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A trabalhar neste modelo de negócio desde Abril de 2014, no início deste ano a fundadora decidiu realinhar a segmentação da marca para o mercado do "eco-luxo", aumentando a componente criativa das peças, a qualidade dos materiais… e também os preços. Quase um ano depois, Daniela Sá nota que "as pessoas começam a entender" esta mudança. "Entendem o valor da cortiça em primeiro lugar, e o valor do desenvolvimento próprio, do exclusivo", acrescenta.
Apesar deste realinhamento para as peças de autor, a empreendedora nortenha que vende online através da sua própria plataforma e em algumas lojas especializadas, decidiu continuar a ocupar o segmento médio com uma segunda marca - "Corkwings by Najha" -, que também é aquela que utiliza para uma gama de artigos mais pequenos e de maior rotatividade, com a qual trabalha também com o mercado turístico.
Outra novidade é a mudança de instalações, de São João de Ver para Paços de Brandão, no mesmo concelho afamado pela indústria da cortiça - e funcionam igualmente como ponto de venda. Ali passou também a ter produção própria de bolsas, que antes era quase toda subcontratada, e contratou duas pessoas para o atelier. "Dei esse passo porque liberta-me um bocadinho mais para me dedicar a desenvolver coisas novas", resume Daniela Sá.
Financeira dos sapatos
Apesar de sempre ter tido uma "queda para o desenho", a formação na área da gestão e do marketing levou Daniela Sá a atrasar o destino. Começou a reencontrá-lo em 2006, oito anos antes do lançamento do negócio, quando ainda trabalhava no departamento financeiro de uma empresa de calçado e começou a fazer algumas experiências enquanto frequentava cursos nocturnos de marroquinaria, modelação e design de moda. Ao dobrar o milénio, despediu-se, mergulhou durante um mês numa escola de tendências em Milão e, no regresso a casa, começou a desenvolver colecções, a fazer contactos e prospecção de mercado, a delinear estratégias até chegara a este projecto de "moda em cortiça".
Com uma facturação anual próxima dos 95 mil euros, a quota de exportação está este ano acima dos 20%. Alemanha, Espanha, França e Finlândia são os principais mercados externos, onde faz vendas através de contactos com lojistas desses países ou directamente com clientes finais através da loja na Internet. Os países do Norte da Europa, como a Dinamarca ou a Suécia, fazem parte do roteiro futuro da dona da Najha, que se tem dedicado também ao turismo industrial: organiza a "Cork Tour" para mostrar "o maravilhoso mundo da cortiça", sobretudo a estrangeiros.
Várias facetas nos clientes e competidores
A moda, a sustentabilidade e a cortiça são os principais argumentos comerciais da Najha, que elevou o posicionamento da marca.
Competidores no luxo e na cortiça
• Entre os maiores concorrentes estão marcas que usam a cortiça como material principal das suas colecções, como Pelcor ou Rutz.
• Embora ressalvando diferenças de posicionamento, no luxo a empreendedora coloca como competidoras marcas como Prada, Tommy ou Stella McCartney.
Três tipos de clientes com a moda em comum
• O público-alvo tem paixão pela moda e está sobretudo na faixa de idades entre os 25 e os 55 anos, embora o perfil seja diversificado.
• Tem três tipos de clientes: o que gosta de moda e quer uma peça diferente; o 'vegan' que procura algo sustentável; e o fã de cortiça que "não se importa de pagar".
• Os preços no segmento mais elevado variam entre os 300 e 700 euros nas bolsas e calçado; e entre 50 e 200 euros nos acessórios.
• No segmento médio, em que actua com a marca Corkwings, as bolsas são vendidas entre 100 e 150 euros e o calçado entre 120 a 180 euros.
Perguntas a Daniela Sá
Fundadora da Najha
"EUA abraçam novas marcas e conceitos"
A empreendedora nortenha vê o mercado americano em "forte crescimento" na vertente sustentável e 'vegan'.
Já registou vendas e aferiu o potencial dos EUA?
Sim. Não vendemos produtos para as lojas físicas, mas para o consumidor final que nos contactou directamente e que toma conhecimento da nossa marca através da Internet. O mercado tem imenso potencial. Além de abraçar novas marcas e novos conceitos, está em forte crescimento na parte que é sustentável e 'vegan', se calhar mais do que na Europa.
Qual é o plano para esse mercado?
Parcerias com cadeias de lojas que estejam já implementadas no mercado e que possam revender a marca, ou procura de distribuidores no mercado. E chegar ao público final através do marketing digital, que é sempre interessante porque depois acaba por puxar pelo retalho, que se vê obrigado a ir procurar e buscar a marca. Os EUA são realmente um mercado apelativo e há uma apetência para consumirem estes produtos.
Que barreiras antecipa para trabalhar do outro lado do Atlântico?
Além das taxas alfandegárias, um dos aspectos a rever é a questão dos códigos pautais, que ainda não estão bem afinados para este tipo de produtos de cortiça.
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