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Inapa disparou 30% antes de anunciar venda da posição da CGD ao Estado

O contrato de venda da posição da CGD na Inapa ao Estado tem a data de 28 de Dezembro de 2018. Nas quatro sessões seguintes as ações ordinárias da cotada dispararam 30%, na melhor semana em seis anos, mas o comunicado ao mercado só foi efetuado no fecho da sessão de 4 de janeiro.

As ações da Inapa detidas pela CGD passaram para a DGTF Miguel Baltazar
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As ações ordinárias da Inapa registaram um forte desempenho na semana passada, acumulando uma valorização de 29,8% em apenas quatro sessões (dia 1 de janeiro a bolsa esteve encerrada devido ao feriado de Ano Novo).

 

O desempenho das ações ordinárias, que foi o mais forte em termos semanais desde janeiro de 2013, antecedeu um anúncio efetuado já após o fecho da sessão de sexta-feira: a Caixa Geral de Depósitos vendeu os 33% que detinha no capital da Inapa, através da alienação de ações preferenciais. O Estado foi o comprador, tendo pago 15,8 milhões de euros ao banco público, que regista nas contas uma menos-valia de 600 mil euros devido a esta operação.

 

As ações ordinárias da Inapa subiram 4,92% na segunda-feira (última sessão de 2018), 15,62% na terça-feira, 6,76% na quarta-feira e mais 0,25% na última sessão. No mesmo período o índice PSI-20 valorizou 5%. Nas últimas 52 semanas as ações da Inapa oscilaram entre um máximo de 14,65 cêntimos (a 8 de janeiro de 2018) e um mínimo de 5,98 cêntimos, a 28 de dezembro de 2018.

 

O comunicado da CGD e da Inapa a anunciar o negócio foi publicado no dia 4 de janeiro no site da CMVM, mas de acordo com o mesmo o contrato tem a data de 28 de dezembro. Precisamente o dia útil anterior ao início da escalada das ações da Inapa.

 

O banco liderado por Paulo Macedo, que deixa de estar presente no capital da Inapa, revelou que recebeu 15,8 milhões de euros pela venda de 148.888.866 ações preferenciais sem direito de voto de que era titular, representativas de 49,47% do total das ações preferenciais sem voto emitidas e de 33,01% do capital social da empresa.

 

Desta forma, o Estado, através da Direção Geral do Tesouro e Finanças (DGTF), pagou 10,61 cêntimos por cada ação preferencial da Inapa. Estas ações preferenciais, tal como as ordinárias, também estão cotadas em bolsa, mas a liquidez é quase inexistente. Negociaram pela última vez a 11 e dezembro, fechando nos 10 cêntimos. Nas últimas 52 semanas oscilaram entre um máximo de 13 cêntimos (16 de janeiro de 2018) e 9 cêntimos (18 de Julho de 2018).  

 

As ordinárias, que são as mais líquidas, fecharam sexta-feira a valer 7,92 cêntimos. A forte subida destes títulos no arranque de 2019 ocorre depois de terem perdido metade do valor ao longo do ano passado.

 

Somando as ações ordinárias e preferenciais, a Inapa tem um valor de mercado de cerca de 42 milhões de euros. A capitalização das ações ordinárias é apenas de 11,9 milhões de euros.

 

Com esta aquisição, o Estado português fica com uma participação superior a 33,33% do capital social da Inapa, já que junta a participação da DGTF à da Parpública (8% dos direitos de voto). BCP, Novo Banco e Nova Expressão são os outros acionistas de referência da Inapa. Qualquer acionista, independentemente da posição no capital, não pode votar com mais de um terço dos direitos.

 

A Direção-Geral do Tesouro e Finanças entra no capital da Inapa quando esta se encontra em mudança. Em novembro, a assembleia-geral da distribuidora deliberou o fim das ações preferenciais, e a sua conversão em ações ordinárias – decisão que foi alvo de uma impugnação judicial por parte do acionista Nova Expressão, liderada por Pedro Baltazar.

 

O Ministério das Finanças recusou-se a fazer comentários ao Negócios sobre a operação, nomeadamente qual a razão para a aquisição.  

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