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Como o efeito DBRS se pode reflectir nos juros de Portugal

A DBRS manteve a dívida portuguesa dentro do radar do BCE. A decisão era já antecipada pelo mercado, mas deverá ter um impacto favorável nos juros das obrigações nacionais.

24 de Outubro de 2016 às 06:37
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O suspense acabou. Pelo menos por agora. A DBRS, a única agência de "rating" que mantém a dívida portuguesa no radar das compras do BCE, manteve na passada sexta-feira a notação de Portugal em BBB (baixo), um grau acima do nível visto como "lixo" pelos mercados. E continua com  perspectiva estável.

Após alguns focos de incerteza, nas últimas sessões a decisão aparentava já estar a ser descontada pelo mercado. Havia, no entanto, alguma  incerteza sobre se a DBRS iria baixar a perspectiva. Após o veredicto da agência ter dissipado, pelo menos nos próximos meses, as dúvidas sobre a elegibilidade da dívida nacional para as operações no BCE, qual poderá ser o efeito nos juros?


Alívio... mas pouco

Antes da DBRS ter divulgado a decisão, os analistas faziam contas sobre qual o impacto que a manutenção do "rating" poderia ter nas taxas das obrigações nacionais.

O Commerzbank recomendava, numa nota aos clientes, um posicionamento para uma descida da taxa a dez anos para 2,8%. Já os analistas do Crédit Agricole apontavam para um impacto favorável  de 20 pontos base na taxa na dez anos, o que se poderá traduzir numa descida da "yield" dos actuais 3,192% para cerca de 2,99%.

Apesar de anteciparem um alívio, o efeito DBRS poderá ser de curto prazo. O Crédit Agricole alertou que  a dívida nacional arrisca a ser alvo nos próximos trimestres de uma incerteza semelhante à das últimas semanas. Isto à medida que se aproximar a nova revisão da agência canadiana, que poderá ocorrer dentro de aproximadamente seis meses.

E apesar de ter deixado o "rating" inalterado, a agência fez alguns alertas sobre Portugal. Nichola James disse ao Negócios que vê como negativo "a ausência de reformas estruturais". Do lado positivo,  a co-responsável pela análise de "ratings" soberanos da DBRS sublinhou a trajectória de redução do défice.

No relatório sobre Portugal, a agência mostrava ainda algumas preocupações sobre o baixo potencial de crescimento da economia e o nível  elevado do rácio de dívida sobre o PIB. Pedia também mais acção no corte da despesa e mostrava dúvidas sobre se a solução governativa permitiria tomar medidas duradouras nesse sentido.

Ultrapassado mais um teste da DBRS, o IGCP tenta aproveitar esse efeito. A entidade liderada por Cristina Casalinho anunciou, alguns minutos antes da divulgação da decisão da DBRS, um leilão de obrigações do Tesouro (OT) para esta quarta-feira. O Tesouro conta angariar entre 750 milhões e 1.000 milhões de euros, naquela que poderá ser uma das últimas operações de financiamento de OT do ano.

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