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Como é que a Casais escapou às falências e concentrações de empresas no sector? A banca ajudou?
A banca tem sido parceira. Mas também foi afectada pela crise. Temos hoje dificuldades no país e a banca tem que fazer algum esforço para conseguir inverter um pouco o espectro que se criou na construção. A nossa banca tem ordem de saída do sector. Quando falamos em novo crédito para empresas de construção a resposta imediata é que é impossível. Os preços do financiamento são muitas vezes exorbitantes.
Mas se for para um projecto de agricultura ou outro sector existe muito dinheiro e a preços baixos.
E como se financiam?
Estamos dependentes dos mercados lá fora. As insolvências e o desaparecimento de todo o sector intermédio da fileira industrial da construção provocaram perdas dos bancos, assim como no imobiliário que também faz parte da fileira.
Tudo agregado, o impacto foi grande, mas há que começar a destrinçar e perceber que há empresas do sector da construção que têm dimensão e capacidade de gerar volume. Outras ainda se estão a ajustar. Estamos a fazer o nosso processo de adaptação e não podemos dizer que saímos da crise completamente. Mas continuamos a ter o nosso segundo mercado em Portugal. Ainda que caminhe rapidamente para deixar de o ser.
Acredita no movimento da reabilitação?
O potencial esta lá todo. Nós temos muita reabilitação porque não fizemos nada durante 20 ou 30 anos. Se tem um carro e não o levar à manutenção todos os anos corre o risco de ter que o substituir por completo. Temos um conjunto de edifícios que não sofreram intervenções em 20 ou 30 anos e hoje estão num estado tal de degradação que não há grandes soluções a não ser preservar a fachada, deitar o que está no interior abaixo e fazer de novo.
É uma tendência recente...
Era mais fácil construir fora da cidade, porque não era preciso realojar inquilinos, era mais fácil obter uma licença nova e não ter todas essas chatices. Isto vai demorar algum tempo. Estamos a falar da lei do arrendamento e da questão social. Ninguém vai investir para reabilitar e depois ter um plano de ajustamento da renda durante anos. Com o tempo, os prédios deixam de ter aquecimento, instalação eléctrica e as pessoas saem para construção nova. O que não se corrigiu por reabilitação gera problemas futuros por ausência de pessoas nesses prédios.
A banca dá mais facilmente crédito a um privado?
Dá. A um privado que tenha uma fonte de rendimento que não seja a construção. Se um profissional da promoção imobiliária for à banca... Não há.