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DBRS mantém "rating" mas ruído vai voltar

A DBRS anuncia esta sexta-feira a decisão sobre o “rating” de Portugal, que mantém as obrigações nacionais no radar do BCE. Os analistas não antecipam alterações, mas alertam que o ruído sobre a notação da DBRS irá surgir novamente.

21 de Outubro de 2016 às 07:00
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É um dos factores que têm causado grandes oscilações nos juros da dívida portuguesa. Mas os analistas antecipam que o obstáculo da avaliação da DBRS seja ultrapassado esta sexta-feira, o que poderá  proporcionar algum alívio às taxas das obrigações nacionais. Mas alertam que mesmo que a ameaça seja contida, mais cedo ou mais tarde, acabará por reaparecer.

No último mês, as taxas de juro da dívida portuguesa oscilaram ao sabor de comentários feitos por responsáveis da agência. E essa tendência já se tinha observado antes da avaliação anterior da DBRS, em Abril, que deixaria tudo na mesma.

Muito do futuro financeiro de Portugal joga-se nesta decisão. A agência canadiana é a única das quatro consideradas pelo BCE que avalia Portugal em grau de investimento, uma condição definida pelo banco central para incluir títulos de dívida no programa de compras e para os aceitar nas operações de refinanciamento. Tem uma classificação de BBB (baixo), um nível apenas acima do patamar visto como "lixo" pelos investidores. E Mario Draghi foi peremptório esta quinta-feira, ao dizer que num caso de corte de "rating", Portugal perderia a elegibilidade.

Juros descem com menor probabilidade de corte

No último mês, a taxa portuguesa a dez anos chegou a atingir 3,579%, depois de o economista-chefe da DBRS ter referido ao Financial Times que Portugal estava preso num "círculo vicioso, preso ao baixo crescimento e com grandes problemas estruturais".

 No entanto, a taxa viria a aliviar, principalmente depois de Mário Centeno, que se reuniu com responsáveis da DBRS, se ter mostrado convicto de que a agência iria manter o "rating". Situa-se em 3,211%.  "O mercado ficou com uma perspectiva mais confortável sobre a revisão crucial da DBRS, após a posição tranquilizadora do Governo nas últimas trocas de informações com a DBRS."

O consenso dos analistas é de que tendo em conta os seis factores-chave analisados pela DBRS, a agência não deverá ter motivos para baixar a notação. Isto apesar de os comentários recentes de alguns responsáveis da agência terem levantado o risco de uma descida da perspectiva. "Dadas as declarações recentes do economista-chefe da DBRS, não podemos excluir a possibilidade de um corte na perspectiva", refere o Crédit Agricole. No entanto, este banco tem como cenário base que a DBRS deixe tudo na mesma.

Já o Morgan Stanley realça que apesar das fraquezas apontadas pela agência em relação ao crescimento e à evolução das taxas de juro, "as últimas indicações sugerem que a DBRS ainda está confortável com a situação financeira e política em Portugal".

Ruído da DBRS não irá desaparecer tão cedo

Apesar da perspectiva consensual ser de que Portugal passará na avaliação da DBRS, os analistas realçam que a ameaça do "rating" não irá desaparecer. "É expectável que ruídos semelhantes sobre o "rating" da DBRS ocorram nos próximos trimestres", referiram os analistas do Crédit Agricole.

Também o Morgan Stanley realça que tanto as agências de "rating" como os investidores "continuarão preocupados sobre a trajectória da dívida no médio prazo, no contexto de um crescimento actual e potencial baixo, a par da vulnerabilidade do sistema bancário, a não ser que o impulso das reformas acelere novamente de forma significativa".


cotacao O mercado ficou com uma perspectiva mais confortável sobre a DBRS após a posição tranquilizadora do Governo. Commerzbank
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