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Juros da dívida portuguesa a dez anos sobem mais de 50 pontos em dois dias
Desde sexta-feira, dia em que foi apresentado o Orçamento do Estado, os juros da dívida a dez anos já sobem mais de 50 pontos base. Também o risco da dívida portuguesa está em máximos de Janeiro de 2014.
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Os juros da dívida pública portuguesa estão a acelerar as subidas esta terça-feira, 9 de Fevereiro, destacando-se dos restantes congéneres europeus.
A ‘yield’ associada às obrigações a dez anos dispara 26,8 pontos base para 3,652%, o valor mais elevado desde Outubro de 2014. Desde o fecho da sessão da passada sexta-feira, dia em que foi apresentado o Orçamento do Estado para este ano, a ‘yield’ acumula uma subida de mais de 50 pontos.
Neste mesmo período, os juros da dívida espanhola a dez anos escalaram menos de 20 pontos, os da italiana precisamente 20 pontos, enquanto os da Alemanha e França caíram. Isto num contexto de volatilidade nos mercados devido ao aumento das preocupações em torno da evolução da economia global, e dos riscos de recessão e deflação.
Alargando o período temporal para desde o início do ano, a "yield" das obrigações portuguesas já subiu mais de 1 ponto percentual.
Risco em máximos desde a troika
Além dos juros, também a percepção de risco da dívida portuguesa – medida pela comparação com a dívida alemã – está a subir esta terça-feira.
Quer isto dizer que o prémio de risco que os investidores estão a exigir para comprar dívida portuguesa em detrimento da alemã (o chamado "spread") está mais alto. Situa-se nos 339,6 pontos, o valor mais alto desde Janeiro de 2014, quatro meses antes de a troika sair de Portugal.
A subida do spread explica-se pelo facto de os juros da dívida alemã estarem a aumentar muito menos do que os da dívida portuguesa. Enquanto em Portugal a ‘yield’ da dívida de referência sobe mais de 25 pontos base, na Alemanha o agravamento é de apenas 0,8 pontos para 0,226%.
Esta evolução acontece numa altura em que os investidores estão a privilegiar activos mais seguros e a fugir dos mercados de acções e das obrigações de países considerados mais arriscados.
Prova disso é a forte descida da ‘yield’ das obrigações japonesas a dez anos que, pela primeira vez, caíram para valores negativos. Também o iene atingiu o valor mais alto face ao dólar desde Novembro de 2014. Por outro lado, as bolsas europeias seguem em mínimos de Outubro de 2014.