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BCE está a estudar experiência da Fed e Banco de Inglaterra com o QE para decidir volume de títulos a comprar
Benoit Coeure, membro da comissão executiva do BCE, garante que a autoridade monetária terá em conta "as experiências norte-americana e britânica para determinar a quantidade de títulos a comprar". O BCE poderá anunciar, já em Janeiro, um programa de alívio quantitativo.
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O BCE está a estudar as experiências de outros bancos centrais com o programa de alívio quantitativo (QE, na sigla inglesa) – nomeadamente da Reserva Federal dos Estados Unidos e do Banco de Inglaterra – para decidir o volume de títulos que poderá comprar, como parte do seu próprio programa, avança Coeure, membro da comissão executiva do BCE.
"Vamos ter em conta as experiências norte-americana e britânica para determinar a quantidade de títulos a comprar", adiantou Benoit Coeure, em entrevista ao jornal Libération, confirmada pelo gabinete de imprensa do BCE.
Numa outra entrevista ao Irish Times, citada pela Bloomberg, o responsável do BCE refere que a autoridade monetária está também a estudar o risco de "consequências involuntárias" que poderão advir do programa de alívio quantitativo.
"Pode criar riscos para a estabilidade financeira porque vai fazer subir o preço dos activos", sublinhou. "Queremos ter a certeza que respondemos a todas as questões, que sempre que um efeito colateral negativo seja identificado, nós temos uma resposta" e "sabemos como mitigá-lo".
Este alívio quantitativo – que consiste na injeção directa de dinheiro na economia através da compra de activos – poderá ser anunciado já na reunião deste mês, agendada para dia 22, e consiste numa "arma" que o BCE utilizará para combater o risco de deflação na Zona Euro. Ainda esta sexta-feira, o Eurostat confirmou que a taxa de inflação homóloga na Zona Euro caiu para o valor negativo de -0,2% em Dezembro.
Estando a inflação muito longe do objectivo de 2% do BCE há muito tempo, a autoridade monetária comprometeu-se, no final do ano passado, a expandir o seu balanço em 1 bilião de euros, para os três biliões até ao final de 2016, para, na prática, gerar inflação. No entanto, para atingir esta expansão, o BCE necessitará de comprar também dívida pública, uma possibilidade que o presidente da autoridade monetária, Mario Draghi, já admitiu várias vezes este mês.
Todos os membros do Conselho de Governadores do BCE estão determinadas a cumprir o mandato", adiantou Draghi, numa entrevista ao alemão Die Zeit, publicada esta quarta-feira. "Há, naturalmente, diferenças nas formas em que isso pode ser feito, mas não há possibilidades infinitas". Para fazer subir os preços, o BCE " tem de manter os juros baixos e trabalhar em direcção a uma política monetária expansionista", acrescentou Draghi.
Na imprensa alemã, Mario Draghi já tinha admitido avançar para outras medidas, como a compra de títulos de dívida pública. No início de Janeiro, em entrevista ao jornal económico alemão Handelsblatt, o presidente da autoridade monetária europeia garantiu que, caso seja necessário, a instituição está em condições de "alterar a dimensão, a velocidade e a composição das nossas medidas já no início de 2015 para reagir a um longo período de baixa inflação na região".