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Queda das acções é apenas um ajustamento?

Depois de quase um ano a bater consecutivos máximos históricos e com uma volatilidade muito abaixo do normal os mercados estão a sofrer um abanão. Mas será apenas uma breve pausa nos ganhos? Ou as acções vão ter quedas até 10%? Há quem veja o copo meio cheio e outros meio vazio.

Miguel Baltazar
05 de Fevereiro de 2018 às 15:23
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Erci Lonergan, trader da M&G, defendeu esta manhã em entrevista à CNBC que o sell-off é "uma pausa, para apanhar ar fresco". Apenas um "ruído" perante os enormes ganhos nos mercados accionistas mundiais no último ano.

As acções norte-americanos encerraram sexta-feira com a pior performance semanal dos últimos dois anos - a pior semana da presidência de Trump -, os índices japoneses registaram, no mesmo período, quedas superiores a 2%, uma pressão que afectou também as acções europeias que estão esta segunda-feira, 5 de Fevereiro, em maré vermelha.

O mercado accionista continua pressionado pela subida dos juros das obrigações soberanas nos EUA e pela perspectiva de subida mais acelerada nos juros da Fed, já que o banco central prevê um aumento da inflação. Mas este gestor de fundos desvaloriza. "Se olharmos para o movimento dos mercados no último ano isto é ruído, não é sequer um movimento muito significativo". "Este é um tipo de volatilidade que qualquer investidor deveria antecipar neste enquadramento".

 

Eric Lonergan defende ainda que o mercado se está a adaptar a um cenário de economia forte, bons resultados empresariais no meio de preocupações com a inflação.

 

Beat Wittmann, parceiro da Porta Advisors, também vê o copo meio cheio. E mesmo perante o cenário actual acredita que o Dow Jones vai atingir os 30 mil pontos este ano (a marca dos 26 mil pontos foi quebrada pela primeira vez na história no passado mês de Janeiro)."O que é necessário, é claro, é que a economia e os lucros das empresas continuem positivos. A nível global, note-se".

Já Sonja Laud, da Fidelity International, acredita que perante este sell-off mundial o mais importante é avaliar se existe uma mudança de tendência. "Eu acho que o grande ponto de interrogação será se este momento marca uma mudança de tendência: se a inflação superar realmente o objectivo dos bancos centrais, que impacto terá no ciclo económico?", questiona.

A trader diz que, por enquanto, a "correcção não está sequer em linha com a correcção média a que assistimos desde a década de 1980, que é superior a 10%", mas é preciso esperar para ver antes de ser afirmativo, defende Sonja Laud.

Uma queda de 10% é precisamente o que, por outro lado, a AMP Capital Investors Ltd espera. Em declarações à Bloomberg esta manhã, Shane Oliver, da AMP Capital, afirma que "é provável que a correção continue à medida que os investidores se ajustam à ideia de um maior endividamento por parte da Fed". O trader acredita que esta "retracção será apenas uma correção", "mas com uma queda de 10% ou mais, em vez de um severo bear market".

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