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19 de Outubro de 2020 às 20:33

Ópera bufa

Temos de combater a pobreza do desemprego e da crise pandémica, nos setores atingidos. No entanto, a obsessão assistencialista esquece que o melhor combate à exclusão social é o emprego.

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A FRASE...

 

"Não creio que haja condições para viabilizar a proposta de Orçamento."

Catarina Martins, Negócios, 12 de outubro de 2020

 

A ANÁLISE...

 

Na lenda, Fausto negoceia com o Diabo, na forma de Mefistófeles, para lhe entregar a alma em troca duma boa vida. Nos finais de 2015, António Costa assumiu o papel de Fausto, tendo o acordo como geringonça e o Diabo como… é seguir a história. Ora nós sabemos desde a infância que o Diabo é manhoso, com cheiro a enxofre, e reclama as suas almas quando lhe é conveniente. Na vida real, a extrema-esquerda que suporta o Governo, e suportará, exige que o Estado-bombeiro tome conta da área ardida, numa pulsão dirigista e estatizante, também do agrado socialista, mais Estado e rigidez laboral, mais perto duma União Soviética do que duma Alemanha. É distribuir por todos, sempre através do Estado, criando oportunas dependências e votos agradecidos, dando galinhas e hipotecando os frangos do amanhã. É resolver o desemprego através da simples proibição do despedimento, ou abrindo lugares no Estado, incluindo 600 novas freguesias. Uma tentação do Diabo…

 

Temos de combater a pobreza do desemprego e da crise pandémica, nos setores atingidos. No entanto, a obsessão assistencialista esquece que o melhor combate à exclusão social é o emprego. E quem o cria são as empresas, sustentadamente através de investimento com capital financiado pelos lucros, esse anátema mefistofélico. O trabalho dignifica as pessoas, a caridade estatal prolongada a quem pode trabalhar, não. Nem uma medida de apoio à capitalização das empresas, redução do IRC ou a eliminação de algumas das 4.300 taxas identificadas pela CIP. Nada. Mais Estado, socialista ou salazarista, o totalitarismo das ideias e o "bem" coletivo acima do indivíduo. Esse "bem" que tem trazido guerras e fome por onde tem passado.

 

E o que fazem os atores desta ópera bufa da política portuguesa? O Governo e os seus apoiantes cozinham sombras, de aprovação orçamental certa e desresponsabilização do Novo Banco, da TAP e de outras maldades órfãs, um PR quedo em sonhos eleitorais e um PSD meio morto, no TC, nas CCDR, etc., segurando o Governo e esperando a sua hora. Para quê? Quando este ciclo infernal terminar, o que restará da economia e das instituições? Apenas sombras e dependências. Mefistófeles apareceu e reclama o que lhe é devido.

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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