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CGD, BCP e Novo Banco passam a ter mais de 70% da Inapa

Com a assembleia-geral desta quinta-feira, a banca perde o direito prioritário na recepção de dividendos da Inapa, que nunca aconteceu, mas asseguram o controlo accionista da distribuidora de papel. Mas há uma impugnação a caminho.

Diogo Rezende é o presidente executivo da Inapa desde 2015, altura em que substituiu José Félix Morgado, que saíra para o Montepio.
15 de Novembro de 2018 às 17:01
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A Caixa Geral de Depósitos, o Banco Comercial Português e o Novo Banco passaram a deter mais de 70% da Inapa, com a decisão saída esta quinta-feira das assembleias-gerais da distribuidora de papel.

 

A assembleia-geral da empresa comandada por Diogo Rezende aprovou a proposta da Parcaixa, entidade detida totalmente pela CGD, de "conversão das acções preferenciais sem voto em acções ordinárias de forma a que a cada acção preferência corresponda a 1,25 acções ordinárias", segundo comunicou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

 

Com esta aprovação, acabam as acções preferenciais na estrutura accionista da Inapa. Estas acções, que davam direito a receber dividendos em primeiro lugar (o que acabou por nunca acontecer) foram subscritas pelos bancos em 2011, num aumento de capital da empresa e que resultou numa tentativa de redução da sua dívida bancária.

Só que estas acções preferenciais passavam a ter direito de voto caso não houvesse dividendos por dois anos seguidos, o que aconteceu. Desde 2014 que os bancos passaram a ter direitos de voto de modo significativo. As assembleias-gerais desta quinta-feira acabam por dar não só direitos de voto como também a propriedade do capital aos três bancos. A Inapa passa, efectivamente, a ser detida por bancos, que nada têm que ver com o negócio. 

 

De acordo com os cálculos do Negócios, e com base no factor de conversão proposto pela Parcaixa (mais favorável para os bancos do que a troca de uma acção preferencial por 1,1 acções ordinárias que tinha sido avançada inicialmente pela administração), o banco público, através da Parcaixa, fica dono de cerca de 35% do capital da instituição financeira (superando os 33% que obrigariam a uma oferta pública de aquisição, mas sem que a tenha de lançar), seguido do grupo BCP, por via também do seu fundo de pensões, fica com 31%. O Novo Banco passa a deter mais de 6%.

 

A impugnação pela perda de forças

 

Como não tinha acções preferenciais, a Parpública perde peso no capital. A empresa estatal, que era a principal accionista da Inapa antes desta operação (e dona de 32,7% das acções ordinárias), fica apenas com 9% do capital após a conversão das acções preferenciais. A Nova Expressão, nas mesmas condições, vê a sua participação diminuída para menos de 4%.

 

Aliás, a Nova Expressão, presidida por Pedro Baltazar (na foto) e que tem 12,5% das acções ordinárias, admitiu já, antes mesmo do desfecho, que vai impugnar as decisões saídas das reuniões de accionistas. Está contra o rácio de conversão dos títulos preferenciais – queria que uma acção preferencial fosse trocada apenas por uma acção ordinária. Aliás, por considerar que os accionistas históricos (os que detêm acções ordinárias) eram prejudicados, Pedro Baltazar pede mesmo a demissão da gestão de Diogo Rezende.

 

Das reuniões saiu também a decisão de alterar os estatutos da Inapa para que nenhum accionista possa votar por mais de um terço dos direitos de voto - que a Nova Expressão também quer impugnar. Algo que já existia em 2014, como forma de impedir que a Caixa Geral de Depósitos, a Parcaixa e a Parpública tivessem, na altura, de lançar uma oferta pública de aquisição

"Não serão considerados os votos emitidos por um accionista, em nome próprio ou como representante de outro, que excedam um terço da totalidade dos votos correspondentes ao capital social" Proposta de alteração de estatutos, aprovada na assembleia-geral de 15 de Novembro

 

A compra na Alemanha

Entretanto, ficou também aprovado o aumento de capital da Inapa que permite a emissão de 15 milhões de euros em obrigações convertíveis que financia a compra da empresa alemã Papyrus Deutschland. Os títulos são entregues à OptiGroup, a dona da companhia germânica, que fica com a possibilidade de ficar com até 23% do capital da Inapa, podendo haver uma nova alteração accionista no futuro. Daí que a tenha de ser aprovado o aumento de capital da empresa, para configurar essa possibilidade

Em bolsa, as acções da Inapa encerraram a sessão desta quinta-feira a cotar nos 10 cêntimos, uma valorização de 2% face ao fecho anterior. Ainda assim, no acumulado do ano, a distribuidora de papel, também presente na área de embalagem e comunicação visual, recua mais de 20%. A capitalização bolsista actual é de 15 milhões de euros - precisamente o valor da emissão de obrigações convertíveis que podem dar 23% do seu capital a um novo accionista. 

 

 

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