Notícia
Não há pânico em Wall Street apesar da forte queda das bolsas
A Bloomberg realizou um inquérito junto de traders em Wall Street e conclui que, apesar das quedas violentas sofridas na quarta-feira, não há razões para pânico.
Wall Street viveu, na quarta-feira, a pior sessão desde Fevereiro (o Dow Jones caiu mais de 3%) e o Nasdaq 100 (que agrupa as maiores tecnológicas norte-americanas) registou mesmo a queda mais forte desde 2011 (desceu mais de 4%).
Mas os operadores bolsistas não estão em pânico e não vêem razões para alarmismos, considerando que se trata de uma correcção saudável. É esta a conclusão de um inquérito rápido a 10 traders em Wall Street, que está também em linha com conclusões do Fundo Monetário Internacional, Reserva Federal e secretário de Estado do Tesouro dos EUA.
Estes operadores relataram à agência de notícias um ligeiro aumento na actividade de cobertura de risco, embora também se tenha notado uma tendência de compra de acções por parte de muitos investidores, sendo que as ordens de venda partiram sobretudo de investidores passivos e através de ordens automáticas.
"Penso que ninguém nesta altura está a sentir pânico", refere Larry Weiss, director de trading da Instinet LLC. "Tendo em conta os níveis a que estamos actualmente, muitas pessoas pensam que algo como isto, e mesmo quedas mais acentuadas, já devia ter acontecido".
No final de Setembro, o S&P500 acumulava uma valorização anual de 9% e o Nasdaq 100 estava a subir 19%. Após o sell-off de quarta-feira o saldo positivo de 2018 baixou para 4 e 10%, respectivamente. Esta quinta-feira as praças asiáticas também sofreram quedas acentuadas e as praças europeias descem mais de 1% para mínimos de 20 meses. Tendo em conta a evolução dos futuros, a abertura da sessão nos Estados Unidos deverá voltar a ser negativa.
Mas a convicção mais corrente entre os analistas é que esta á uma correcção saudável e não o principio do fim do "bull market" que impera nas bolsas há vários anos.
Weiss assinala que o sell-off no final da sessão de ontem em Wall Street intensificou-se após o fecho negativo das bolsas europeias. "Grande parte das oscilações do final de sessão são da responsabilidade dos investidores passivos. Os fundos de índices optam por fazer as transacções do final do dia, pelo que as variações antes do fecho são muitas vezes exacerbadas por estes movimentos", acrescentou.
Jonathan Golub, responsável do Credit Suisse para as acções norte-americanas, destaca a inexistência de novas notícias que justificam a queda das bolsas. "As pessoas pensaram 'caramba, o meu vizinho está a vender'. Hoje não há notícias. Para mim isso quer dizer que vamos recuperar. Não sei se vai demorar um dia ou uma semana. Mas estou comprador", afirmou.
"Não acredito que já tenhamos encontrado o pico no mercado de acções. Se este é o início de uma correcção, que seja, mas penso que o ‘bull market’ ainda tem gás no tanque", assinala Michael Antonelli, trader de acções da Robert W. Baird.