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19 de Novembro de 2013 às 00:01

Importar não gera desemprego, cria riqueza!

Em Portugal, os vencimentos não são baixos. O Estado é que fica com a maior parte do dinheiro que deveria chegar ao nosso bolso. Para que se contratem mais portugueses, o nível de impostos, taxas e contribuições obrigatórias deveria baixar, uma vez que faz aumentar drasticamente os custos com pessoal.

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Um misto de demagogia e falta de conhecimento de causa leva a que recorrentemente seja passada no espaço público a ideia de que as importações levam à diminuição do emprego em Portugal e à baixa de salários dos trabalhadores. Uma falácia completa e sem qualquer adesão à realidade.


O Pordata indica que entre 1996 e 2012, em treze desses dezasseis anos, quando o déficit comercial expandiu, o desemprego diminuiu (ou o inverso). Desde 1985 que a remuneração base média mensal dos trabalhadores por conta de outrem aumenta.

O leitor já questionou qual a percentagem de portugueses que trabalha em sectores significativamente expostos à concorrência internacional? E, destes, qual a percentagem que perdeu emprego devido às importações?

As importações não têm impacto no nível total de emprego. O comércio internacional destrói certos empregos substituindo-os por outros, novos, mais diferenciados e mais bem remunerados, acelerando de forma eficiente o reajustamento da alocação de mão-de-obra entre sectores de actividade.

Claro que se optarmos por adquirir bens estrangeiros mais baratos em vez de produtos portugueses, os salários desse sector nacional tenderão a baixar e os postos de trabalho poderão no limite desaparecer. Porém, simultaneamente, o poder de compra da generalidade dos consumidores aumenta pelo facto de não terem de despender tanto dinheiro para usufruírem desse bem.

As importações resultam da nossa ineficiência relativa internacional na produção de determinados bens. Quando os portugueses compram estrangeiro, colocam em evidência que determinado sector é menos eficiente em Portugal do que noutros países. Todavia, as importações não são nem causa nem fonte dessa ineficiência.

As importações fornecem também aos fabricantes portugueses os bens intermédios e maquinaria de que necessitam e que lhes permite ter custos de fabricação competitivos. Dessa forma, as importações são directamente responsáveis pela manutenção de postos de trabalho no nosso país.

Aliás, conforme referia o boletim de Outono do Banco de Portugal, como as exportações têm em si mesmas integrada uma forte componente de importações, estas últimas são essenciais para criar emprego nas indústrias exportadoras.

Também não é correcto encarar a mão-de-obra barata como substituta da força de trabalho portuguesa. Um novo posto de trabalho na China, por exemplo, não se faz à custa de um desempregado no nosso país. Não existe um número absoluto, definitivo e fechado de empregos no mundo. Não se trata de um jogo de soma nula.

O baixo custo de mão-de-obra estrangeira não ameaça os empregos nacionais com níveis de produtividade elevados. Ao invés, podem-se complementar. As cadeias de produção são cada vez mais transnacionais e até para que as empresas portuguesas possam ascender na cadeia de valor de fabricação, as actividades com diminuto valor-acrescentado poderão ser realizadas em países de inferior custo do factor trabalho.

O desemprego tem que ver com o preço relativo da mão-de-obra e nada com as importações. Se esse custo excede a produtividade marginal dos trabalhadores, as empresas não contratam novos recursos humanos.

Os salários dependem das competências e da procura existente pelas aptidões de cada funcionário. Em Portugal, os vencimentos não são baixos. O Estado é que fica com a maior parte do dinheiro que deveria chegar ao nosso bolso. Para que se contratem mais portugueses, o nível de impostos, taxas e contribuições obrigatórias deveria baixar, uma vez que faz aumentar drasticamente os custos com pessoal.

A balança comercial não faz subir ou descer o nível geral de emprego, nem é culpada pelos rendimentos de trabalho abaixo do desejável. O comércio internacional cria riqueza.

MBA. Especialista em Internacionalização

telmo.azevedo.fernandes@gmail.com

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