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Wall Street sofre queda mais violenta desde 2011

Foi uma sessão negra em Wall Street, com as acções a caírem de forma violenta perante os receios coma subida da inflação e o agravamento das taxas de juro nos Estados Unidos. O Dow Jones chegou a cair mais de 1.500 pontos.

05 de Fevereiro de 2018 às 21:12
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O Dow Jones fechou a cair 4,62% para 24.342,76 pontos, sendo que durante a sessão sofreu uma queda ainda mais violenta. O índice que agrupa 30 das cotadas mais relevantes de Wall Street chegou a afundar 6,26%, ou 1.597,08 pontos, naquela que foi a queda intra-diária em pontos mais forte de sempre. 

O Dow Jones fechou a cair mais de mil pontos e sofreu a queda percentual mais elevada desde Agosto de 2011. Ao mínimo da sessão de hoje corresponde uma queda de mais de 10% face ao máximo histórico fixado há algumas semanas.

 

O S&P 500 fechou a cair 4,1% para 2 649,01 pontos, o que representa a descida diária mais acentuada desde Agosto de 2011. O Nasdaq, que chegou a negociar em terreno positivo logo depois da abertura, fechou o dia a recuar 3,78% para 6.967,527 pontos. Só o índice tecnológico ainda está a acumular ganhos em 2018.

  

As perdas em Wall Street intensificaram-se nas últimas horas da sessão, já depois do fecho das praças europeias, que esta terça-feira deverão assim ser contagiadas por este agravar de sentimento negativo nas bolsas norte-americanas.

 

As perdas violentas deste arranque de semana ocorrem depois de uma sessão de sexta-feira que já foi negra para Wall Street. Os índices accionistas desceram mais de 2% na sessão anterior, culminando uma semana que foi a pior desde que Trump é presidente dos Estados Unidos.

 

Nas praças europeias o sentimento também é fortemente negativo, com o Stoxx 600 a desvalorizar hoje pela sexta sessão seguida, no período de quedas mais forte desde que em Junho de 2016 os britânicos optaram pela Brexit.   

Sessão caótica, mas não de pânico

O Financial Times descreve a sessão de hoje em Wall Street como de "trading caótico". Eram 15:00 em Nova Iorque quando o Dow Jones afundou mais de 800 pontos em apenas 15 minutos. Rapidamente recuperou, mas foi depois perdendo terreno até ao fecho da sessão, altura em que as quedas voltaram a acelerar.

Isto numa sessão em que não foram revelados indicadores económicos relevantes ou resultados de empresas com impacto significativo. "É um clássico movimento de fuga ao risco que pode não acabar tão cedo", afirmou Win Tim, da Brown Brothers Harriman, em declarações à Bloomberg.

As quedas diárias de hoje superaram as registadas na sequência do Brexit, da desvalorização surpresa da moeda chinesa e dos receios com a vitória de Trump nas eleições dos EUA. Só não foi maior do que a registada quando os Estados Unidos perderam o "rating" máximo por parte das agências de "rating".

Perante o "sell off" agressivo em Wall Street, a agência Bloomberg fez um inquérito rápido junto de cerca de 20 operadores de mercado, tendo constatado que apesar das quedas violentas, não houve momentos de pânico. 

Perante a ausência de notícias que justificassem uma queda tão agressiva nos índices, alguns operadores citaram os algoritmos e programas automáticos como os responsáveis por tão forte pressão vendedora.  

 

Alta da inflação faz soar os alarmes

 

Este sentimento que domina os mercados actualmente contrasta totalmente com o registado no início do ano, que foi marcado pelo optimismo com os efeitos de uma recuperação económica global e sincronizada.

 

Os índices em Wall Street continuaram a acumular máximos históricos nas primeiras semanas de 2018, mas agora já apagaram estes ganhos, devido aos receios com a subida da inflação e uma aceleração na subida de juros por parte da Reserva Federal.   

  

Esta expectativa de alta na inflação intensificou-se na sexta-feira, depois dos Estados Unidos terem revelado que os salários cresceram ao ritmo mais forte em oito anos, o que gerou um movimento de quedas fortes nas acções e obrigações em Wall Street.

 

Apesar de esta segunda-feira os juros das obrigações norte-americanas até estarem a recuar com força, o "sell off" nas acções acentuou-se. A "yield" das obrigações dos EUA a 10 anos caíram 12,2 pontos base para 2,71%, já longe do máximo de Janeiro de 2014 fixado hoje perto de 2,9%. Um movimento que mostra que os investidores se refugiaram na dívida soberana, bem como noutros activos mais tradicionais, como o ouro.  

 
Correcção ou "bear market"?

A questão está agora em saber se estamos perante uma correcção saudável (apesar de abrupta), ou o início de um ciclo mais prolongado de desvalorizações. "Penso que o sentimento era demasiado optimista", comentou à Bloomberg Brad McMillan, CIO da Commonwealth Financial Network. "O que conduziu o mercado em Janeiro? Não foram os fundamentais, por melhor que sejam, foi um excesso de confiança", considerou.

 

Este ajustar de expectativas acerca da subida da inflação está a levar o mercado a descontar agora mais agravamentos na taxa de juro dos Estados Unidos. O mercado de futuros já está a assumir pelo menos três subidas de juros da Fed, sendo a primeira de 2018 já em Março.  

 

"Quanto temos as taxas de juro a subir, tipicamente o que acontece é que as condições financeiras apertam, o crédito da banca e os empréstimos começam a abrandar e a economia fica mais exposta a um abrandamento" afirmou à Reuters Mona Mahajan, da Allianz Global Investors.

Apesar destes receios, as projecções mais recentes do FMI, divulgadas em Davos no final de Janeiro, apontam para que este ano a economia mundial vai crescer ao ritmo mais forte da década, apoiada na evolução positiva das principais economias, como Estados Unidos e Europa.

(notícia actualizada pela última vez às 21:45)

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