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Quer “mergulhar” num cluster tecnológico dos Estados Unidos?

Está de volta o Prémio FLAD.EY BUZZ USA, dedicado a jovens empresas portuguesas com a ambição de fazer as malas e conquistar a maior economia do mundo. A máquina está de novo em andamento e as candidaturas abertas até 12 de Outubro.

António Larguesa alarguesa@negocios.pt 20 de Setembro de 2018 às 15:00
Seattle é um dos destinos do vencedor da primeira edição do prémio. Quem sucede à Bitcliq? Reuters
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A Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e a consultora EY, em parceria com o Negócios, acabam de lançar a segunda edição do prémio criado em 2017 para promover e apoiar o esforço de internacionalização de micro, pequenas e médias empresas portuguesas nos Estados Unidos da América.

A iniciativa já está novamente no terreno, com o período de candidaturas a decorrer até 12 de Outubro. Destina-se a jovens empresas constituídas há menos de cinco anos - podem operar em qualquer sector de actividade, havendo "preferência" pela área tecnológica -, e que já tenham alguma experiência no relacionamento comercial com aquele mercado ou planos de curto prazo para abordar a maior economia do mundo.

Depois de, na experiência inaugural, ter dado a conhecer projectos "muito interessantes", situados do Minho ao Algarve, o administrador da FLAD, Jorge Gabriel, acredita que "uma segunda edição tem condições para correr ainda melhor", uma vez que "a máquina está montada, a iniciativa já é mais conhecida e pode chegar a mais gente, com a possibilidade de escolher melhores empresas". "O mercado americano continua aberto a empresas portuguesas, há mais casos de sucesso, e isso leva-nos a acreditar que a ideia continua válida e que podemos consolidar este prémio", acrescentou o responsável da fundação.

A primeira edição do prémio FLAD.EY BUZZ USA, concluída em Dezembro de 2017, foi conquistada pela Bitcliq, fundada em 2014 nas Caldas da Rainha, que detém a plataforma de gestão de frotas de pesca "Big Eye Smart Fishing" e que está a apostar na rastreabilidade digital para seguir o peixe do mar até ao supermercado. A indústria de moldes Moldiject (Alcobaça), a tecnológica portuense Helppier e a NU-RISE, uma start-up de Aveiro que está a inovar no tratamento do cancro, obtiveram menções honrosas. Desta vez, o júri composto por cinco elementos vai escolher dez finalistas, que o Negócios dará a conhecer com detalhe durante o mês de Novembro e que se habilitam a participar num programa de imersão num cluster tecnológico americano.

Oportunidades de negócio

O sócio da EY, Miguel Farinha, valoriza "o networking que se promove e o processo de mentoria e de acompanhamento dos participantes" neste prémio, que lhes permite "estruturar cada vez melhor a ideia de mercado". Até porque o próprio formulário de candidatura foi desenhado para que os empreendedores apresentem o projecto a terceiros, algo que será útil para as rondas de investimento que terão de enfrentar.

Por outro lado, para a própria consultora esta é uma oportunidade de "conhecer melhor as novas empresas que estão a surgir" pelo país. "Para as nossas equipas há um contacto com empresas diferentes daquelas com quem trabalhamos diariamente, as dos grandes projectos. Estas têm outra dimensão, mas um perfil igualmente interessante", detalhou o líder da área de consultoria financeira na EY.

Naquele que já é o quinto melhor destino para as exportadoras portuguesas - em 2017 comprou a Portugal bens no valor de 2.845 milhões e 1.845 milhões de euros em serviços - e onde a AICEP estima que haja perto de 3.220 empresas a vender para lá, os empreendedores nacionais devem apostar em "conhecer bem o mercado, interiorizar a cultura e criar parcerias locais", aconselha Jorge Gabriel.

Porém, se "muitas vezes o interesse é o mercado enorme que proporciona", completa Miguel Farinha, "também pode ser o de conseguirem entrar no circuito de potenciais investidores nos EUA, onde há um ecossistema de 'venture capital' e de 'business angels' atractivo" para as ideias europeias.

Quem avalia as candidaturas?

O júri do Prémio FLAD.EY Buzz USA, presidido por Jorge Gabriel, inclui dois representantes convidados pela fundação, um sócio da EY e outro membro que ainda será apontado pela consultora. Conheça o currículo dos quatro avaliadores já identificados, que têm um percurso internacional, ligação às novas tecnologias e aos fundos de capital de risco. 

Jorge Gabriel
Administrador da FLAD
Natural de Luanda, Jorge Gabriel tem mestrado em Engenharia de Sistemas de Produção pelo Cranfield Institute of Technology, Reino Unido, e MBA pelo Instituto de Estudos Superiores de Empresa (IESE/AESE), Espanha. Iniciou a carreira como avaliador de projectos de I&D no LNETI, foi administrador da Companhia Portuguesa de Computadores - Consultoria de Gestão e director da Indra Sistemas (Espanha), foi consultor e responsável de I&D no Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ). Deu aulas na Universidade Nova e colaborou durante duas décadas como perito em gabinetes ministeriais ligados à indústria, empreendedorismo e inovação. 

