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EZ4U: Engenheiros “disparam” SMS em Matosinhos

De agências de viagens a partidos políticos, passando pela banca, saúde e retalho, a plataforma da EZ4U é usada por mais de 2.500 empresas, comprovando que “a notícia da morte do SMS é claramente exagerada”.

António Larguesa alarguesa@negocios.pt 07 de Novembro de 2018 às 09:53
Após quatro anos de "academia pura e dura" e um doutoramento em Engenharia Informática na FEUP, Vasco Vinhas abraçou a carreira de empreendedor a partir de 2010. Ricardo Castelo
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Já recebeu mensagens no telemóvel com as promoções da feira de viagens da Abreu ou para participar num evento da C. Santos VP, conhecida concessionária da Mercedes? Provavelmente esse SMS (serviço de mensagens curtas, na sigla em inglês) chegou ao seu aparelho através da plataforma da EZ4U, que tem 2.500 clientes empresariais activos, com destaque para os sectores de saúde, retalho e desenvolvimento de software.

Especializado nas áreas de SMS marketing - para informar o cliente sobre um desconto, por exemplo - e SMS transaccional - como um código de segurança para validar transferências bancárias -, este é "o produto-estrela" da firma de Matosinhos, que tem serviços complementares, como a captação de respostas, soluções de voz para reprodução de texto, geolocalização ou encurtamento de URL para poupar caracteres nas campanhas. O negócio assenta no modelo de subscrição e aquisição de pacotes de SMS, sem fidelização, mensalidade e expiração das mensagens compradas.


10%
Exportação
Em 2019, a facturação no exterior deve valer 10% do total, com o impulso do "contrato relevante" em Espanha na área de transportes.

2.500
Clientes
Mais de 2.500 empresas, sobretudo portuguesas, usam actualmente a plataforma da EZ4U para o envio de SMS.



Com crescimentos entre 30% e 40% desde que foi fundada em 2015, a facturação ascendeu a meio milhão de euros no ano passado. Apesar de todos os dias enviar SMS para vários países, por via de clientes com operações no estrangeiro, a exportação é uma "componente muito residual" do negócio, que vai agora "focar na internacionalização da solução", aponta Vasco Vinhas.

O jovem engenheiro informático quer que o exterior valha 10% em 2019 e em cinco anos represente "pelo menos metade das vendas". Por ser "mais simples do ponto de vista operacional, cultural e económico", Espanha é um alvo preferencial, estando prestes a fechar um "contrato relevante" com uma empresa da área dos transportes. Já fornecia a subsidiária em Portugal, que recomendou o serviço à casa-mãe do outro lado da fronteira.


O tráfego caiu nos particulares, mas continua a ser universal, transversal e mais barato na área empresarial.


Com cinco pessoas a tempo inteiro e o design e desenvolvimento web subcontratado, a empresa instalada no Pólo do Mar do UPTEC (Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto) surgiu dos escombros de uma consultora dedicada ao corte de custos em telecomunicações. Como uma rede de clínicas dentárias estava a gastar muito em SMS, Vasco Vinhas e o então sócio, Pedro Mendes, criaram um sistema para poupar nesses envios. "Foi a primeira versão pré-histórica - e a esta distância vergonhosa - da solução. Mas percebemos que poderia ter interesse para o retalho ou a banca", detalha.

Para o empreendedor, "a notícia da morte do SMS é claramente exagerada". É que no mercado particular o tráfego tem caído, mas no empresarial ainda cresce, por mais aplicações móveis (app) que surjam. "O SMS continua a ser a forma universal, transversal e de mais baixo custo para atingir as pessoas, seja para efeitos de marketing ou operacionais", sustenta Vasco Vinhas. As marcas continuam a valorizá-lo por saberem que a taxa de penetração, entrega e leitura é "incrivelmente superior" às alternativas, como o e-mail. ilustrando que 98% dos SMS entregues, "num curtíssimo espaço de tempo, em segundos", são efectivamente lidos pelos clientes.

10 disputam vaga em Silicon Valley 

O Negócios mostra-lhe os finalistas do prémio lançado pela FLAD e pela consultora EY. O vencedor vai ser anunciado em Dezembro e terá direito um período de imersão num cluster tecnológico na Califórnia. 


RAIO-X 

"À prova de bala" contra os gigantes 

Seja a fornecer ou a concorrer pelos mesmos clientes, a solidez da plataforma da EZ4U é a principal arma para a relevância da firma.

Queixas mínimas e autonomia máxima
Só uma "solução à prova de bala", com poucas queixas e ajuda, permite ter uma equipa tão reduzida, com apenas cinco elementos, para 2.500 clientes.
Outro elemento-chave é os clientes serem autónomos no uso da plataforma, integrada nos seus sistemas ou a partir da "cloud".

Fornecimento da Amazon e das Telecom
Ao nível da infra-estrutura tecnológica, a qualidade da EZ4U "deve-se em parte ao facto de ter toda a arquitectura montada na cloud da Amazon".
Sem antenas de distribuição, para a comunicação da SMS tem como fornecedores ou parceiros os operadores de telecomunicações.

Concorrência externa e nos operadores
As plataformas de marketing da E-goi e da Sendit estão na lista dos principais concorrentes neste segmento de actividade.
Embora seja um negócio satélite para eles, alguns operadores de telecomunicações também oferecem soluções de SMS para os clientes empresariais.



Perguntas a Vasco Vinhas
CEO e co-fundador da EZ4U

Transportes e retalho "apetecíveis" nos EUA

O líder da empresa de Matosinhos vê potencial no mercado americano e aponta os sectores mais atractivos.

Qual a relevância dos EUA?
O mercado das telecomunicações e do SMS nos EUA é extremamente apetecível, além de ser enorme. As mensagens são usadas intensivamente e com possibilidade de termos os nossos serviços complementares ainda mais utilizados e valorizados, em conjugação com os desenvolvimentos à plataforma, como a integração com o WhatsApp e outras ferramentas de comunicação.

Será relevante a escolha de parceiros locais e equipa residente. Os negócios com telecomando tendem a não resultar.

Que dificuldades esperam?
Não é um mercado integrado, como o da UE, em que é fácil exportar para qualquer país. Tem outro tipo de regulamentações e normas a nível de comunicações. E será relevante a escolha de parceiros locais e da equipa residente. De outra forma os negócios com telecomando tendem a não resultar.

Há algum sector de actividade com maior potencial?
Os transportes - seja aviação, rodoviário ou ferroviário - são potencialmente os mais interessantes. Por serem várias versões do mesmo problema e porque seria fácil replicar todas as soluções que temos com os actuais clientes. (...) O retalho é outro sector que faz todo o sentido, pela maior propensão e disponibilidade do consumidor americano para receber informação [comercial]. 

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