Outros sites Medialivre
Notícia

Josefinas: Sabrinas de Braga atravessam o Pacífico

Depois de conquistar os Estados Unidos da América e o México, a jovem empresa minhota especializada em sapatos rasos para mulher começa a dar os primeiros “pulos” no continente asiático.

07 de Novembro de 2018 às 16:00
Maria Cunha é a presidente executiva e uma das accionistas individuais (11%) da Josefinas. Paulo Duarte
  • Partilhar artigo
  • ...
A dimensão do mercado e a língua inglesa; ser "o centro do mundo", onde estão as maiores influenciadoras e ser bem-sucedido facilita o sucesso no resto do planeta; e a empatia do consumidor local com a mensagem de "empoderamento feminino", um "produto com significado" e uma empresa que "segue valores e não trabalha apenas pelo dinheiro". Foram estes os factores que levaram a Josefinas para os EUA, que valem cerca de 20% das vendas da marca através da Internet.

Quase como consequência - "foi uma surpresa, não foi planeado", admite a CEO e directora criativa -, o México tornou-se o segundo mercado externo mais relevante, com uma quota online de 14%. E há dois meses, estes sapatos desenhados em Braga começaram a ser vendidos através da Secoo, uma plataforma chinesa de marcas de luxo. "Apesar de ter de ser através de revenda, por causa das taxas aduaneiras, a China é um mercado muito interessante e altamente desejado por nós", frisa Maria Cunha.


A empresa já vende numa loja de Hong Kong e na plataforma chinesa Secoo, dirigida às marcas de luxo.


O canal digital representa 90% das vendas, mas o salto para Oriente até começou "offline" nos armazéns de retalhistas no Qatar, Dubai e Hong Kong. Com marca registada nesta região administrativa chinesa, em Portugal, a nível europeu, nos EUA e no Japão, mais de metade dos cerca de três mil pares de sapatos rasos para mulher são vendidos todos os anos nos mercados internacionais.


3.000
Pares de sapatos
A Josefinas produz todos os anos uma média de 3.000 pares de sapatos rasos para mulher. Metade segue para o estrangeiro.

90%
Vendas online
O canal digital representa cerca de 90% dos artigos comercializados. O resto é vendido por retalhistas no exterior.



Começou pelas sabrinas, que têm um custo médio de 180 euros e continuam a ser o produto mais vendido e a razão por que a Josefinas é conhecida. Alargou entretanto a colecção aos ténis (300 euros) e às botas (quase 500 euros). A marca não vai abandonar o segmento médio-alto, mas está "a passar por uma reestruturação", que envolverá uma descida, embora "não muito relevante", dos preços. E vai também "começar a virar-se mais para o 'wholesale' para tentar colmatar um problema que é a competitividade que existe online".

"Toda a gente está online e é cada vez mais caro adquirir clientes e ser mais relevante. As grandes marcas têm orçamentos que nós não temos, que somos pequeninos, e muitas vezes chutam-nos completamente para o lado da atenção das pessoas porque investem milhões", desabafa Maria Cunha.

Indústria e capital

Do lado da oferta, um dos factores críticos desde o arranque do projecto, em 2013, foi a escolha de um fornecedor de qualidade, versátil e disponível para acompanhar os testes iniciais ao produto e para satisfazer depois pequenas encomendas. Encontraram esse fabricante em São João da Madeira, que tem apenas dez trabalhadores e ainda corta as peles à mão.

A empresa de criação de websites BloomIdea é a maior accionista da Josefinas (40%), seguida da capital de risco Portugal Ventures, que em 2016 investiu 940 mil euros. Dinheiro usado na altura para abrir uma loja pop-up (temporária) em Nova Iorque, que Maria Cunha diz que "correu bem a nível de marketing e vendas". Ter lojas com marca própria continua na cabeça desta empreendedora nortenha, mas só depois de solidificar o negócio online.

10 disputam vaga em Silicon Valley

O Negócios mostra-lhe os finalistas do prémio lançado pela FLAD e pela consultora EY. O vencedor será anunciado em Dezembro e terá direito um período de imersão num cluster tecnológico na Califórnia.

RAIO-X 

Do nome da avó aos pés famosos

Actualmente com cinco pessoas a tempo inteiro, o projecto Josefinas surgiu num concurso e foi "agarrado" por uma das juradas que já estava ligada ao digital.

Ideia a concurso com nome familiar
A ideia de negócio foi apresentada por Filipa Júlio Guedes num concurso de ideias em que Maria Cunha era jurada. Não passou à final, mas avançou com as duas como sócias.
O nome da marca é uma homenagem à avó da criadora destas sabrinas, que se chama Maria Josefina.

Concorrência forte nas bailarinas e ténis
Repetto e Chanel são duas das maiores concorrentes directas no fabrico e comércio das "bailarinas".
Nos ténis, a Common Projects é uma das referências do mercado em que os modelos mais se assemelham.

Perfil definido e calçado por celebridades
O perfil das clientes da Josefinas é o de uma mulher cosmopolita, com mais de 24 anos, ligada ao mundo digital, independente, com interesse em produtos femininos confortáveis.
Meghan Markle, duquesa de Sussex (série televisiva Suits), as actrizes Jessica Biel e Lena Dunham, a "fashionista" Olivia Palermo ou a blogger Chiara Ferragni (autora do "The Blonde Salad") já calçaram - e mostraram nos pés - as Josefinas.



Perguntas a Maria Cunha
CEO e directora criativa da Josefinas

"Tentaremos ser mais locais nos EUA"

A líder da marca Josefinas está à procura de programas de mentoria e de investimento no mercado americano.

Que tipo de barreiras enfrentam nos EUA?
Além da concorrência lá que é muito agressiva, a única barreira que vemos relevante é o custo do 'shipping' e das trocas, em que podemos perder a margem toda caso haja essa troca. É diferente enviar para Espanha ou para os EUA, que é um custo muito mais elevado. Mas desde que não percamos o cliente, isso é que nos importa.



Já trabalhámos com uma designer de Los Angeles no desenvolvimento de produtos, para criar notoriedade e sinergias no próprio mercado.

Que planos específicos têm para esse mercado?
Temos concorrido a vários concursos específicos de mentoria no próprio país e estamos também à procura de investimento. Estamos à espera de um resultado este mês. Estamos a fazê-lo para tentarmos ainda ser mais locais, conseguirmos trabalhar o mercado de forma mais local. A partir daqui não é tão viável, embora possa parecer. Para já não temos lá ninguém. Só parcerias com americanos - já trabalhámos com uma designer de Los Angeles - no desenvolvimento de produtos, até para criar notoriedade e sinergias no próprio mercado.

E que tipo de investidores procuram por lá?
Queremos pessoas que tenham a ver connosco, com a nossa área, e que sejam e que nos tragam mais-valias. Dinheiro para quê? Para investir em marketing e aumentar a notoriedade. 


Mais notícias