Sofia Tenreiro
Directora-geral da Cisco Portugal
Sofia Tenreiro, formada em Gestão e Administração de Empresas pela Universidade Católica, lidera actualmente a Cisco Portugal e conta com mais de uma década de experiência na área das tecnologias de informação. No início da carreira, a gestora passou pela Procter & Gamble e pela L'Oreal, tendo trabalhado em cidades como Lisboa, Madrid e Genebra. Regressou a Portugal para criar o departamento de marketing estratégico da Optimus e passou ainda pela área comercial e de marketing no jornal Público, antes de ingressar na Microsoft, onde esteve oito anos e dirigiu o canal de retalho. 

Paulo Neves
Consultor independente
Licenciado em Engenharia pela Universidade Técnica de Lisboa e pós-graduado em Gestão de Empresas, Paulo Neves iniciou a carreira há quase 30 anos na Eriscsson e na ONI Group. Foi consultor nas áreas de governo electrónico, "smart cities" ou simplificação administrativa, presidiu à Agência para Modernização Administrativa e foi depois CEO e chairman da Portugal Telecom e Altice Portugal, "liderando a empresa para resultados com crescimento, pela primeira vez em dez anos". Actualmente, além de dar palestras em diversas universidades, é consultor independente em estratégia, desenvolvimento de negócio, média e finanças ("fintech").

Miguel Farinha
Partner da EY
Natural de Torres Vedras, Miguel Farinha é licenciado pelo Instituto Superior de Gestão e participou em programas de liderança na Católica e na Kellogg School of Management. Iniciou a carreira em auditoria e em 1998 ingressou na EY, tendo experiência nos sectores do turismo, automóvel, energia, indústria ou imobiliário. Responsável pela área de consultoria financeira na consultora, nos últimos anos geriu projectos de "due diligence" para investidores financeiros ou estratégicos, incluindo aquisições para alguns dos Fundos de Capital de Risco mais representativos no mercado português (ECS Capital, Explorer, Inter-Risco, Oxy Capital, Hcapital, Menlo Capital).


Saiba como pode concorrer ao prémio

Conheça as condições deste prémio instituído pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), em parceria com a EY, que visa reconhecer, apoiar e promover jovens empresas portuguesas com potencial de internacionalização e exportação para os Estados Unidos. 

Quem se pode candidatar?
Podem candidatar-se micro, pequenas ou médias empresas (de acordo com os critérios definidos no Decreto-Lei 372/2007, de 6 de Novembro) de qualquer sector e base tecnológica, com comprovada experiência e/ou estratégia de internacionalização e/ou exportação para os Estados Unidos. Têm de ser sociedades de direito português, constituídas há menos de cinco anos à data da recepção da candidatura.

Qual o prazo e o custo da candidatura?
O período de candidaturas arrancou a 10 de Setembro e prolonga-se até ao dia 12 de Outubro de 2018. O processo é totalmente gratuito e o júri vai seleccionar as dez melhores candidaturas. As entidades promotoras comprometem-se a manter a confidencialidade de toda a documentação incluída no formulário de inscrição e outra solicitada.

Como se pode candidatar?
A candidatura deve ser feita exclusivamente em formato digital, através do envio do formulário de inscrição completamente preenchido, disponível no site http://go.flad.pt/flad-ey-buzz-usa. A documentação de suporte deve ser enviada também em formato digital (ficheiro ou pasta comprimida em formato "zip") em conjunto com o formulário. Em alternativa podem ser disponibilizados links para o júri aceder à documentação de suporte, incluindo aquela que pode beneficiar a candidatura.

Quais os critérios de avaliação?
O primeiro critério é o currículo da empresa e a robustez da ideia de negócio, atendendo em particular à valia, qualificação e resiliência dos empreendedores, assim como à "robustez e aderência" do plano de negócios. O segundo é a solidez dos resultados históricos ou previsionais, com foco nos já alcançados e nas expectativas futuras devidamente fundamentadas. O potencial de internacionalização, incluindo o conhecimento do mercado e a capacitação da empresa para esse mercado, é o terceiro critério de avaliação estabelecido no regulamento.

A que tem direito o vencedor?
O prémio consiste num período de imersão, durante quatro semanas, na Bay Area de São Francisco, na Califórnia, ou noutro local mais adequado à empresa premiada. O programa concreto será escolhido em função das características do vencedor, numa parceria com a associação "West to West". O objectivo é "proporcionar um alto nível de compreensão das melhores práticas de Silicon Valley ou outro cluster tecnológico, em termos de produto e desenvolvimento tecnológico".

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