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BPI vê com bons olhos nova estratégia da Portucel mas recomenda manutenção da aposta na pasta de papel
A unidade de investimento do BPI, apesar de assinalar o que parece ser uma mudança de estratégia da Portucel, com as apostas numa fábrica nos Estados Unidos e no segmento do papel doméstico, reconhece que a empresa de Pedro Queiroz Pereira deve manter a aposta no seu negócio “core” que é a pasta de papel. O BPI reitera um preço-alvo de 3,90 euros à Portucel e de 14,95 euros à Semapa.
A unidade de investimento do BPI publicou esta terça-feira uma análise à Portucel depois do anúncio feito segunda-feira da construção, nos Estados Unidos, de uma fábrica para a produção de "pellets" que pressupõe um investimento de 89 milhões de euros. O BPI nota que, segundo a Portucel, a empresa já negociou contractos de fornecimento a preços fixos e com uma duração de 10 anos, o que garante a venda de cerca de 70% da capacidade de produção da nova fábrica.
Os analistas do BPI relevam ainda que a Portucel referiu que a localização desta nova unidade de produção, em Greenwood County, beneficia das "condições de competitividade" daquela região relativamente à proximidade de matéria-prima e baixos custos energéticos.
A casa de investimento do BPI nota que a Portucel já tinha, anteriormente, demonstrado vontade de avançar com novos investimentos de forma a potenciar o crescimento fora da Europa. Ainda assim, realça que os investidores estarão atentos a esta nova estratégia, que além da nova fábrica nos Estados Unidos e da fábrica de Cacia, passa também pela produção de papel doméstico.
Nesse sentido, o banco de investimento refere que ainda faltam detalhes no que concerne à aposta nas "pellets", mas reconhece que o papel doméstico é um dos poucos segmentos da produção de papel com potencial de crescimento nos próximos anos.
Todavia, os economistas do BPI notam que prefeririam que a Portucel mantivesse o foco na pasta de papel, que além de ser o "core" do seu negócio, também vai continuar a beneficiar das importações, no longo prazo, da China.
Depois de notar que a participação do International Finance Corporation (IFC) no projecto de Moçambique já tinha sido apontada em diversas ocasiões, o BPI estima que as despesas de capital na fase inicial do projecto atinjam os 135 milhões de euros, devendo então 20% ser assumidos pela IFC, dado que o membro do grupo Banco Mundial assumiria uma parcela de 20% na Portucel Moçambique, permitindo assim dispersar o risco desta subsidiária da empresa portuguesa.
O banco de investimento do BPI encara com bons olhos este investimento, que beneficia da localização estratégica para o mercado da pasta de papel num país com grande capacidade de produção de eucaliptos. Posição geográfica que tem ainda a vantagem da proximidade face à China. No entanto, o BPI alerta que este é um investimento no longo prazo que não deverá ser incorporado na definição do preço-alvo da empresa durante o futuro próximo.
Por fim, o BPI realça que a Portucel contribui em 76% para o estabelecimento do valor patrimonial líquido que os economistas do BPI atribuem à Semapa.
Tendo em conta os argumentos atrás referidos, o BPI atribui uma recomendação "neutral" às acções da Portucel e um preço-alvo de 3,90 euros, o que tendo em conta a cotação actual de 2,84 euros lhes conferes um potencial de valorização de 37,32%.
Já em relação à Semapa, o BPI que já tinha referido que a entrada desta empresa no capital da PT Portugal "poderia trazer mais volatilidade" aos títulos da Semapa e da Portucel, nota que segundo a imprensa nacional tal possibilidade não deverá concretizar-se.
Assim, a casa de investimento do BPI atribui, à empresa detida pelo grupo Portucel, uma recomendação de "comprar" e um preço-alvo de 14,95 euros, representativos de um potencial de valorização de 56,73% face à cotação de 9,539 euros em que os títulos da Semapa estão a negociar esta terça-feira.
Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de "research" emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de "research" na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.