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A derrocada prossegue em Wall Street. S&P 500 perde 7% em seis dias

As bolsas norte-americanas encerraram em queda, depois de terem chegado a "flirtar" com números verdes. Um grupo de traders considera esta correcção normal, mas a tempestade perfeita das perdas na energia e nas tecnologias, da subida dos juros e das tensões comerciais não está a permitir que Wall Street regresse à tona.

11 de Outubro de 2018 às 21:07
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Here we go again. É assim que a CNN Business titula  a sua análise ao desempenho das bolsas norte-americanas esta quinta-feira. E com razão. Depois do 'dá cá mais cinco' de ontem do S&P 500, que teve um sabor amargo, esta sexta sessão em queda está a deixar os operadores mais alvoraçados - se bem que haja quem não esteja assustado. Pelo menos por enquanto.

O índice industrial Dow Jones fechou a cair 2,13% para 25.052,97 pontos. Se no início do ano parecia um relâmpago a galgar aos 1.000 pontos quase de uma só vez, agora parece ter enveredado pelo processo contrário. Depois de ontem ter caído 832 pontos, hoje chegou a mergulhar 699 pontos e no fecho cedia 545,77 pontos.

 

Por sua vez, o Standard & Poor’s 500 recuou 2,06% para 2.728,37 pontos. Esta foi a sexta sessão consecutiva em baixa do S&P 500, a mais longa série de descidas desde Novembro de 2016, quando Donald Trump foi eleito presidente dos EUA.

 

Já o tecnológico Nasdaq Composite cedeu 1,25% para 7.329,06 pontos, depois de ontem ter registado a pior sessão em sete anos ao afundar mais de 4%.

 

Ontem registaram-se as quedas mais acentuadas dos últimos oito meses nas bolsas do outro lado do Atlântico e hoje muitos operadores bolsistas disseram não ver razões para alarmismos: isto segundo um inquérito rápido a 10 traders em Wall Street, que está também em linha com conclusões do Fundo Monetário Internacional, Reserva Federal e secretário de Estado do Tesouro dos EUA.

 

Até o presidente norte-americano, Donald Trump, comentava ontem que esta era uma correcção já esperada.

 

No entanto, apesar de terem chegado a negociar em terreno positivo esta quinta-feira, os principais índices de Wall Street regressaram às quedas. E em força.

 

As tecnologias recuperaram algum fôlego depois do forte mergulho de ontem, mas acabaram por pender de novo para o lado negativo, penalizando assim o Nasdaq.

 

Mas foi o sector da energia que mais pressionou hoje a negociação bolsista nos Estados Unidos, à conta da queda dos preços do petróleo.

 

O "ouro negro" esteve a negociar em baixa, caindo para níveis de 24 de Setembro, penalizado pelos receios em torno da quebra da procura. As cotações já estavam a descer devido à expectativa de que o furacão Michael vai penalizar a procura por combustíveis, nos Estados Unidos, quando a OPEP cortou as estimativas para a procura por petróleo dos seus membros, em 2019, agravando ainda mais as descidas.

 

Também as cotadas dos seguros e os títulos ligados às fabricantes de produtos para o lar cederam terreno, ao passo que as empresas de media foram das poucas que negociaram em alta.

Nas tecnologias, que ao longo do último ano dispararam, o que mudou? Essencialmente nada, realça a CNN.

 

"A maioria destas empresas está prestes a reportar os seus resultados trimestrais, que deverão ser bastante robustos. E a maioria é de alguma forma imune ao crescer de tensões comerciais entre a China e os EUA, com a notável excepção da Apple", acrescenta aquela cadeia na sua edição online.

 

Mas há algo a que todas elas são vulneráveis: à subida dos juros da dívida de longo prazo e aos sinais de que a Reserva Federal norte-americana continuará a subir a taxa de juro directora ao longo de 2019 (esperando-se ainda uma quarta subida este ano, no mês de Dezembro).

 

Os juros da dívida soberana dos EUA têm vindo a subir fortemente, sobretudo no prazo a 10 anos (tendo atingido máximos de sete anos e meio). E as "yields" estão a subir devido aos bons dados económicos dos EUA que têm vindo a ser divulgados. Com efeito, os mais recentes indicadores continuam a evidenciar uma robustez da economia norte-americana, o que reforça a perspectiva de novos aumentos dos juros por parte da Reserva Federal – contribuindo este cenário para a subida das taxas de juro associadas aos títulos soberanos da maior economia mundial.

 

Esta subida dos juros acaba por ter repercussão no custo de financiamento das empresas – que, ao aumentar, tende a ter impacto negativo nos lucros das mesmas, o que também leva os investidores a terem menos apetite pelo mercado accionista em geral.

 

A valorização das "yields" da dívida norte-americana ocorre por via do menor investimento em obrigações, já que os investidores não sentem tanta necessidade de procurar este activo-refúgio pelo facto de não verem tantos riscos para a economia.


(notícia actualizada às 21:20)

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