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Ao "interpretar aspectos tangíveis do comportamento do cliente na interacção com o credor", a empresa do Porto reclama que consegue ainda "antecipar potenciais 'defaults', prever 'cashflows' futuros, reduzir em mais de 80% os custos operacionais". Já tem vendas na área da digitalização do processo de cobranças, lançou recentemente a de pagamentos através da plataforma e o próximo passo são funcionalidades como a sugestão automática de estratégias de contacto ou ter o sistema preparado para o cliente abrir a conta e começar logo a usar ("plug & play").
Estimando uma facturação acima dos 230 mil euros no final deste ano, Pedro Mendes contabiliza que, desde o lançamento dos primeiros pilotos em Novembro de 2017, a Invisible Collector já foi usada em cerca de meio milhão de processos individuais e geriu dívidas de mais de 100 milhões de dólares - o valor total foi convertido para a moeda americana para ser uniforme, pois trabalha para clientes que exportam para Angola, Moçambique ou Reino Unido.
Parcerias Vodafone e BBVA
Apesar de ter como clientes sobretudo empresas de recuperação de créditos e consultores financeiros que trabalham com grandes negócios, o empreendedor nortenho quer "democratizar um bocadinho o acesso a esta ferramenta profissional" ao chegar às PME com vendas até cinco milhões de euros e facturação a crédito. "E que pensem 'tenho aqui uma solução e, se calhar, consigo começar a tratar do problema sem precisar de recorrer a uma entidade externa ou a advogados", acrescentou.
Uma das vias para chegar às PME é através da inclusão da Invisible Collector no "marketplace" de soluções para clientes empresariais que a Vodafone vai lançar no próximo ano. "Temos isso fechado com eles", assegurou Pedro Mendes, que valoriza a integração no programa "Power Lab" da operadora de telecomunicações e ambiciona tê-la também como cliente na área das cobranças para particulares.
Outro "grande projecto" está a ser desenvolvido em Espanha com o BBVA, com o objectivo de integrar os novos serviços do banco nesta solução. O gestor explica que em causa está o pagamento digital através do próprio sistema interno do banco, a simulação de financiamento com base nas facturas que as empresas emitem e também financiar os próprios clientes devedores com base nas métricas de credibilidade que as instituições já têm sobre eles.
Trio juntou tempo e vontades
O embrião da Invisible Collector surgiu no final de 2015 da "junção de vontades e disponibilidades" de três jovens à procura de um novo projecto de carreira.
Equipa inicial dobra com várias disciplinas
• De onde vieram os fundadores? Pedro Mendes já vai na quarta start-up, Miguel Rangel trabalhava numa empresa de cobranças em Madrid e João Madureira na tecnológica Blip.
• Actualmente trabalham na empresa mais três pessoas: um comercial, um ligado aos estudos comportamentais e ainda um outro área da programação.
Competidores "manuais" e outros de dimensão
• As agências externas de cobrança e os serviços de cobrança de dívida são competidores, embora "a grande concorrência seja o processo manual".
• A franco-espanhola Dunforce é um dos principais nomes a enfrentar pela IC, que nos EUA segue algumas empresas, ambas na costa Leste.
• A empresa segue um modelo de subscrição mensal que vai dos 90 euros (para testes) aos 5.000 euros, com comunicações ilimitadas e todas as funcionalidades activas.
• Pedro Mendes indica que "com o pacote de 400 euros tem a capacidade de gerir os clientes de forma ilimitada, com as interacções todas por e-mail".
Perguntas a Pedro Mendes
CEO e co-fundador da Invisible Collector
"Mercado dos EUA não é selvagem"
A empresa trabalha com dois consultores locais e vai entrar na associação californiana de empresas de cobrança.
Como estão a abordar o mercado americano?
Estamos a trabalhar com dois consultores locais. Um mais na lógica de parceiro de distribuição; o outro é alguém que conhece bem o universo empreendedor do lado Oeste e vai ajudar a orientar testes e na adaptação ao mercado americano. O primeiro passo é entrar na associação californiana de empresas de cobrança.
Qual será o modelo?
Estamos a pensar numa 'fee' fixa para o tratamento global da dívida, que é adequado ao que estão habituados: com a perspectiva de quanto vão gastar, no máximo, no final do ano. É um mercado atractivo porque têm o modelo de emitir facturas a 15 dias, o ónus legal - em caso de empate dá a vitória ao credor e não ao devedor - e como é um negócio que orientamos muito para o comportamento, a parte do idioma tem muita importância. Com inglês e espanhol abrangemos uma quota significativa.
Que dificuldades esperam?
A legislação sobre os cobradores tem vindo a ser apertada e o volume de queixas por acções indevidas tem vindo a aumentar. O mercado não é selvagem. E depois o nível de investimento para entrar no mercado é superior. Os custos do 'set up' local são mais elevados, embora depois o potencial seja superior. Conseguindo um portefólio lá, pode ajudar a fazer crescer o negócio.
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