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Os momentos marcantes da história recente de Jackson Hole

Há muitos anos que o pequeno vale do Estado norte-americano de Wyoming acolhe o mais importante encontro de política monetária do mundo. Mas a crise financeira de 2008 veio agitar as águas. Desde então, os líderes dos maiores bancos centrais já aproveitaram as atenções de Jackson Hole para fazer anúncios inéditos.

25 de Agosto de 2016 às 10:00
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A falência do Lehman Brothers em 2008 espoletou uma crise sem precedentes. Mas a bolha do imobiliário nos EUA já dava sinais de que algo estava mal. Um evento com repercussões a nível mundial que, pelo meio, teve Jackson Hole como um dos palcos principais. E que continua, ano após ano, a centrar as atenções dos investidores a nível mundial. Conheça os principais momentos dos últimos encontros deste simpósio que celebra, este ano, a sua 40ª edição.

 

Foco na estabilidade financeira num 2008 marcado pelo Lehman 
Tal como já era habitual, Jackson Hole reuniu no final de Agosto as mais proeminentes figuras da economia mundial. Ben Bernanke deslocou-se ao simpósio anual da Fed de Kansas City para fazer o discurso inaugural. O tema era claro: "Manter a Estabilidade num Sistema Financeiro em Mudança". A crise do "subprime" em 2007 havia afectado fortemente os mercados e, apesar das melhorias, os desafios continuavam.

 

"Apesar de termos visto melhorias no funcionamento de alguns mercados, a tempestade financeira que atingiu uma força poderosa ainda não acalmou e os seus efeitos na economia estão a tornar-se visíveis, sob a forma de um abrandamento da actividade económica e aumento do desemprego", disse então Bernanke. Mas já atirava a bola para a frente: "também começámos a pensar sobre as lições para o futuro". O que o presidente da Fed não adivinhava é que, 24 dias após o seu discurso, o Lehman Brothers viria a falir e o mundo a enfrentar a maior crise financeira desde a Grande Depressão.


Nova ronda de dinheiro barato da Fed revelada em 2010 
Antes sequer de o BCE sonhar com programas de injecção massiva de liquidez, já a Fed estava no "terreno". Entre Novembro de 2008 e Junho 2010, a instituição monetária dos EUA realizou a primeira ronda das compras de activos – conhecida como "QE1". Ben Bernanke, então presidente da Fed, interrompeu-as com a justificação de que a economia já estaria a recuperar. Mas não estava.

 

Isso mesmo Ben Bernanke constatou na edição de 2010 de Jackson Hole. Por isso, disse, "apesar de a taxa de juro directora estar perto de zero, a Reserva Federal ainda tem algumas ferramentas e estratégias para fornecer estímulos adicionais". E foi mais longe, quando atirou que "está preparado para providenciar liquidez adicional, através de medidas não convencionais, se tal for necessário", especificando que, entre estas, estariam novas "compras de activos de longo prazo". O simpósio organizado pela Fed de Kansas City voltou, assim, a dominar a atenção dos mercados, que menos de três meses depois viram Ben Bernanke anunciar o "QE2".

 

Pré-anúncio das compras de activos do BCE em 2014 
Tudo apontava para que Janet Yelen, presidente da Reserva Federal dos EUA, dominasse todas as atenções em mais uma edição do Simpósio de Política Económica de Jackson Hole. Mas Mario Draghi apareceu no pequeno vale de Wyoming e deixou todos boquiabertos. "Estou confiante que o pacote de medidas que anunciámos em Junho vai oferecer o impulso que se quer à procura e estamos prontos a ajustar ainda mais a nossa política", disse o presidente do Banco Central Europeu.

 

A instituição monetária acabara de reduzir a taxa de juro de referência para 0,15%, pelo que só sobrava a injecção de liquidez nos mercados. Foi por isso que as suas declarações caíram que nem uma bomba, tanto nos mercados como no seio da Zona Euro. A oposição da Alemanha a qualquer programa de compra de dívida levou Angela Merkel, alegadamente, a telefonar ao presidente do BCE, a pedir-lhe justificações. Mas Mario Draghi estava firme na sua intenção. Apenas 13 dias depois, o BCE anunciava as compras de "covered bonds" e de instrumentos de dívida titularizados. 

Em Janeiro deste ano dizia explicitamente que iriai avançar com um programa de compras de activos que arrancou em Março. Além dos outros dois instrumentos, Mario Draghi incluiu a dívida pública dos países do euro. Vai gastar 1,7 biliões de euros até Março de 2017, mas o programa ainda poder ser flexibilizado.

(Notícia actualizada às 15:41, corrigindo o programa de compra de activos para "1,7 biliões de euros até Março de 2017")

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