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Tria tenta acalmar ânimos à volta do Orçamento mas juros de Itália mantêm-se em máximos

Giovanni Tria quer que a discussão à volta do Orçamento de Itália para o próximo ano baixe de tom. Os mercados continuam a penalizar os juros italianos, renovando máximos de 2014.

09 de Outubro de 2018 às 11:14
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O braço-de-ferro entre Itália e a Comissão Europeia continua, mas o ministro das Finanças italiano mantém o tom conciliatório. Giovanni Tria disse esta terça-feira, 9 de Outubro, no Parlamento italiano, que quer ter um "diálogo construtivo" com as instituições europeias sobre o Orçamento do Estado para 2019. Durante o fim-de-semana, a Comissão Europeia deixou claro que Itália corre o risco de ter um "desvio significativo" nas contas públicas. 

Num discurso perante os deputados, Tria começou por defender a estratégia do actual Governo para reduzir a dívida pública, criticando os anteriores Executivos por não terem sido eficazes nesse campo. Para o actual ministro das Finanças o país tem de apostar na aceleração do crescimento económico e do emprego. Este é um dos potenciais problemas do cenário macroeconómico traçado por Giovanni Tria: as previsões de crescimento são optimistas face aquilo que é esperado pela maior parte das instituições.

Ainda esta terça-feira o Fundo Monetário Internacional reviu em baixa o crescimento económico de Itália para 1,2% em 2018 e 1% em 2019. Estes números contrastam com a expectativa do Governo italiano de que a economia irá acelerar 1,5% no próximo ano - Tria disse hoje que até pode rever o número em alta. O FMI e o Governo também divergem no défice: o Fundo prevê 1,7% enquanto Tria fixou 2,4% em 2019, diminuindo nos anos seguintes. São previsões "cautelosas", classificou, argumentando que o crescimento económico é a única forma de manter a sustentabilidade das finanças públicas. 

Os juros da dívida italiana a dez anos renovaram máximos nesta sessão, superando ligeiramente os 3,6% fixados esta segunda-feira. Este continua a ser o maior "prémio" pedido pelos investidores para comprar dívida italiana no mercado secundário desde 2014, período anterior ao programa de compras do Banco Central Europeu focado nas obrigações soberanas da Zona Euro e que levou à queda generalizada dos juros nos Estados-membros.

Perante os deputados italianos, numa tentativa de acalmar os ânimos à volta da proposta de Orçamento, Giovanni Tria garantiu que vai começar um "diálogo construtivo com a Comissão Europeia", assinalando que o tom do debate tem de diminuir de intensidade. Estas declarações surgem depois dos líderes dos dois partidos da coligação governativa terem criticado duramente Bruxelas, apelidando Jean-Claude Juncker de "inimigo". O presidente da Comissão já fez saber que não tem "problemas de consciência" em relação a Itália e que tem aplicado as regras de forma flexível e inteligente.

A tensão não deverá ser apenas ao nível europeu. De acordo com o Il Sole 24 Ore, a unidade orçamental do Parlamento deverá questionar as novas metas do cenário macroeconómico do Governo, especialmente a subida do PIB de 1,5% em 2019. O representante dessa unidade deverá falar hoje na comissão parlamentar do Orçamento. Segundo a Bloomberg, essa comissão pode pedir ao Governo para rever as metas ou uma explicação que as sustente.

O ministro das Finanças italiano alertou ainda para os efeitos negativos da desaceleração a nível global - uma tendência identificada pelo FMI no World Economic Outlook de Outubro - e disse que o crescimento económico de Itália é "inaceitável" comparado com outros países da Zona Euro, de acordo com a Bloomberg. "O outlook não é positivo", admitiu, referindo que as previsões mais recentes mostram que está em curso uma desaceleração nas economias avançadas.

Quanto ao défice estrutural, um dos indicadores a que Bruxelas presta atenção, Giovanni Tria garantiu que este irá diminuir assim que o PIB e o emprego regressem aos níveis pré-crise.
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