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DBRS sobe rating de Portugal para dois níveis acima de lixo

A agência de notação financeira DBRS elevou a classificação da dívida de longo prazo de Portugal, em um nível, para o penúltimo grau de investimento de qualidade. A perspectiva manteve-se estável.

A agência de rating canadiana Dominion Bond Rating Service (DBRS) subiu a classificação da dívida soberana portuguesa em um nível, para o penúltimo nível do grau de investimento, de "BBB" (baixo) para "BBB".

A agência canadiana sempre classificou a dívida portuguesa no grau de investimento de qualidade (o que permitiu ao país aceder ao programa do BCE) e com esta decisão coloca o rating de Portugal dois níveis acima de lixo, um patamar onde também a Fitch coloca a dívida portuguesa. A tendência do "rating" é estável, o que indicia que a DBRS não conta alterar o rating de Portugal no curto prazo.

No comunicado onde justifica a decisão, a DBRS diz que este "upgrade" reflecte a "melhoria" da perspectiva para a sustentabilidade da dívida portuguesa.  A agência canadiana também elogia a melhoria mais duradoura das contas públicas portuguesas, que são suportadas por uma trajectória descendente no rácio da dívida pública.

Este desceu de 130% entre 2014 e 2016 para 125,7% do PIB no ano passado e as perspectivas apontam para que continue a descer, assinala a DBRS, destacando que Portugal continua a promover uma "disciplina orçamental", ao mesmo tempo que reduz os seus custos de financiamento (de 4,9% do PIB em 2014 para 3,9% em 2017). As perspectivas da agência apontam para que a dívida pública baixe dos 120% do PIB em 2019.

Ainda assim, nota agência, "o elevado nível do endividamento público permanece como um dos principais desafios para o 'rating" de Portugal", pois deixa as contas públicas "vulneráveis a choques negativos". 

No que diz respeito à evolução da economia portuguesa, a DBRS assinala que "continua a crescer a bom ritmo" e destaca que na área da banca, o crédito malparado (NPL) está a descer.

O que pode mexer o rating para cima ou para baixo

No comunicado, a DBRS explicita os factores que podem motivar uma nova mexida no rating de Portugal.


Se Portugal alcançar excedentes primários (sem ter em conta despesa com juros da dívida) de forma sustentada, e se a economia continuar a crescer a bom ritmo, a agência admite voltar a elevar o rating de Portugal, sendo que "progressos adicionais na redução dos NPL" também podem justificar subidas na classificação da dívida portuguesa por parte da DBRS.

Ao longo dos próximos cinco anos, Portugal deverá alcançar excedentes primários entre 2,5% e 3,8% do PIB. Quanto o crescimento do PIB, deverá abrandar este ano, mas ainda assim com um ritmo "sólido" de 2,3%. 


Em sentido contrário, a DBRS admite cortar o rating de Portugal caso se assista a uma "deterioração na dinâmica da dívida pública" ou um "enfraquecimento no compromisso político para adoptar políticas económicas sustentáveis".


Falta a Moody's para Portugal sair de "lixo" em todas as agências


A Moody’s, que hoje também se pronunciava sobre o rating de Portugal, decidiu não emitir qualquer decisão. Continua assim a ser a única agência de notação financeira que ainda não considera a dívida de Portugal como um investimento de qualidade. A Standard & Poor’s e a Fitch retiraram Portugal do lixo no ano passado, em Setembro e em Dezembro, respectivamente, ao passo que a canadiana DBRS manteve sempre o país acima desse patamar.

 

A Fitch, ao ter elevado a notação da dívida da República em dois níveis, para BBB, ficou a ser a agência que melhor classificação dava a Portugal, mas a DBRS também elevou hoje o seu rating para o penúltimo nível de investimento de qualidade.

 

Enquanto foi a única agência que mantinha Portugal acima de lixo, a DBRS tinha o poder de ligar ou desligar Portugal da máquina do Banco Central Europeu, uma vez que era a única que garantia a elegibilidade da dívida nacional para os programas de compra do BCE.


(notícia actualizada às 22:15 pela última vez)

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