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A cada tijolo ergue-se Moçambique

Os pilares de oportunidades surgem ao longo do tecido empresarial moçambicano. Há um país que se começa a consolidar no seu processo de autonomia. Portugal pode colaborar, nunca “dar uma ajuda”.

25 de Novembro de 2014 às 00:01
Mike Hutchings/Reuters
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Conquiste a confiança. Só depois pense na mudança de bagagens. Apesar da crescente abertura ao investimento estrangeiro, com a simplificação dos processos burocráticos e benefícios fiscais, é preciso ter alguma cautela na relação com Moçambique, de acordo com a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal). Palavra-chave: formalidade.


As barreiras existem ao longo do processo. Privilegie projectos que possam contribuir para o desenvolvimento social do país, criando emprego. A mão-de-obra é pouco qualificada e os níveis de produtividade baixos, mas os limites à contratação estrangeira são mais fortes. Será preciso provar que não há outra opção para conseguir levar trabalhadores para o país.

 

A economia moçambicana tem vindo a crescer a um ritmo de 7% ao ano, assente nos investimentos públicos e nas políticas sociais. A crescente classe média é o resultado. Moçambique é ainda estratégico pela ligação privilegiada à  região sul-africana: um mercado de 250 milhões de pessoas.

 

As exportações portuguesas para este país africano atingiram os 453 milhões de euros em 2013,  com as máquinas e aparelhos a ocupar uma quota acentuada.

 

Para além da construção, há oportunidades. A energia (devido ao potencial hidroeléctrico e de gás natural), a indústria transformadora e de montagem, a agricultura, a pesca e a actividade hoteleira podem ser boas portas de entrada. Procure criar parcerias: a concorrência internacional é forte e os concursos públicos estão limitados a empresas de capital moçambicano maioritário.

 

 
Perguntas a Fernando Carvalho - Director da AICEP em Moçambique
"Mercado é pequeno e a resposta não é imediata"

Que dicas deixa para quem queira investir neste país?
Apesar do elevado nível de informalidade do mercado, em Moçambique a primeira abordagem deve seguir uma via formal. Contactar as instituições [de diplomacia económica] é um passo essencial para as empresas que querem fazer negócio e encontrar as parcerias que lhes possam ser mais favoráveis.

 

É aconselhável destacar a ligação histórica a Portugal?
Esse pode ser um instrumento que facilite a abordagem ao mercado. Assentar a nossa vantagem comparativa nos laços históricos e na língua não me parece que seja de grande utilidade neste contexto [competitivo].

 

Quais as principais barreiras?
As empresas que pretendam entrar em Moçambique têm de ter noção que o aproveitamento das oportunidades depende da capacidade de estar no mercado numa perspectiva de longo prazo, criando parcerias e alianças locais necessárias ao sucesso dos negócios. O crescimento da economia moçambicana tem sido acompanhado, nos últimos tempos, pelo conceito de "local content" que se exprime pela imposição aos grandes projectos de restrições na aquisição de serviços e produtos, sempre que possível, a empresas de capital maioritariamente moçambicano.

 

Que outros sectores poderão ser interessantes?
O mercado doméstico em expansão, o crescimento das cidades, o aumento do rendimento das famílias, a continuação do investimento directo e a crescente localização de empresas internacionais vão necessitar de produtos e de serviços que a oferta local não supre. Desde os simples serviços pessoais ao comércio, à distribuição e à logística, passando pelo aproveitamento do potencial agrícola.

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