaginem um Parlamento com o partido livre, com a iniciativa liberal, com a aliança, entre outros. São muitos partidos? Pois talvez. Mas é melhor do que serem sempre os mesmos.
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2. A generalidade dos sistemas partidários europeus tem sofrido alterações significativas. Atente-se no que se passa em Espanha, no Reino Unido, em França, na Alemanha, em Itália, na Holanda, entre outros exemplos, para se perceber como os eleitores desses países foram coerentes entre aquilo que diziam sentir e aquilo que decidiram no voto. Em Espanha, um sistema que era praticamente de 2 partidos passou a ser um sistema multipartidário de 6 partidos médios e vários pequenos; em França, também, por exemplo, um partido novo "esfrangalhou todos aqueles que existiam".
3. Em Portugal, como será? É inequívoco que a generalidade dos portugueses exprime saturação pelo que se passa na vida política. Os atuais partidos já não sabem o que hão de fazer à vida, tantas são as situações insólitas em que se veem envolvidos. Acresce que, desde as eleições de 2015, o sistema partidário ficou como que bloqueado no que respeita à criação de uma alternativa viável. Na verdade, os partidos desenham sempre as suas estratégias também em função da configuração e das regras de funcionamento do sistema partidário. A partir de 2015, e não havendo coligação "à direita", o PS tende a ser sempre governo. O sistema precisa de mais partidos à direita para ficar equilibrado. Pelo menos de mais um.
4. Em quase tudo na vida, há fórmulas gastas e muitas vezes é preciso mudar. Não comparando, às vezes é preciso mudar de carro, é preciso mudar de casa, é preciso mudar de país de residência, é preciso mudar de emprego. Os partidos não são famílias, e também não são clubes desportivos. Os clubes são organizações. Fará bem ao sistema político português ter novas entidades a promover novas soluções, novas políticas, novos rostos, novos entendimentos, novos argumentos, novas propostas. São precisos novos partidos de uma nova era em que não seja sequer concebível ou imaginável ser tolerado que alguém assine uma folha de presença em nome de outra pessoa. Há situações que nunca deviam existir, mas que ainda são menos toleradas no tempo que vivemos. Imaginem um Parlamento com o partido Livre, com a Iniciativa Liberal, com a Aliança, entre outros. São muitos partidos? Pois talvez. Mas é melhor do que serem sempre os mesmos.
Os dois debates que tiveram lugar na SIC, um só com partidos antigos e outro que incluiu os novos partidos, foram bem elucidativos sobre aquilo que aqui preconizo.
Advogado