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Draghi volta a admitir compra de dívida pública (act.)

O Banco Central Europeu vai reavaliar o seu plano de estímulos monetários e uma das medidas que está em cima da mesa passa pela compra de dívida soberana, reafirmou Mario Draghi esta quinta-feira.

Bloomberg
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O presidente do Banco Central Europeu voltou esta quinta-feira a admitir avançar com um programa de compra de dívida pública. Esta perspectiva, que consta em respostas numa carta enviada a um eurodeputado, fez acelerar os ganhos das bolsas europeias.

 

"No início deste ano, o Conselho de Governadores [do BCE] vai reavaliar o impacto dos estímulos monetários introduzidos no segundo semestre de 2014", sendo que o resultado poderá passar por "ajustar a dimensão, ritmo e composição das medidas do BCE", afirmou o presidente do BCE numa carta enviada a Luke Flanagan, em respostas a questões colocadas pelo eurodeputado.

 

Na mesma carta, Draghi explicita que entre as medidas a adoptar pelo BCE poderá estar a compra de um conjunto variado de activos, entre os quais poderá estar a dívida soberana".

 

 

O BCE já tinha iniciado, a 20 de Outubro, a compra de obrigações privadas, constituídas por activos como hipotecas e empréstimos ao sector público – as chamadas "covered bonds" - com o objectivo de combater o ambiente de baixa inflação que se faz sentir na Zona Euro.

 

A frase de Mario Draghi não é nova e tem sido repetida várias vezes pelo presidente do BCE. "Outras medidas não convencionais poderão incluir a compra de um conjunto de activos, um dos quais [a compra] de títulos de dívida soberana", adiantou Mario Draghi no Parlamento Europeu a 17 de Novembro. 

 

Contudo, a declaração de Draghi ganha nova força dado que os últimos indicadores económicos. Sobretudo a queda da inflação para um valor negativo de 0,2% em Dezembro, que veio reforçar os receios de deflação na Zona Euro. Logo no arranque deste ano Mario Draghi admitiu o risco de deflação na Zona Euro.

 

Ganha assim força o cenário de o BCE avançar para um programa de compra de dívida pública (alívio quantitativo, ou "quantitative easing") já na reunião agendada para 22 de Janeiro, com o objectivo de travar as pressões deflacionistas na região e estimular o fraco crescimento económico.   

Notícias das últimas semanas apontam para três cenários alternativos que incluem a compra de dívida pública com diferentes graus de risco para o balanço do BCE. Este será um desenvolvimento central para que o banco central se aproxime da meta de expansão do seu balanço em 50% para os 3 triliões de euros. Desde que no final de 2014 definiu essa meta, o balanço do BCE aumentou apenas 200 mil milhões de euros para os 2,2 mil milhões.

 

 
As opções em cima da mesa do BCE na reunião de dia 22
Os governadores do BCE deverão ter em cima da mesa três opções de compra de dívida pública, reportou esta semana o jornal holandês Het Financieele Dagblad. A elas juntam-se duas outras opções que podem funcionar em conjunto.
 

Compra de dívida pública pelo BCE de todos os países do euro
Uma primeira hipótese, já referida no final de 2014 por Vítor Constâncio, vice-presidente, passa pela compra de dívida repartida de acordo com a chave de capital de cada país no BCE (a qual é calculada a partir do peso da respectiva economia)

 

Compra de dívida pública pelo BCE só de países com "rating" máximo
Compra de dívida apenas com "ratings" máximos (Alemanha, Luxembrugo, Finlândia). Nesta estratégia, o objectivo seria fazer com que os juros destas obrigações caíssem, empurrando os investidores para dívida mais arriscada, pública e privada

 

Compra de dívida pública pelos bancos centrais nacionais de todos os países do euro
Compra de dívida de acordo com a chave de capital de cada país, mas garantir que esta fica registada nos balanços dos respectivos bancos centrais nacionais (à semelhança do que aconteceu com os empréstimos de emergência a bancos durante a crise). Desta forma o risco da compra da dívida ficaria com cada Estado-membro.

 

Compra directa de obrigações de empresas
Uma hipótese de alívio quantitativo seria o BCE comprar dívida pública emitida directamente por empresas. Desta forma baixar-lhes-ia directamente o custo de financiamento e injectaria dinheiro na economia. Seria uma forma mais agressiva dos programas de compra de dívida titularizada que já estão no terreno.

 

Intensificar programa de compra de obrigações titularizadas
O BCE já tem no terreno dois programas de compras de dívida titularizada (de empresas e sector público), mas até agora só comprou pouco mais de 31 mil milhões de euros de activos. Há margem para intensificar compras.

(notícia actualizada às 15h50 com mais informação)

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