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Em cada posto estão penduradas as intenções gerais de trabalho. A precisão é alemã, as mãos portuguesas. No pavilhão central da Bosch, em Braga, sete pessoas estão "a fazer um Audi Q7". Não é que a multinacional fabrique automóveis, mas é por modelos que os trabalhadores se entendem quando falam dos painéis electrónicos ("displays") que contam quilómetros e orientam o condutor. Alguns integram o Optical Bonding, uma tecnologia exclusiva da fábrica de Braga que evita a perda de informação devido à incidência de luz.
Carlos Costa, chefe da linha de produção, tem de garantir a ausência de falhas e o cumprimento das normas. "Mais do que rapidez, o importante é a qualidade. Se não houver isso, pára tudo." Num complexo que, em breve, será de 110 mil metros quadrados, de onde saem dezenas de milhares de sensores por dia e onde trabalham 3.500 funcionários (de operacionais a engenheiros), "acontecem muitos problemas", reconhece Carlos Ribas, o administrador. Uma linha pára, resolve-se, retoma-se o processo. Mas há muito que a Bosch Car Multimedia, a maior unidade da marca no país, deixou de ser só produção.
Previsões erradas
Quando, em 2015, o engenheiro electrónico formado em liderança na escola japonesa assentou bases em Braga, as prioridades estratégicas eram a inovação e o crescimento orgânico. Previa contratar 1.000 pessoas até 2018 para as três unidades de produção - Braga, Aveiro e Ovar - e dizia: "A formação dos nossos colaboradores, a aquisição de competências e a criação de conhecimento serão as prioridades." Se lhe soa familiar, é porque o disco ainda é o mesmo.
As previsões saíram ao lado. Só a fábrica de Braga cresceu 16%, 32% e 49% em cada um dos últimos três anos. "Quase triplicámos a facturação", resume o gestor. No final de 2016, empregava 2.297 pessoas, segundo os dados da Informa D&B; agora tem perto de 3.500. É a maior exportadora e a maior empresa do concelho em volume de negócios - o ano de 2016 terminou acima dos 681 milhões de euros de facturação. E em 2017, fecharam o maior contrato de sempre, de 2.000 milhões de euros (repartidos com a China e a Malásia, mas 65% da produção cabe ao Minho), com a Renault/Nissan. A 30 de Maio, inauguraram um centro de tecnologia e desenvolvimento, "baptizado" pela chanceler alemã Angela Merkel, que destacou o contributo de Braga para o "futuro da Europa".
Pois bem. O futuro, na Europa e no mundo, são os carros autónomos, a conectividade e a mobilidade eléctrica, garante Carlos Ribas, sentado no seu gabinete, com um pequeno império a ser construído à sua volta: há um novo pavilhão a erguer-se sob um investimento de 38 milhões de euros (até 2020, o investimento totaliza 47 milhões de euros), o maior da companhia germânica em solo europeu. São 21 mil metros quadrados novos. Obras feitas e, em breve, 4.500 pessoas deverão estar a trabalhar na unidade de Braga, "o número máximo para a cidade". Mais de 600 serão investigadores (da Bosch e da Universidade do Minho), os responsáveis por fazer cumprir a profecia de Ribas: apresentar as primeiras inovações do novo centro em 2022.
Braga no limite
O que Carlos Ribas diz sobre Braga ter atingido o limite da capacidade e os próximos anos da Bosch serem de estabilização bate certo com o que se vê no complexo de Ferreiros. É difícil estacionar (estão a construir um parque para 2.000 lugares), a proximidade da empresa Aptiv anula hipóteses de expansão e a mão-de-obra já entrou na divisão da escassez. Preocupante? "Há mais Bosch em Portugal", afirma o administrador. "Em vez de ter 10.000 pessoas em Braga, se pudermos dividir esse número por duas ou três cidades, óptimo."
O plano é contribuir para que a marca seja a primeira a "meter carros 100% autónomos no mercado", entre 2025 e 2030, altura em que os veículos serão "forrados a 'displays touchscreen' e uma pessoa vai a trabalhar nos emails, outra vê um filme e outra tem um Skype-meeting", imagina Ribas. Quanto aos países onde já se vendem mais bicicletas do que automóveis, como a Dinamarca, parece não haver problema: "Os sistemas do maior produtor de e-bikes são da Bosch. Eu fiz o primeiro, quando estava em França", conta o engenheiro. E em Braga até já existe uma ciclovia praticamente à porta da maior fábrica do concelho.
