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Opinião
22 de Junho de 2016 às 19:20

Brexit

Todos estamos cientes de que o Reino Unido (RU) sempre se posicionou de forma diferente de todos os outros Estados-membros da União Europeia (UE).

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Desde a não adesão ao euro, à visão mais extremista no que às políticas de imigração respeita e até mesmo a um certo "independentismo" no que concerne à aplicação de determinadas normas europeias.

 

A divisão da população do RU no que à saída da UE respeita não advém somente de condicionalismos históricos vindos das terras de "Sua Majestade", mas também de receios quanto às consequências futuras que uma decisão desta magnitude pode ter na economia real e até mesmo, porque não, no "rating" do país.

 

Na perspetiva dos defensores da saída, que adotam um claro orgulho e nacionalismo exacerbado, sustentado segundo os mesmos, na força da economia britânica que, do seu ponto de vista, estará melhor fora da UE, quer pela independência nas decisões, como na rapidez e eficiência na tomada das mesmas, no que a eventuais acordos comerciais com outras nações (EUA, China, etc., indicam estes) respeita. Os defensores da manutenção acusam a fação oposta da inexistência de um plano de ação concreto para o país num cenário de eventual saída, acrescido de uma indefinição sobre o que poderá acontecer ao RU imediatamente no dia seguinte.

 

Nos últimos anos têm-se assistido a uma forte crise de confiança, com níveis de investimento bastante baixo, elevada volatilidade nos mercados financeiros, agravados por mudanças regulatórias no sistema financeiro e consequentes necessidades de recapitalização da banca europeia e mundial. Neste cenário, de progressiva tentativa de recuperação da confiança que tínhamos vindo a assistir, o Brexit, pode reabrir uma nova crise de confiança nos mercados mundiais, mas com especial ênfase no RU, uma vez que, nem mesmo os governantes, sabem medir com exatidão quais as consequências da eventual saída da UE.

 

Algumas das maiores empresas britânicas começaram a emitir comunicados escritos para o público em geral e investidores, apoiando, na sua maioria, a manutenção do RU na UE. Crê-se, pelos impactos diretos nos seus negócios, mas também pelos receios que a incerteza e indefinição poderá gerar a diversos níveis, ou seja, pelos efeitos indiretos.

 

Certo é que, nem mesmo a UE tem pensado o tratamento que dará ao RU num cenário de saída, no entanto, uma coisa será certa, manter a situação atual não será, de todo, possível, porque os "ex-parceiros" europeus jamais permitirão. A mudança terá de ocorrer, e a questão é, como, quando e de que forma…

 

A realidade é que um cenário de indefinição provocado pela saída do RU da UE poderá gerar uma instabilidade nos mercados que não será certamente benéfica para ninguém, mas em especial para o RU. A instabilidade cambial será provavelmente uma das primeiras consequências, acompanhada de uma provável fuga dos investidores ao mercado bolsista inglês, apenas pela incerteza e desconhecimento do futuro nesse mercado. As próprias agências de "rating" terão de olhar para o RU de forma diferente, agora isolada dos seus parceiros, e dependente de exportações para Europa em 40%, enquanto esta exportando, em média, apenas 5% para o RU.

 

O "rating" do país, pelo menos numa primeira fase, poderá estar em causa. Nenhuma economia, por mais forte que seja, poderá ficar indiferente a uma alteração tão significativa da sua realidade.

 

Economista

 

Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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