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Ainda não foi desta que a Moody’s decidiu tirar Portugal do lixo

Sete anos depois de ter colocado a dívida soberana portuguesa no patamar de investimento especulativo, esperava-se que fosse hoje que a agência de notação financeira Moody’s a retirasse desse patamar. Mas ainda não foi desta.

Bloomberg
Carla Pedro cpedro@negocios.pt 20 de Abril de 2018 às 21:44

Depois de, a 5 de Julho de 2011, a Moody’s ter classificado de lixo a dívida soberana de longo prazo de Portugal, ao colocá-la num grau de investimento especulativo, esta sexta-feira, 20 de Abril, as expectativas apontavam para que a agência de rating revisse em alta a notação portuguesa, que regressaria assim a um patamar de investimento de qualidade.

 

Mas não foi o que sucedeu. Apesar de a perspectiva ("outlook") para a evolução da dívida ser positiva e a grande maioria dos analistas antecipar um "upgrade", a Moody’s decidiu não se pronunciar sobre o rating português, que se mantém assim em ‘Ba1’, que é o primeiro nível de "junk".

 

A Moody’s continua, por isso, a ser a única agência de notação financeira que ainda não considera a dívida de Portugal como um investimento de qualidade.

 

A Standard & Poor’s e a Fitch retiraram Portugal do lixo no ano passado, em Setembro e em Dezembro, respectivamente, ao passo que a canadiana DBRS manteve sempre o país acima desse patamar. 

 

A Fitch, ao ter elevado a notação da dívida da República em dois níveis, para BBB, ficou a ser a agência que melhor classificação dava a Portugal, mas hoje também a DBRS subiu o rating de Portugal para o penúltimo nível do investimento de qualidade.

 

Enquanto foi a única agência que mantinha Portugal acima de lixo, a DBRS tinha o poder de ligar ou desligar Portugal da máquina do Banco Central Europeu, uma vez que era a única que garantia a elegibilidade da dívida nacional para os programas de compra do BCE.

No passado mês de Fevereiro, a Moody’s elogiou o bom momento da economia portuguesa e a execução orçamental, mas mostrou preocupação com o elevado nível da dívida no contexto europeu.

A segunda ronda de avaliações à dívida soberana de Portugal começa com a S&P a 14 de Setembro, prossegue com a Moody's e a DBRS a 12 de Outubro e termina com a Fitch a 30 de Novembro.

 

Ou seja, Portugal poderá ter de esperar até Outubro para deixar de estar no lixo pela mão da Moody’s. As agências podem tomar decisões fora das datas previamente calendarizadas, mas têm de apresentar justificação para tal.

 
Moody's foi a primeira a colocar Portugal no "lixo"

Recorde-se que a 6 de Abril 2011 José Sócrates anunciava ao País que Portugal ia pedir ajuda externa, uma notícia que Teixeira dos Santos avançara, horas antes, ao Negócios. As agências de rating já vinham a descer a classificação portuguesa há alguns meses, mas foi este pedido de ajuda, que conduziu ao programa de assistência financeira da troika, que precipitou Portugal para o lixo.

 

O então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, declarou a 8 de Julho que as decisões das principais agências de rating eram "uma ameaça à estabilidade da economia europeia" e considerou "escandalosa" a entrada no lixo, pela mão da Moody’s, da classificação da República Portuguesa. Quase sete anos depois, esta agência é a unica entre as consideradas grandes a manter Portugal no patamar de "junk".

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