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Analistas esperam descida dos juros com garantia de implementação de medidas da troika

Analistas acreditam que investidores não irão despejar títulos perante falta de acordo entre os partidos. Mas alertam para a volatilidade, dada a menor liquidez nesta altura do ano

Bloomberg
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PSD, CDP-PP e PS não chegaram a um entendimento para a criação de um governo de “salvação nacional”, como pedia Cavaco Silva. As negociações falharam, mas Portugal não ficou sem Executivo pelo que há a garantia de compromisso com a implementação das medidas acordadas com a troika. Neste sentido, há margem para uma queda dos juros da dívida nacional.

 

"A menos que o Presidente da República tivesse anunciado a dissolução do Parlamento e eleições antecipadas, não espero uma reacção especial do mercado de divida”, diz Filipe Silva, director da gestão de activos do Banco Carregosa. “Há um governo, com maioria para implementar as medidas exigidas pela Troika”, lembra o especialista em declarações ao Negócios, algo que dá garantias aos investidores, pressionando as taxas.

 

Os juros da dívida terminaram a última semana com quedas entre 14 e 17 pontos-base ao longo de toda a curva de maturidades da dívida portuguesa, tendência que se mantém no arranque desta semana. No prazo a 10 anos, o alívio foi ainda mais expressivo – 23 pontos-base – com as taxas a descerem para os 6,8%. Os juros a 10 anos seguem hoje a recuar 27,3 pontos para os 6,526%.

 

Crise ainda está por “pagar”

 

“Na sexta-feira as taxas estiveram a descer num movimento generalizado na Zona Euro”, lembra Filipe Silva. “Não acredito que a falta de acordo possa provocar algum movimento específico, apesar de o mercado andar muito volátil nas últimas semanas", sublinhou o especialista do Banco Carregosa. Com a aproximação ao mês de Agosto, tipicamente de baixa liquidez, é provável que a volatilidade se faça sentir de forma mais expressiva.

 

Apesar da queda recente, os juros da dívida nacional continuam acima dos níveis anteriores aos registados no final do mês de Junho, antes de estalar a crise política com a saída do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, mas também o pedido de demissão de Paulo Portas. Para este prémio superior exigido pelos investidores tem contribuído a indefinição política, mas também vários alertas de bancos de investimento quanto à fragilidade do País.

 

Segundo resgate no horizonte?

 

Ainda na sexta-feira, Florian Weber, analista do Crédit Suisse, divulgou uma nota de investimento onde afirmava considerar que é “provável que Portugal tenha de pedir um segundo resgate algures durante o próximo ano”. E nesta lógica, o banco de investimento suíço aconselhou contra a exposição dos seus clientes à dívida pública portuguesa, sobretudo nos títulos de dívida com prazos mais curtos (dois a quatro anos).

 

Harvinder Sian, estratego de obrigações do Royal Bank of Scotland, reiterou, recentemente, que "o mais provável é Portugal necessitar de um segundo resgate", seguindo a tese defendida por vários especialistas do mercado. Florian Weber alerta, por isso, que “o mercado continua a subestimar os riscos de algum tipo de reestruturação de dívida” portuguesa caso seja necessário ao País recorrer a esse segundo pacote de resgate.

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