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Najha: Criativa da cortiça sobe ao “eco-luxo” e abre atelier na Feira

A marca de moda fundada por Daniela Sá reforçou a componente de peças de autor, associada a materiais sustentáveis e a um conceito ‘vegan’, está a alargar a produção própria e a apostar no turismo industrial.

05 de Dezembro de 2018 às 14:30
Daniela Sá libertou-se dos serviços de uma empresa de calçado para cumprir o velho destino da "queda para o desenho". Paulo Duarte
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Bolsas, sapatos, casacos, chapéus, cintos e outros acessórios trabalhados em cortiça e outros materiais orgânicos. Filosofia 'vegan' e sustentável direccionada à indústria da moda. Aposta no design, utilização de materiais naturais e produção com base na economia circular. Estes são os vários conceitos que se cruzam na construção da Najha, de Santa Maria da Feira.

A trabalhar neste modelo de negócio desde Abril de 2014, no início deste ano a fundadora decidiu realinhar a segmentação da marca para o mercado do "eco-luxo", aumentando a componente criativa das peças, a qualidade dos materiais… e também os preços. Quase um ano depois, Daniela Sá nota que "as pessoas começam a entender" esta mudança. "Entendem o valor da cortiça em primeiro lugar, e o valor do desenvolvimento próprio, do exclusivo", acrescenta.


Daniela Sá trabalhava na área financeira de uma fábrica de calçado antes de se dedicar ao sector da moda.


Apesar deste realinhamento para as peças de autor, a empreendedora nortenha que vende online através da sua própria plataforma e em algumas lojas especializadas, decidiu continuar a ocupar o segmento médio com uma segunda marca - "Corkwings by Najha" -, que também é aquela que utiliza para uma gama de artigos mais pequenos e de maior rotatividade, com a qual trabalha também com o mercado turístico.

Outra novidade é a mudança de instalações, de São João de Ver para Paços de Brandão, no mesmo concelho afamado pela indústria da cortiça - e funcionam igualmente como ponto de venda. Ali passou também a ter produção própria de bolsas, que antes era quase toda subcontratada, e contratou duas pessoas para o atelier. "Dei esse passo porque liberta-me um bocadinho mais para me dedicar a desenvolver coisas novas", resume Daniela Sá.

Financeira dos sapatos

Apesar de sempre ter tido uma "queda para o desenho", a formação na área da gestão e do marketing levou Daniela Sá a atrasar o destino. Começou a reencontrá-lo em 2006, oito anos antes do lançamento do negócio, quando ainda trabalhava no departamento financeiro de uma empresa de calçado e começou a fazer algumas experiências enquanto frequentava cursos nocturnos de marroquinaria, modelação e design de moda. Ao dobrar o milénio, despediu-se, mergulhou durante um mês numa escola de tendências em Milão e, no regresso a casa, começou a desenvolver colecções, a fazer contactos e prospecção de mercado, a delinear estratégias até chegara a este projecto de "moda em cortiça".


3
Trabalhadores
Com a transição de São João de Ver para Paços de Brandão, no mesmo concelho, a equipa aumentou para três pessoas no atelier.

20%
Exportação
Alemanha, Espanha, França e Finlândia são os principais destinos no estrangeiro, que este ano vale cerca de um quinto das vendas.


Com uma facturação anual próxima dos 95 mil euros, a quota de exportação está este ano acima dos 20%. Alemanha, Espanha, França e Finlândia são os principais mercados externos, onde faz vendas através de contactos com lojistas desses países ou directamente com clientes finais através da loja na Internet. Os países do Norte da Europa, como a Dinamarca ou a Suécia, fazem parte do roteiro futuro da dona da Najha, que se tem dedicado também ao turismo industrial: organiza a "Cork Tour" para mostrar "o maravilhoso mundo da cortiça", sobretudo a estrangeiros.

RAIO-X 

Várias facetas nos clientes e competidores

A moda, a sustentabilidade e a cortiça são os principais argumentos comerciais da Najha, que elevou o posicionamento da marca.

Competidores no luxo e na cortiça
Entre os maiores concorrentes estão marcas que usam a cortiça como material principal das suas colecções, como Pelcor ou Rutz.
Embora ressalvando diferenças de posicionamento, no luxo a empreendedora coloca como competidoras marcas como Prada, Tommy ou Stella McCartney.

Três tipos de clientes com a moda em comum
O público-alvo tem paixão pela moda e está sobretudo na faixa de idades entre os 25 e os 55 anos, embora o perfil seja diversificado.
Tem três tipos de clientes: o que gosta de moda e quer uma peça diferente; o 'vegan' que procura algo sustentável; e o fã de cortiça que "não se importa de pagar".

Preços "premium" esticam até 700 euros
Os preços no segmento mais elevado variam entre os 300 e 700 euros nas bolsas e calçado; e entre 50 e 200 euros nos acessórios.
No segmento médio, em que actua com a marca Corkwings, as bolsas são vendidas entre 100 e 150 euros e o calçado entre 120 a 180 euros.



Perguntas a Daniela Sá
Fundadora da Najha


"EUA abraçam novas marcas e conceitos"

A empreendedora nortenha vê o mercado americano em "forte crescimento" na vertente sustentável e 'vegan'.

Já registou vendas e aferiu o potencial dos EUA?
Sim. Não vendemos produtos para as lojas físicas, mas para o consumidor final que nos contactou directamente e que toma conhecimento da nossa marca através da Internet. O mercado tem imenso potencial. Além de abraçar novas marcas e novos conceitos, está em forte crescimento na parte que é sustentável e 'vegan', se calhar mais do que na Europa.

Além das taxas alfandegárias, um aspecto a rever é sobre os códigos pautais, que ainda não estão afinados para este tipo de artigos de cortiça.

Qual é o plano para esse mercado?
Parcerias com cadeias de lojas que estejam já implementadas no mercado e que possam revender a marca, ou procura de distribuidores no mercado. E chegar ao público final através do marketing digital, que é sempre interessante porque depois acaba por puxar pelo retalho, que se vê obrigado a ir procurar e buscar a marca. Os EUA são realmente um mercado apelativo e há uma apetência para consumirem estes produtos.

Que barreiras antecipa para trabalhar do outro lado do Atlântico?
Além das taxas alfandegárias, um dos aspectos a rever é a questão dos códigos pautais, que ainda não estão bem afinados para este tipo de produtos de cortiça.

10 disputam vaga em Silicon Valley 

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