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Jorge Gabriel: "Fundos de investimento americanos procuram Portugal"

Embora este seja um "processo lento", investidores da maior economia do mundo estão a virar-se para o mercado português. O responsável da fundação acredita que "seguramente vai dar resultados".

António Larguesa alarguesa@negocios.pt 09 de Janeiro de 2019 às 14:30
Jorge Gabriel destaca que os EUA têm uma infraestrutura antiga e "mais exigente em termos de conservação e manutenção". David Cabral Santos
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O porta-voz da FLAD mostrou-se satisfeito por premiar uma jovem empresa que tem "uma particular oportunidade" no mercado americano.

Como avalia o potencial do vencedor desta segunda edição?
A Matereo desenvolve sistemas de monitorização de obras de arte - pontes e viadutos - colocando sensores e aferindo uma série de parâmetros para assegurar a condição correta daquela infraestrutura. É um setor interessante porque, em primeiro lugar e pelas más razões, temos tido infelizmente um número maior do que o aceitável de acidentes e incidentes justamente com infraestruturas. Em Portugal temos uma infraestrutura rodoviária, ferroviária e portuária que se começa a degradar. Portanto, seguramente que vai ser um aspeto que terá de merecer um cuidado muito maior de conservação e manutenção.

Encaixa nos parâmetros definidos pelo júri do concurso…
Como pensámos premiar uma empresa que tivesse uma particular oportunidade e preparação para ir para os EUA, calha bem ser deste setor. Porque um dos temas da agenda da campanha de Donald Trump e desta administração foi precisamente olhar para as infraestruturas e desenhar um grande plano de conservação e reestruturação das infraestruturas, avaliado em três triliões de dólares. São montantes muito grandes. Os EUA, relativamente a Portugal, têm uma desvantagem: tem na generalidade uma infraestrutura mais antiga e significa que está numa fase mais adiantada do ciclo de vida - e necessariamente comporta mais risco e é mais exigente em termos de cuidados de conservação e manutenção.



"São mais de 200 as empresas americanas em Portugal, mas são negócios maduros e até conhecemos os nomes da maior parte deles".

"Os EUA continuam a ser o quinto melhor destino para as exportações portugueses e tem havido um incremento no investimento cruzado".


Pode beneficiar deste tipo de soluções que são inovadoras.
Sim. E há uma enorme abertura para abraçar novas tecnologias. Nesta área tem a ver principalmente com dois aspetos. Em primeiro lugar, a quantidade, a capacidade e a facilidade com que se desenvolvem novos softwares. E, em segundo lugar, tem a ver com uma diminuição drástica que ocorreu nos últimos anos do custo dos sensores. Um sensor hoje em dia custa zero quando concebemos um sistema. Portanto, não mais a sensorização é uma restrição. Aliás, hoje em dia temos sensores para tudo: pressão, humidade, etc. Vamos ao mercado e por poucos dólares compramos sensores. E o facto de o custo do equipamento de sensorização e de comunicação dos sensores ser muito mais baixo, abre uma porta nova a um desenvolvimento muito mais intenso de soluções nesta área.

Como avalia a atual atratividade da economia americana para os projetos "made in" Portugal?
Continua a haver boas oportunidades para as empresas portuguesas. Temos um superavit na relação comercial com os EUA e vindo a aumentar as exportações consecutivamente nos últimos cinco anos, continuando a ser o quinto melhor destino. E tem havido também um incremento no volume de investimento cruzado, quer americano em Portugal, quer no número de empresas que se estão aos poucos a instalar lá.

E o investimento americano em jovens empresas portuguesas?
Tem ocorrido menos. Acho que os fundos de investimento americanos - é disso que estamos a falar, e depois podem ter vários formatos - estão a virar-se e a estudar o mercado português há relativamente pouco tempo. Temos uma história grande de presença de empresas americanas em Portugal, que são mais de 200 atualmente. Mas são negócios maduros e até conhecemos os nomes da maior parte deles. Os fundos de investimento estão a procurar países como Portugal, mas o ciclo de investimento é sempre relativamente longo. Há primeiro um processo de encontrar empresas que reúnam o perfil correto, depois um processo de "due diligence" para estudar o modelo de entrada no capital das empresas. É um processo lento. Mas está a acontecer e seguramente vai dar resultados. 

Turismo

Guia para investir nos Açores

Um guia para investidores americanos interessados no turismo sustentável nos Açores é uma das mais recentes iniciativas promovidas pela FLAD em parceria com a consultora Fundo de Maneio. Lançado em dezembro, este manual elaborado por Gualter Couto, professor da Universidade dos Açores, surgiu na sequência do início da ligação aérea a Nova Iorque por parte da Delta Airlines, o que fez dos EUA a origem de turistas que mais cresce no arquipélago. "Estamos a tentar ajudar na captação de investimento americano para o turismo. É um manual, sim, mas o programa é mais vasto. Vai-se concretizar com contactos, com a divulgação nas Câmaras de Comércio, em determinadas regiões com maior potencial para gerar investidores para os Açores", resumiu Jorge Gabriel.

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