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S&P tira "rating" de Portugal de "lixo"
Mais de cinco anos depois com “rating” de “lixo” por parte das três maiores agências de notação financeira, Portugal volta a ter uma classificação de grau de investimento.
A Standard & Poor’s surpreendeu as expectativas do mercado e subiu o "rating" de Portugal de BB+ para BBB-, retirando a nota do país de "lixo". A perspectiva é estável e pela primeira vez em mais de cinco anos Portugal tem uma das três principais agências a avaliar o "rating" acima de "lixo".
Na base da decisão da S&P esteve o "forte desempenho económico e orçamental", segundo a nota divulgada esta sexta-feira, 15 de Setembro. Mas, apesar de o mercado ter premiado a dívida portuguesa nos últimos meses devido a esses factores, eram poucos os que antecipavam que a S&P tirasse esta sexta-feira o "rating" de "lixo".
A aposta consensual era que, à semelhança do que fizeram a Fitch e a Moody’s, houvesse apenas uma melhoria do "outlook", aguardando a decisão de retirada de "lixo" para o início do próximo ano. Jens Peter Sørensen, analista-chefe da Danske Markets, dizia ao Negócios antes da decisão que "a probabilidade para uma subida era baixa apesar de Portugal já ter saído do Procedimento de Défices Excessivos".
Essa perspectiva era relativamente consensual, já que geralmente as agências de "rating" melhoram o "outlook" antes de materializarem uma subida de "rating", principalmente em casos de passagens de "lixo" para "grau de investimento". Na última revisão, em Março, a S&P tinha deixado as condições para subir o "rating". E considera que se materializaram, a começar pelo crescimento acima do esperado.
"A subida reflecte a melhoria da nossa estimativa para o crescimento do PIB português entre 2017 e 2020, assim como o progresso sólido que foi feito na redução do défice orçamental e na redução do risco de uma deterioração significativa nas condições de financiamento externo", refere a S&P. Detalha que "projectamos agora que o PIB português cresça em média mais de 2% entre 2017 e 2020, o que compara com a nossa anterior estimativa de 1,5%". Já do lado da execução orçamental destaca que a redução do défice para 1,5% este ano "coloca o rácio de dívida pública sobre o PIB numa trajectória mais firme de descida".
Além disso, a S&P refere que o BCE deverá assegurar uma transição suave em direcção a uma política monetária mais suave. E mostrou-se satisfeita com a reacção positiva que as taxas portuguesas estão a mostrar com as compras cada vez menores do banco central. Em relação ao sector bancário, outra das preocupações que tinha expresso na reunião de Março, destaca os progressos feitos através da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e da legislação que permitiu uma reconfiguração das estruturas accionistas de BCP e BPI.