Carlos Costa, chefe da linha de produção, tem de garantir a ausência de falhas e o cumprimento das normas. "Mais do que rapidez, o importante é a qualidade. Se não houver isso, pára tudo." Num complexo que, em breve, será de 110 mil metros quadrados, de onde saem dezenas de milhares de sensores por dia e onde trabalham 3.500 funcionários (de operacionais a engenheiros), "acontecem muitos problemas", reconhece Carlos Ribas, o administrador. Uma linha pára, resolve-se, retoma-se o processo. Mas há muito que a Bosch Car Multimedia, a maior unidade da marca no país, deixou de ser só produção.
Previsões erradas
Quando, em 2015, o engenheiro electrónico formado em liderança na escola japonesa assentou bases em Braga, as prioridades estratégicas eram a inovação e o crescimento orgânico. Previa contratar 1.000 pessoas até 2018 para as três unidades de produção - Braga, Aveiro e Ovar - e dizia: "A formação dos nossos colaboradores, a aquisição de competências e a criação de conhecimento serão as prioridades." Se lhe soa familiar, é porque o disco ainda é o mesmo.
As previsões saíram ao lado. Só a fábrica de Braga cresceu 16%, 32% e 49% em cada um dos últimos três anos. "Quase triplicámos a facturação", resume o gestor. No final de 2016, empregava 2.297 pessoas, segundo os dados da Informa D&B; agora tem perto de 3.500. É a maior exportadora e a maior empresa do concelho em volume de negócios - o ano de 2016 terminou acima dos 681 milhões de euros de facturação. E em 2017, fecharam o maior contrato de sempre, de 2.000 milhões de euros (repartidos com a China e a Malásia, mas 65% da produção cabe ao Minho), com a Renault/Nissan. A 30 de Maio, inauguraram um centro de tecnologia e desenvolvimento, "baptizado" pela chanceler alemã Angela Merkel, que destacou o contributo de Braga para o "futuro da Europa".
681
Volume
O volume de negócios em 2016 (dados da Informa D&B) foi de 681 milhões de euros.
49
Por cento
A Bosch Braga cresceu 49% em 2017, depois de ter crescido 32% no ano anterior.
47
Investimento
A expansão da unidade nos próximos anos representa um investimento de 47 milhões.
Pois bem. O futuro, na Europa e no mundo, são os carros autónomos, a conectividade e a mobilidade eléctrica, garante Carlos Ribas, sentado no seu gabinete, com um pequeno império a ser construído à sua volta: há um novo pavilhão a erguer-se sob um investimento de 38 milhões de euros (até 2020, o investimento totaliza 47 milhões de euros), o maior da companhia germânica em solo europeu. São 21 mil metros quadrados novos. Obras feitas e, em breve, 4.500 pessoas deverão estar a trabalhar na unidade de Braga, "o número máximo para a cidade". Mais de 600 serão investigadores (da Bosch e da Universidade do Minho), os responsáveis por fazer cumprir a profecia de Ribas: apresentar as primeiras inovações do novo centro em 2022.
Braga no limite
O que Carlos Ribas diz sobre Braga ter atingido o limite da capacidade e os próximos anos da Bosch serem de estabilização bate certo com o que se vê no complexo de Ferreiros. É difícil estacionar (estão a construir um parque para 2.000 lugares), a proximidade da empresa Aptiv anula hipóteses de expansão e a mão-de-obra já entrou na divisão da escassez. Preocupante? "Há mais Bosch em Portugal", afirma o administrador. "Em vez de ter 10.000 pessoas em Braga, se pudermos dividir esse número por duas ou três cidades, óptimo."
O plano é contribuir para que a marca seja a primeira a "meter carros 100% autónomos no mercado", entre 2025 e 2030, altura em que os veículos serão "forrados a 'displays touchscreen' e uma pessoa vai a trabalhar nos emails, outra vê um filme e outra tem um Skype-meeting", imagina Ribas. Quanto aos países onde já se vendem mais bicicletas do que automóveis, como a Dinamarca, parece não haver problema: "Os sistemas do maior produtor de e-bikes são da Bosch. Eu fiz o primeiro, quando estava em França", conta o engenheiro. E em Braga até já existe uma ciclovia praticamente à porta da maior fábrica do concelho.