Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

DBRS corta rating do Novo Banco devido à menor probabilidade de ajuda estatal

A agência canadiana de notação financeira cortou a classificação do Novo Banco, tal como fez com o Montepio e o BCP, devido às alterações ao nível da regulação e legislação na União Europeia que já não dão como certa a probabilidade de um apoio estatal em caso de apuros.

Bruno Simão/Negócios
30 de Setembro de 2015 às 18:11
  • 1
  • ...

A Dominion Bond Rating Service (DBRS) cortou a notação da dívida de longo prazo do Novo Banco em dois níveis, de ‘BB (baixo)’ [terceiro nível do chamado 'junk'] para o quinto nível da categoria especulativa: ‘B’.

 

"No âmbito da revisão efectuada, a DBRS retirou o apoio sistémico governamental a 31 bancos europeus. A revisão pela DBRS reflecte a opinião de que os desenvolvimentos a nível da regulamentação e legislação europeias se traduzem em menor probabilidade de suporte governamental atempado", refere em comunicado à CMVM o banco liderado por Eduardo Stock da Cunha.

 

A DBRS manteve o rating intrínseco (Intrinsic Assessment) da instituição em B, tendo revisto a tendência de todos os ratings para ‘estável’. "A agência refere que tal se deve ao progresso que o Novo Banco fez a proteger a sua operação e a melhorar o seu perfil de ‘funding’ e liquidez", acrescenta o comunicado.

 

Na terça-feira, a DBRS tinha já comunicado um corte dos ratings do Montepio e do BCP, em um nível, de ‘BBB (baixo)’ para o primeiro nível de lixo: ‘BB (alto)’.

 

Em relação ao Novo Banco, decidiu-se por um corte de dois níveis, para 'B' – em que a qualidade do crédito já é considerada altamente especulativa.

Ainda esta quarta-feira, o Banco Popular Portugal informou também que a DBRS reviu em baixa o seu rating de longo prazo, de ‘BBB’ para ‘BBB (baixo)’, mantendo-se assim um nível acima de "lixo". Esta acção sobre a subsidiária do banco espanhol resulta igualmente da menor probabilidade de apoio soberano atempado na resolução de entidades financeiras.

A DBRS atribui ainda notações a duas outras instituições financeiras portuguesas, a Caixa Geral de Depósitos e o Santander Totta – estes bancos, a par com o Intesa Sanpaolo, BBVA e CaixaBank – são contabilizados à parte porque não têm incorporado nas suas notações qualquer nível de "benefício" (o chamado ‘notch uplift’), uma vez que as suas avaliações intrínsecas estão no mesmo patamar – ou acima – que os respectivos ratings soberanos.

 

No caso da CGD, a classificação atribuída pela DBRS é igual à de Portugal, em ‘BBB (baixo)’ – que é o último nível (10º) de investimento de qualidade.

 

O Santander Totta é o que beneficia do rating mais elevado, ‘BBB (alto)’, que corresponde ao oitavo dos dez níveis da categoria de investimento de qualidade.

 

No passado mês de Maio, a DBRS tinha já colocado 38 bancos europeus sob revisão, com implicações negativas, devido às recentes alterações regulatórias na União Europeia, que não dão como certa a probabilidade de um apoio estatal em caso de dificuldades. E não foi a única. Com efeito, as principais agências de rating já incorporaram nas suas metodologias o facto de deixar de haver garantias de apoio soberano às instituições financeiras que possam ver-se em apuros.

 

A DBRS é uma das quatro agências de "rating" - a par da Standard & Poor's, Moody's e Fitch - cujas avaliações são consideradas pelo Banco Central Europeu ao aceitar activos como garantia no financiamento que dá aos bancos. 

 

Sublinhe-se que os termos ‘alto’ e ‘baixo’ correspondem aos sinais de ‘+’ e ‘-’ atribuídos pelas três maiores agências de rating.

Incorporar novas metodologias 

Os cortes que muitas instituições financeiras viram nos seus ratings, no âmbito desta revisão por parte das agências de notação financeira nos últimos meses, não significam que estes bancos estejam agora em piores condições para honrarem o pagamento das suas dívidas. O que acontece é que as agências estão a fazer reflectir a nova metodologia de avaliação da qualidade creditícia dos bancos – ou seja, a capacidade para devolverem o dinheiro que pedem emprestado.

 

Assim, as agências estão a assumir que os credores da banca já não podem continuar à espera que haja ajuda soberana em caso de inviabilidade de alguma instituição financeira, uma vez que essa assistência já não está garantida. 

E a sustentar esta revisão da metodologia estão duas regulações europeias aprovadas recentemente. Por um lado, temos a directiva de Resolução e Reestruturação dos Bancos, que entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2015 e que estabelece uma série de critérios para aplicar perdas sobre os credores de um banco antes de estes receberem dinheiros públicos (até agora, esses credores estavam protegidos, pois o Estado intervinha antes de os obrigar a perderem parte do investimento que tinham feito). Por outro lado, temos a norma que regula o Mecanismo Único de Resolução, que criará um "mealheiro comum" com contribuições dos próprios bancos (55.000 milhões de euros) para ser usado em posteriores crises bancárias.


Correcção: a notação do Novo Banco foi cortada em dois níveis e não em cinco, uma vez que foi reduzida de BB baixo - e não de BBB baixo - para B.

Ver comentários
Saber mais DBRS Eduardo Stock da Cunha Novo Banco
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio