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Centeno, líder do Eurogrupo: “Existem riscos externos para o crescimento"

Prestes a completar 100 dias na liderança do Eurogrupo, o ministro das Finanças considera que os desafios que tem pela frente são "grandes na substância e na forma", admitindo, a propósito do conflito na Síria, que “existem riscos externos para o crescimento” da zona euro.

Miguel Baltazar/Negócios
21 de Abril de 2018 às 09:47
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"Os desafios são grandes na substância e na forma como tem de se coordenar visões muito diversas, mas o objectivo é contar com todos e com todas as opiniões", disse Mário Centeno em entrevista à Lusa para assinalar os 100 dias à frente do fórum de ministros das Finanças dos países da zona euro, considerando que "a concretização da união bancária nas suas diferentes vertentes, e o início da discussão sobre a capacidade orçamental serão, nas dimensões política e intelectual, um desafio muito interessante".

 

Para Centeno, o tom destes primeiros cem dias é claramente positivo: "Faço um balanço muito positivo. Temos conseguido apresentar um conjunto de propostas e de dinâmica no funcionamento do Eurogrupo, que se irá perceber que é distinto", por exemplo no convite a académicos para fazerem apresentações aos ministros.

 

Questionado sobre o impacto que o conflito na Síria pode ter para o crescimento da zona euro, que o Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em alta esta semana em duas décimas para 2,4%, o presidente do Eurogrupo admitiu que "existem riscos externos para o crescimento", mas salientou que "até este momento [o conflito na Síria] não tem uma materialização clara no crescimento da zona euro".

 

As indicações apontam para a manutenção deste crescimento, que já dura há 20 trimestres consecutivos, salienta o ministro das Finanças de Portugal, que usa a Síria, juntamente com a saída do Reino Unido da União Europeia, como exemplos para defender que "é precisamente para fazer face a estes desafios" e aumentar a resistência "às crises que a tarefa do Eurogrupo de completar a União Económica e Monetária deve ser encarada ainda de forma mais clara".

 

Sobre o facto de estar num dos poucos governos de esquerda na Europa, apoiado pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, e, ao mesmo tempo, ser o rosto das regras orçamentais de Bruxelas, Centeno disse que "essa dicotomia existe mais na maneira como as pessoas a colocam do que na realidade".

 

O que importa, vincou, é o programa com que o PS se apresentou a eleições: "Temos um Programa de Governo que assenta num exercício macroeconómico e orçamental que foi apresentado antes das eleições e que temos estado a cumprir à risca; não nos tornámos mais nem menos do que aquilo que estava nesse programa", afirmou o ministro das Finanças.

 

O objectivo, acrescentou, é manter "uma certa linha que conjuga o crescimento com o equilíbrio das contas públicas, e é exactamente isso que temos proposto no Programa de Estabilidade".

 

Sobre a cimeira de Junho, para apresentar o plano e o calendário da união bancária, Centeno admitiu que "é um momento importante", mas lembrou que o verão também deverá ficar marcado pelo "processo de saída da Grécia [do programa de assistência financeira], cujo faseamento tem sido um sucesso".

 

Eleito em Dezembro de 2017 para a liderança do fórum informal de ministros da zona euro, Centeno recebeu o "testemunho" do seu antecessor, o holandês Jeroen Dijsselbloem, em 12 de Janeiro.

 

Mário Centeno, o terceiro presidente do Eurogrupo (depois do luxemburguês Jean-Claude Juncker e de Jeroen Dijsselbloem), foi eleito para um mandato de dois anos e meio, até meados de 2020.

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