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CGD contrapõe proposta da Inapa e quer receber mais pelas acções preferenciais
A Parcaixa propôs deliberar, na assembleia geral da Inapa agendada para 15 de Novembro, que cada acção preferencial da empresa liderada por Diogo Rezende corresponda a 1,25 acções ordinárias.
A Inapa convocou três assembleias gerais para converter as acções preferenciais, nas mãos de bancos, em acções ordinárias. Isto para facilitar a entrada do novo accionista devido à compra da companhia alemã Papyrus.
A Caixa Geral de Depósitos, que é um dos bancos que detém acções preferenciais da distribuidora de papel, pretende que cada acção preferencial passe a valer 1,25 acções ordinárias e veio hoje apresentar a sua proposta para inclusão na ordem de trabalhos da AG de 15 de Novembro.
"A Parcaixa, na qualidade de accionista da Inapa – Investimentos, Participações e Gestão, titular de 148.888.866 açcões preferenciais (…), tendo conhecimento dos pontos da ordem de trabalhos da assembleia geral dessa sociedade convocada para 15 de Novembro, vem requerer a inclusão de uma proposta de deliberação", refere o comunicado divulgado junto da CMVM.
Assim, a CGD, através da Parcaixa, propõe que a AG da Inapa delibere "a conversão das acções preferenciais sem voto em acções ordinárias, de forma a que cada acção preferencial corresponda a 1,25 acções ordinárias, sendo o número de acções a atribuir objecto de arredondamento por defeito para o número inteiro imediatamente inferior".
A gestão da Inapa propôs que no rácio de conversão cada acção preferencial corresponda a 1,1 acções ordinárias.
Recorde-se que a Inapa acordou com a OptiGroup a compra da Papyrus Deutschland, companhia alemã que actua na área da distribuição de papel nos segmentos gráfico e de escritório e que no ano passado obteve uma facturação de 561 milhões de euros.
A Inapa e a OptiGroup assumiram um "enterprise value" em torno de 50 milhões de euros para a Papyrus.
Para financiar a operação, a Inapa vai avançar com uma emissão de obrigações, a favor da Optigroup AB, no valor de 15 milhões de euros, sujeita à aprovação em Assembleia Geral pelos acionistas da distribuidora de papel, e através de "uma quantia a ser diferida por um período de um ano através da emissão de um instrumento de crédito (vendor loan note), cujo valor preliminar está sujeito a ajustes nos termos do acordo de compra e venda de acções", salientava o comunicado desta segunda-feira.
O anúncio da aquisição da Papyrus pela Inapa à OptiGroup foi feito no passado dia 24 de Outubro. O objectivo da Inapa passa por combinar o negócio da Papyrus Deutschland com a sua subsidiária alemã Papier Union.
O que propõe a Inapa
A Inapa propôs aos seus accionistas com títulos preferenciais que estas acções sejam transformadas em acções ordinárias. Caixa Geral de Depósitos, Banco Comercial Português e Novo Banco são os principais visados. Aceitando, perdem o direito de serem os primeiros a receber dividendos que, contudo, não têm sido pagos na distribuidora de papel.
A Inapa tem o seu capital dividido em acções ordinárias (32% nas mãos da Parpública; 10% no BCP; e 13% na Nova Expressão) e em acções preferenciais. A maior parte das acções preferenciais (49,47%), emitidas em 2011, está nas mãos do banco público. Há depois uma parcela de 40,39% cuja posse pertence ao BCP. O Novo Banco ficou com 9,16% destes títulos preferenciais e a Nova Expressão, com uma parcela de 0,44%.
Quando foram emitidas, as acções preferenciais não tinham direito de voto. Passaram a ter quando, ao fim de dois exercícios, não receberam dividendo. E isso alterou significativamente os direitos de voto na empresa. O BCP passou a votar com 30%, a CGD com 25%, a Parpública com 8%, o Novo Banco com 6% e ainda a Nova Expressão, com 4%.
Com a mudança para acções ordinárias, fica simplificada a estrutura accionista, o que é necessário quando está em curso uma operação de aquisição de uma empresa germânica, que pode alterar ainda mais a estrutura accionista.
(Notícia corrigida às 11:30 para alterar referência à Parpública quando se estava a falar de Parcaixa)
Na prática, com esta proposta da administração, há uma consequência óbvia para os detentores de acções preferenciais: estas são as primeiras a ter direito a dividendos. Passando a ordinárias, deixam de ter prioridade na recepção da remuneração.