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Pedro Baltazar acusa Inapa de prejudicar minoritários e favorecer bancos

O presidente da Nova Expressão, accionista da Inapa, concorda com a compra da Papyrus Deutschland, mas está contra a conversão de acções que vai aumentar a posição dos bancos no capital da empresa e diminuir a da sua companhia.

Miguel Baltazar/Negócios
02 de Novembro de 2018 às 09:25
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Pedro Baltazar, presidente da Nova Expressão, que tem mais de 4% dos direitos de voto da Inapa, considera que a proposta que a empresa colocou em cima da mesa, na sequência da compra da alemã Papyrus Deutschland, vai prejudicar a empresa que lidera, em benefício dos bancos.

 

Na semana passada, a distribuidora de papel Inapa anunciou o acordo para a compra da empresa germânica, sendo que o financiamento da operação será feito com uma emissão de obrigações convertíveis em acções, que poderá colocar nas mãos do grupo vendedor, o OptiGroup, um total de 23% do capital da distribuidora de papel. Depois, avançou com uma proposta para acabar com a existência de dois tipos de acções representativas do seu capital (ordinárias e preferenciais) para facilitar essa passagem de capital. 

 

O objectivo da gestão de Diogo Rezende é acabar com as segundas, que têm prioridade nos dividendos e estão sobretudo nas mãos da CGD, BCP e Novo Banco. E a proposta é converter cada acção preferencial por 1,1 acções ordinárias, o que vai aumentar o seu peso no capital da companhia, prejudicando os accionistas que têm apenas títulos ordinários nas suas mãos (Parpública e Nova Expressão).

 

Num comunicado enviado às redacções, o presidente da administração da Nova Expressão considera que "este processo de conversão não é necessário no contexto da concretização do negócio de aquisição da Papyrus", que a gestão da empresa considera que vai transformar a Inapa numa das maiores empresas europeias da área do papel.

 

A companhia accionista "não compreende as taxas de conversão propostas para a transformação de acções preferenciais em ordinárias, entendendo que não existem razões para que a referida conversão não seja feita por equivalência simples de uma acção preferencial por uma ordinária". A taxa proposta "penaliza a posição dos accionistas não institucionais e reduz o valor das acções ordinárias que adquiriram no mercado".

 

Foi em 2011 que foi feito um aumento de capital por via de acções preferenciais, que Pedro Baltazar diz ter sido feita para converter a dívida da empresa àqueles bancos que se tornaram depois accionistas. As acções preferenciais têm direito a serem as primeiras a receber dividendo, o que nunca aconteceu, já que a empresa não tem distribuído esta remuneração accionista. 

 

Se a accionista Nova Expressão mostra-se contra a conversão, outra accionista, a Caixa Geral de Depósitos, já indicou que quer uma taxa mais favorável a si, propondo que, em vez de receber 1,1 acção ordinária por cada preferencial, receba 1,25 acções.

 

"Pensamos que muitos accionistas têm pouca informação sobre este processo e sobre o risco", refere Pedro Baltazar no comunicado enviado às redacções, apelando à participação de todos eles nas assembleias-gerais agendadas para debater o tema. 

Como está dividido o capital da Inapa
A Inapa tem o seu capital dividido em acções ordinárias (32% nas mãos da Parpública; 10% no BCP; e 13% na Nova Expressão) e em acções preferenciais. A maior parte das acções preferenciais (49,47%), emitidas em 2011, está nas mãos do banco público. Há depois uma parcela de 40,39% cuja posse pertence ao BCP. O Novo Banco ficou com 9,16% destes títulos preferenciais e a Nova Expressão, com uma parcela de 0,44%.

 

Quando foram emitidas, as acções preferenciais não tinham direito de voto. Passaram a ter quando, ao fim de dois exercícios, não receberam dividendo. E isso alterou significativamente os direitos de voto na empresa. O BCP passou a votar com 30%, a CGD com 25%, a Parpública com 8%, o Novo Banco com 6% e ainda a Nova Expressão, com 4%. 

 

Com base nos cálculos do Negócios, e tendo em conta as participações qualificadas da Inapa, cuja última actualização é de 4 de Maio deste ano, e partindo da taxa de conversão proposta pela gestão da Inapa, a estrutura accionista ficará, após a conversão, com cerca de 34% do capital nas mãos da CGD, o BCP com 31%, a Parpública com 10% e o Novo Banco com 6%, acima dos 4% entregues à Nova Expressão. Contudo, continua em cima da mesa o limite máximo de um terço dos direitos de voto. 

A última semana foi vivida com oscilações relevantes por parte da Inapa na bolsa de Lisboa. Esta sexta-feira, os títulos recuam 0,99% para 10 cêntimos. 

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