Notícia
Juros de Portugal superam os 2% pela primeira vez em quatro meses
O custo de financiamento de Portugal está a aumentar, com a "yield" das obrigações a 10 anos a negociar acima dos 2% pela primeira vez desde Junho. Os juros da dívida portuguesa seguem toada de subida dos juros das dívidas públicas, arrastados pelo aumento dos juros nos Estados Unidos.
Continuam a fazer-se sentir em Portugal (e na Zona Euro) os efeitos provocados pela conjugação da normalização da política monetária da Reserva Federal dos Estados Unidos e crescente robustez da economia norte-americana.
Os juros da dívida pública portuguesa no mercado secundário avançam em todas as maturidades superiores a 12 meses, inclusive. No prazo a 10 anos, a "yield" sobe 3,9 pontos base para 2,007%, o valor mais alto desde 13 de Junho. Desde esse dia que as obrigações lusas não eram negociadas acima dos 2%.
Isto acontece numa altura em que os juros da dívida norte-americana continuam a ser transaccionados em máximos de Maio de 2011. A potenciar a subida dos juros dos Estados Unidos está a crescente convicção dos investidores de que a Fed irá prosseguir o caminho de normalização da subida da política monetária, nomeadamente através de novos aumentos do custo do dinheiro.
Depois de ter já decretado três aumentos dos juros em 2018, acredita-se que o banco central norte-americano possa anunciar uma quarta subida até ao final do ano em curso, convicção reforçada pelos dados económicos que confirmam melhorias ao nível do mercado laboral e da inflação.
Também o Banco Central Europeu iniciou já o caminho de normalização monetária, tendo em Outubro reduzido para metade o valor do programa mensal de compra de activos.
Por outro lado, a conjuntura política em Itália também contribui para os aumentos generalizados dos juros na área do euro. Esta terça-feira, a taxa de juro correspondente às obrigações transalpinas a 10 anos está em máximos de Fevereiro de 2014, isto numa fase em que se aproxima o dia 15 de Outubro, data para a entrega, em Bruxelas, das propostas orçamentais por parte dos Estados-membros.
Itália definiu metas para o défice acima das anteriormente acordadas com a Comissão Europeia, uma mudança de política promovida pelo governo anti-sistema de coligação entre o 5 Estrelas e a Liga. Bruxelas já alertou para o "desvio significativo" das metas orçamentais de Roma face ao inicialmente acordado.