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Inapa quer que CGD, BCP e Novo Banco percam prioridade na recepção de dividendos

A Inapa convocou três assembleias-gerais para converter as acções preferenciais, nas mãos de bancos, em acções ordinárias. Isto para facilitar a entrada do novo accionista devido à compra da companhia alemã.

25 de Outubro de 2018 às 19:01
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A Inapa propôs aos seus accionistas com títulos preferenciais que estas acções sejam transformadas em acções ordinárias. Caixa Geral de Depósitos, Banco Comercial Português e Novo Banco são os principais visados. Aceitando, perdem o direito de serem os primeiros a receber dividendos que, contudo, não têm sido pagos na distribuidora de papel.

 

Há duas reuniões de accionistas da empresa presidida por Diogo Rezende, agendados para 15 de Novembro: uma delas, para todos os accionistas; a outra para apenas os detentores de acções preferenciais. O tema a decidir é a "proposta do conselho de administração para conversão das acções preferenciais sem voto em acções ordinárias".

 

A Inapa tem o seu capital dividido em acções ordinárias (32% nas mãos da Parpública; 10% no BCP; e 13% na Nova Expressão) e em acções preferenciais. A maior parte das acções preferenciais (49,47%), emitidas em 2011, está nas mãos do banco público. Há depois uma parcela de 40,39% cuja posse pertence ao BCP. O Novo Banco ficou com 9,16% destes títulos preferenciais e a Nova Expressão, com uma parcela de 0,44%.

 

Quando foram emitidas, as acções preferenciais não tinham direito de voto. Passaram a ter quando, ao fim de dois exercícios, não receberam dividendo. E isso alterou significativamente os direitos de voto na empresa. O BCP passou a votar com 30%, a CGD com 25%, a Parpública com 8%, o Novo Banco com 6% e ainda a Nova Expressão, com 4%. 


Com a mudança para acções ordinárias, fica simplificada a estrutura accionista, o que é necessário quando está em curso uma operação de aquisição de uma empresa germânica, que pode alterar ainda mais a estrutura accionista.

 

Na prática, com esta proposta da administração, há uma consequência óbvia para os detentores de acções preferenciais: estas são as primeiras a ter direito a dividendos. Passando a ordinárias, deixam de ter prioridade na recepção da remuneração.

 

Nova estrutura accionista
O rácio de conversão proposto pelo conselho de administração é que "cada acção preferencial corresponda a 1,10 acções ordinárias". Os accionistas ainda podem fazer propostas para a alteração deste rácio de conversão de acções preferenciais em acções ordinárias.

Com base nos cálculos do Negócios, e tendo em conta as participações qualificadas da Inapa, cuja última actualização é de 4 de Maio deste ano, a CGD ficará, após a conversão, com cerca de 34% do capital, o BCP com 31%, a Parpública com 10% e o Novo Banco com 6%, acima dos 4% entregues à Nova Expressão. Contudo, continua em cima da mesa o limite máximo de um terço dos direitos de voto. 

 

Ou seja, as participações qualificadas somam 86% das novas acções da Inapa. A posição dispersa em bolsa, nas mãos de outros accionistas, ficaria em 14%.

 

A Inapa passa, aqui, a ter apenas um tipo de acções, o que facilita a operação anunciada na quarta-feira.

 

Decisão sobre financiamento à compra na Alemanha

A distribuidora propôs uma terceira assembleia-geral, para o mesmo dia mas a uma hora distinta, para enquadrar a operação de compra da companhia alemã Papyrus Deutschland ao OptiGroup. O valor da transacção não foi avançado, mas o financiamento será feito com uma emissão de obrigações convertíveis em acções, avaliado em 15 milhões de euros, que poderá depois mudar a estrutura de capital do banco.

 

Como atesta o revisor oficial de contas contratado, da Oliveira Reis e Associados, estes 15 milhões de euros das obrigações convertíveis "representam 23% da capitalização bolsista da Inapa", à data de 24 de Outubro, quando o comunicado sobre a aquisição foi feito.

 

Para que a operação possa avançar, a Inapa precisa de um aumento de capital para acomodar a possível conversão das obrigações.


Acções recuam 12,5%

As acções da Inapa afundaram esta quinta-feira. A queda foi de 12,5% e levou a cotação das acções para os 10,5 cêntimos. Mesmo assim, ainda não ofuscou a subida de ontem, à boleia do anúncio da aquisição. As acções tinham subido 24%. A sessão teve na quinta-feira um volume mais significativo: foram trocadas 1,8 milhões de acções, acima das 983 mil de quarta. A média semestral é de 96 mil títulos negociados por dia. 



 

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