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Casais chega até à NATO com "exército" de 800 no exterior

Com mais de 50 anos de história, o grupo de Braga está em 12 países, com 80% da facturação no estrangeiro. A construtora conseguiu sobreviver à vaga de insolvências e está a colaborar na construção da nova sede da NATO.

25 de Novembro de 2014 às 00:01
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A Casais já é quase uma instituição de Braga, um estatuto que conseguiu manter, apesar da crise que levou tantas construtoras (com especial incidência nesta região) à insolvência. Ainda que mantenha a sua estrutura central nesta região, a receita do grupo acabou por ser uma quase  deslocalização: tem mais de 800 pessoas a trabalhar nos 12 mercados em que está presente no estrangeiro. Em Portugal, emprega cerca de 600. 


Estas centenas de expatriados são ultrapassados em número por uma força de trabalho de  2.000 trabalhadores locais. António Carlos Rodrigues, CEO da Casais, diz que, neste ponto, o grupo acompanhou as tendências dos tempos modernos: "Já não são só operários [locais]. Temos quadros técnicos intermédios a trabalhar na nossa empresa. É um caminho incontornável." Há mesmo um intercâmbio cultural dentro da Casais. "Enviamos pessoas para dar formação nestes locais. Em alguns países o desenvolvimento do sector está a crescer, mas o índice de profissionais  ainda é insuficiente." A empresa convida ainda funcionários que estão noutros países para fazer estágios em Braga. 

 

Negócio de família

 

O nosso desafio até somos nós próprios porque, fruto da crise, a maior parte das empresas teve que
se reestruturar e virar para os mercados mais tradicionais. 

António Carlos Rodrigues

CEO do grupo Casais

Fundada há mais de 50 anos, a Casais mantém-se um negócio familiar, apesar da dimensão que já assumiu. "Essencialmente tivemos de fazer a viragem para o exterior em 2011, no ano da crise", realça ao Negócios António Carlos Rodrigues, que é neto do fundador do grupo. "Os mercados externos já pesam 80% na facturação", diz o empresário, que garante ter sido essencial desviar a atenção lá para fora.  "Em 2011 o volume de negócios internacional era de 37%. Em 2012 foi de 70% e em 2013 de 75%. Este ano vai terminar nos 80%", garante o CEO da Casais.


Angola é o mercado que tem mais peso na carteira de encomendas da empresa, que, por exemplo, construiu hotéis para uma cadeia neste país. Em  Moçambique, a empresa acumula várias grandes obras, como a sede do banco BCI. Por lá, tal como aconteceu em Portugal, já há problemas a nível de concorrência. "O nosso desafio até somos nós próprios porque, fruto da crise, a maior parte das empresas  teve que se reestruturar. Os PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa] são sítios predestinados para nós. A concorrência é das empresas portuguesas. Vamos ser o nosso próprio problema dentro de alguns anos", admite António Carlos Rodrigues.


A evolução do mercado e o elevado número de empresas que "fugiram" da crise para estes mercados dita que já haja esmagamento de preços nas propostas. "Ir a um concurso e ter 40 concorrentes não é sustentável. Se metade fizessem consórcio já eram 20.E assim, pelo menos, garantiam que todas as empresas tinham trabalho. Lá fora, o mercado é imenso. E somos tão pequenos, comparados com as empresas de construção brasileiras, francesas...", ressalva o empresário.

 

Trabalhar para a NATO

 

Há uma obra de que a Casais está particularmente orgulhosa. "Estamos a participar na maior obra da Europa, a sede da NATO" em Bruxelas, uma empreitada "top secret" em que todos os trabalhadores e empresas têm que passar por uma certificação e controlo rigoroso.


"O processo de acreditação é bastante longo e analisa cada trabalhador individualmente, para garantir que é uma  pessoa idónea", diz

Temos 2.000 trabalhadores locais nas várias geografias. E já não são só operários. Temos quadros técnicos intermédios
a trabalhar na nossa empresa.
É um caminho incontornável. 

António Carlos Rodrigues

CEO do grupo Casais

António Carlos Rodrigues. E para esta obra escolheu sobretudo trabalhadores portugueses, que o grupo tem espalhados pelos países europeus em que trabalha.

 

Aposta na indústria 

 

Uma das áreas menos conhecidas em que opera a Casais é a industrial. "Também exportamos produto. Temos uma carpintaria e uma área de materiais de construção. No ano passado exportámos 50 milhões de materiais a partir de Portugal, do nosso estaleiro, a juntar ao que exportamos indirectamente", acrescenta.


Este segmento não é uma novidade para o grupo. "Desde que esta empresa nasceu que tem esta vertente de suporte industrial", refere o CEO da Casais. Em 2000 a unidade autonomizou-se e o negócio alargou-se.  "Fazemos muita exportação de produtos que não somos nós que fabricamos. Depois passamos à contentorização e envio para os países de África, por exemplo, e para a Europa também", explica António Carlos Rodrigues.


A Casais deverá fechar 2014 com uma facturação de 350 milhões de euros, um crescimento de 4,4% face à registada no ano passado.

 

A empresa não tem grandes expectativas para o mercado nacional, ainda que continue a ser o segundo maior para a facturação da Casais. O CEO diz mesmo que poderá ser ultrapassado em breve e deixa algumas críticas às opções para o sector, sobretudo focadas na reabilitação.  "Ninguém vai investir para reabilitar e depois ter um plano de ajustamento da renda durante um conjunto de anos", garante.

 

Também exportamos produto. Temos uma carpintaria e uma área de material de construção. No ano passado exportámos 50 milhões de materiais a partir de Portugal, do nosso estaleiro, mais o que exportamos indirectamente. 

António Carlos Rodrigues

CEO do grupo Casais

 

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