Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião
02 de Novembro de 2014 às 19:00

Testes de stress: boas ou más notícias?

O BCE (Banco Central Europeu) e o CABE (Comité das Autoridades Europeias de Supervisão Bancária) apresentaram este domingo os resultados aos testes de stress realizados a 130 bancos europeus.

  • ...

 

O relatório que combina uma revisão à qualidade dos activos que os bancos detêm nos seus balanços, com um teste de stress, disponibilizando informações detalhadas sobre os resultados financeiros, a composição do capital, exposição a dívidas soberanas, risco de crédito, securitização e os activos ponderados pelo risco, relativos a cada banco alvo desta análise.

 

Segundo um comunicado da Comissão Europeia, "tratou-se de um exercício sem precedentes em escala e entre os mais rigorosos do mundo".

 

A verdade é que os resultados apresentados apontam para que 25 dos 130 bancos alvo desta avaliação não reuniram condições para superar as metas mínimas definidas. 15 deles chumbaram num cenário de deterioração dos indicadores económicos e financeiros (9 bancos italianos, 3 gregos e 3 cipriotas), enquanto 10 bancos (1 austríaco, 1 alemão, 1 francês, 1 português - o MilleniumBCP, 2 belgas, 2 irlandeses e 2 eslovenos) apresentaram rácios de capital inferior ao mínimo exigido.

 

Dentro dos bancos que apresentam necessidades de recapitalização aparece em primeiro lugar, com a maior necessidade de recapitalização (2.100 milhões de euros), um banco italiano – Banca Monte dei Paschi di Siena - curiosamente o banco mais antigo do mundo. O reguladores afirmam que este terá de ser o montante de "novo capital" com que o banco terá de se reforçar, apesar de estarem cientes de que, este ano, a mesma instituição financeira, já realizou um aumento de capital de montante semelhante. Com este resultado, no dia que se seguiu ao anúncio, as acções do banco sofreram uma forte queda (20%), arrastando as cotações dos restantes bancos italianos.

 

A boa notícia é que dos 25 bancos que chumbaram, 12 já apresentaram medidas concretas, tendo inclusive já resolvido os problemas identificados - sendo um deles o MillenniumBCP, conforme informações veiculadas pelo próprio presidente, Nuno Amado. Os restantes bancos (13) terão agora duas semanas para apresentar soluções para os seus problemas e terão 9 meses para implementar essas mesmas soluções.

 

Estes resultados evidenciam uma clara pré-preparação dos bancos para um incremento provável nas exigências de capital por parte das entidades reguladoras, assim como um maior controlo e gestão do risco a nível interno.

 

Se por um lado a banca europeia, de um modo geral, tem aberto ligeira e progressivamente para a cedência de crédito à economia, as preocupações com a solidez dos seus balanços, futuras exigências dos reguladores e a baixa da actividade económica a nível europeu e mundial, leva a que o crescimento no crédito ainda não atinja os nível desejáveis para a economia real.

 

Deste exercício resultam três ideias claras:

 

1.º O sistema bancário europeu deu um passo importante para a uniformização de critérios na banca e consequentemente para a unificação regulatória e de supervisão;

 

2.º Estabilizados os restantes 13 bancos que ainda necessitam de recapitalização, o mercado europeu estará, certamente, em condições de continuar a recuperar o crescimento da cedência de crédito à economia, tornando-a mais em linha com a procura;

 

3.º Os resultados são genericamente positivos para a Europa e para a recuperação da confiança no sistema financeiro.

 

Economista

Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio