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Cristina Casalinho: "Ainda há espaço para melhoria de 'rating'" de Portugal

A presidente do IGCP acredita que ainda há espaço para melhorias de "rating" da República, um factor que deverá ajudar a compensar o efeito do fim do programa de compras do BCE.

Pedro Elias
Patrícia Abreu pabreu@negocios.pt 02 de Maio de 2018 às 12:45
Portugal voltou a ser classificado com um grau de investimento junto de duas das três grandes agências de "rating", na segunda metade do ano passado. Apesar destas melhorias, a presidente do IGCP acredita que o país ainda deverá ser alvo de avaliações positivas por parte destas entidades. Para Cristina Casalinho, estas melhorias de "rating" vão ajudar a dívida portuguesa a superar o impacto da saída do Banco Central Europeu (BCE).

"Ainda há espaço para melhoria de 'rating'. E esse espaço para melhoria poderá isolar Portugal das saídas do BCE das políticas não ortodoxas", explicou Cristina Casalinho, numa audição parlamentar. A responsável mostrou-se optimista para a avaliação da dívida portuguesa junto das agências de notação financeira, referindo que "a percepção do mercado é que Portugal tem um risco melhor que a Itália", contudo em termos de classificação a dívida transalpina ainda é avaliada acima da portuguesa.

Os juros a dez anos de Portugal estão actualmente a negociar abaixo dos italianos, com os investidores a atribuírem um risco inferior a Portugal, perante o ambiente de instabilidade governativo em Itália. Numa nota divulgada no mês passado, o Société Générale adiantou que espera que dentro de um período de dois anos, o "rating" de Portugal irá convergir com o de Itália.

A expectativa era de que a Moody's – a única agência que ainda avalia Portugal num nível considerado "lixo – pudesse melhorar a avaliação de Portugal em Abril, porém a entidade acabou por adiar esta decisão. De acordo com a Moody's, a banca portuguesa ainda está "fraca" e o endividamento do país é demasiado elevado, factores que levaram a entidade a manter o "rating" inalterado.

BCE com impacto limitado

Questionada sobre o impacto da retirada de estímulos por parte do BCE na dívida nacional, Cristina Casalinho mostrou-se igualmente optimista. A líder do IGCP adiantou que o banco central tem optado por manter um ritmo de compras de títulos portugueses estável, dando margem à entidade para continuar a investir o mesmo montante. 

"Portugal encontra-se muito próximo [do limite] da chave de capital. Com compras de 30 milhões, o BCE pode comprar aos mesmos níveis", acrescentou a presidente da instituição que gere a dívida portuguesa. A responsável espera que o BCE termine o seu programa de compras algures entre Setembro e Dezembro, passando depois a reinvestir o montante aplicado ao longo do programa.

No caso português, Casalinho destaca que apenas se o BCE baixar o plano de compras para um valor de 20 mil milhões de euros é que haverá uma implicação na aquisição de dívida portuguesa e, mesmo assim, "menores do que as que venham a acontecer noutras economias".

Mas, para Cristina Casalinho as compras do BCE têm actualmente um impacto mais limitado do que no passado, o que foi possível observar no caso de "países como Itália ou França, a diminuição das compras não parece ter impacto significativo no comportamento no mercado".

Ainda assim, o IGCP está a acautelar com algumas medidas a saída do BCE, de modo a amortizar o impacto do fim dos estímulos. Trabalhar com as agências de 'rating' no sentido de melhoria, gerir o risco de refinanciamento, de modo a que este seja o mais controlado possível e permitir uma rotação saudável na base de investidores são as três medidas que a agência que gere a dívida pública nacional está a privilegiar para diminuir o impacto do fim das compras do BCE.

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